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terça-feira, 11 de março de 2025
Do jornalista César Fonseca, um arguto observador do contexto nacional e internacional
SOBRETAXA AO AÇO:
TRUMPISMO PROTECIONISTA
GERA INFLAÇÃO NO BRASIL
CÉSAR FONSECA
O protecionismo trumpista é inflacionário não apenas para os Estados Unidos, mas também para o Brasil e demais países exportadores para os Estados Unidos.
A estratégia protecionista põe em marcha a dialética econômica do perde-perde.
Para Trump atingir o objetivo que almeja, de recuperar a industrialização americana de modo a fazer frente à concorrência chinesa, principalmente, terá que mudar a estratégia que os Estados Unidos adotaram até agora desde o pós-segunda guerra mundial: acumular déficit comercial para combater a inflação com superávit financeiro alcançado mediante moeda hegemônica.
Dessa forma, conquistaram o privilégio de trabalhar com juro baixo para financiar a indústria de guerra com dívida pública, estendendo a hegemonia americana ao mundo inteiro.
A desindustrialização e o crescimento da dívida pública contribuíram para reduzir a competitividade econômica americana, no processo de financeirização especulativa.
Agora, o jogo muda com Trump.
O protecionismo, além de produzir inflação, exige o oposto da realização de déficit para a necessidade de produzir superávit de modo a combater as pressões inflacionárias, como preço para alcançar a reindustrialização competitiva.
Os parceiros dos Estados Unidos que realizam superávits comerciais mediante exportações, que lhes proporcionam receitas cambiais para pagar os credores, que financiam o desenvolvimento dos países exportadores, ficam em saia justa.
Se não podem exportar, não podem, consequentemente, pagar suas dívidas contraídas com bancos.
São pressionados pelas novas circunstâncias desatadas pelo protecionismo trumpista a, também, desvalorizar suas moedas.
Se os Estados Unidos partem para a desvalorização, para serem mais competitivos, forçam os países exportadores a seguirem o mesmo caminho.
Instaura-se a lógica destrutiva da desvalorização contra desvalorização.
Quem não desvaloriza candidata-se a dar calote nos credores, enquanto, adicionalmente, importa inflação dos concorrentes que desvalorizam suas moedas para competir.
Como destaca Michael Hudson, economista e historiador marxista americano, a economia entra no circuito da destruição de capital.
MOMENTO DECISIVO
A partir desta quarta-feira, por exemplo, o Brasil passa a ter a exportação de aço e alumínio mais cara por pagar tarifa de importação adicional de 25% para entrar nos Estados Unidos.
O produto nacional, entrando mais caro nos Estados Unidos, gera lá inflação, mas viabiliza o aço americano que fica mais barato para favorecer a competitividade das siderúrgicas americanas.
Para fugir dessa perda de competitividade, a indústria extrativa brasileira tem que reduzir seu custo, desvalorizando, senão acumula estoque e enfrenta deflação e queda da taxa de lucro.
Desvalorização contra desvalorização passa a ser a lógica que o protecionismo trumpista coloca em prática, desatando guerra comercial, como arma de combate à inflação.
Toda a armação da política econômica brasileira, apoiada no tripé neoliberal – metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário –, desarticula-se, diante da pressão inflacionária exportada pelo protecionismo trumpista.
O governo Lula é forçado a sobreviver, flexibilizando metas inflacionárias, déficit fiscal e câmbio sob pressão, para evitar inflação e juros mais altos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse semana passada que a nova política de Trump produz confusão, terá que convocar, com urgência, o Conselho Monetário Nacional, para ter outra diretriz para o combate à inflação, determinada pelas novas circunstâncias internacionais geradas pelo governo Trump.
PISCICULTURA CARESTIA ALIMENTAR
UM GOVERNO SEM IMAGINAÇÃO FRENTE À CARESTIA ALIMENTAR
A carestia alimentar evoca minha experiência de doze anos na criação de peixes em tanques-redes. O princípio consiste em fazer a água passar pelo peixe e não o peixe, pela água. Protege a criação contra predadores e torna possível uma alimentação equilibrada a baixo custo: grosso modo, 50% ração + 50% plancton (fornecido pela natureza a custo zero). Preço de venda para o consumidor: cerca da metade do preço da carne bovina, disponível 12 meses por ano nas regiões tropicais e equatoriais do país.
A área total de reservatórios hidrelétricos no Brasil é uma das maiores do mundo (Ainda não consegui saber com precisão a sua extensão no google). Mas é certo que o lago artificial de Itaipu é o maior do mundo (1350 km2). Uma parte ÍNFIMA desses reservatórios é destinada à piscicultura. O investimento é o mais baixo dentre as opões de produção de proteína animal; manejo fácil, tecnolgia universal conhecida E o peixe mais explorado no mundo é a tilápia, em virtude de seu excelente desempenho nas diversas fases da produção, rusticidade e outras qualidades de destaque, além da carne de excelente sabor e filé sem espinha. É ESPANTOSO QUE O GOVERNO FEDERAL NÃO SE TENHA DADO CONTA DISSO, quando o assunto é autossuficiência alimentar. São águas públicas -federais quando se constituem como divisas entre Estados: isso quer dizer que são de acesso livre a todo interessado, sem custo. De tão abundante é a riqueza brasileira, que não a enxergamos. Nivaldo Manzano
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