Artigos, ensaios, pesquisas de interesse geral - política, cultura, sociedade, economia, filosofia, epistemologia - que merecem registro
segunda-feira, 14 de abril de 2025
POR QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFIAL É INCAPAZ DE EXPLICAR A VIDA, A EXISTÊNCIA E O SUJEITO ?
Para ruminar. POR QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL É INCAPAZ DE EXPLICAR A VIDA, A EXISTÊNCIA E O SUJEITO? A IA, assim como toda tecnologia e toda investigação científica ocidental, apreende somente OBJETOS, concretos ou abstratos (conceitos); e a vida, a existência e o sujeito não cabem em conceitos. Fazê-lo exigiria que essas noções pudessem ser definidas; e as definições, os conceitos, os objetos delimitam-se uns aos outros, como manda a lógica formal, com o seu principio de identidade e de não contradição, princípio em que se apoia também a matemática. Se fossem idênticos, não seriam reconhecidos: são percebidos, conhecidos e explicados por suas diferenças. Ocorre que a vida, a existência e o sujeito não são passíveis de delimitações: diferentes em relação a que, senão em relação à sua própria contraposição lógica, como entes de razão (não-objetos reais), uma abstração criada pelo intelecto? São, pois, noções IRREDUTÍVEIS. Aí falece toda tentativa de operação computacional, linear, por definição, inerme frente a um problema complexo (REAL E NÃO LÓGICO, embora não seja ilógico), ainda que se intente chamar a isso de complexidade, como o faz equivocadamente Norbert Wiener, um dos criadores da cibernética. Aí é que embatuca a pretensão insubsistente da AI de se achar capaz de tudo, à moda de um Ícaro, que confia em chegar aos céus com as suas de cera. Na verdade, a AI é incapaz de se apreender a si mesma - uma pirueta, ou um salto de duplo carpado de que somente a consciência é capaz. Isso equivale a dizer que a consciência, como manifestação da vida, a existência e o sujeito são noções AUTORREFERENTES, capazes, portanto, de compreender o mundo dentro de si, como objetos idealizados, sem serem compreendidos nele como um objeto dentre outros. A empreitada da razão soberana do ILUMINISMO, ideologia da modernidade ocidental, que se circunscreve a si mesma normativamente nos limites estreitos e excludentes da lógica e da matemática, como critérios da cientificidade, jamais chegará lá enquanto insistir no encalço de apreender o seu OBJETO. Os objetos assumem-se como integrantes de uma CLASSE de objetos, assim como ocorre na teoria dos conjuntos, deles excluídos a vida, a existência e o sujeito, por serem insusceptíveis de integrarem algum conjunto. Sem ser metafísico, o sujeito - eu e você -, transcende os objetos, como suporte de suas definições, por ser o sujeito que os define. Nivaldo Manzano
ATÉ QUANDO SE VAI IGNORAR A VISÃO DE MUNDO ORIENTAL?
ATÉ QUANDO SE VAI IGNORAR A VISÃO DE MUNDO ORIENTAL?
Não consta dentre os vários ensaios que li sobre a noção de cor a diferença entre o modo de percebê-las entre os chineses e os ocidentais. Na verdade, parece mais regra que exceção desconsiderar-se as culturas orientais, como se o umbigo do mundo fosse a Europa, com o seu Iluminismo, que deveria chamar-se mais propriamente EUROCENTRISMO. Uma das características da presunção e arrogância do Eurocentrismo é IGNORAR o caráter CULTURAL dos povos e etnias, em que pesem os estudos de antropólogos (século XIX). Assim procedeu, por exemplo, o filósofo Immanuel Kant, ainda hoje um dos mais acessados no google (260 milhões de acessos em 20223, quando de minha consulta), Kant se desincumbiu do desafio, ao limitar o seu discurso à "espécie humana" (uma abstração), sem considerar as diferenças históricas, concretas, entre local e tempo em que ela ocorre.
A simbologia das cores muda de cultura para cultura. Assim, por exemplo, para os chineses o branco simboliza o luto, enquanto para os ocidentais simboliza a paz, sendo que em ambos os casos o aparelho visual é o mesmo, assim como os seus respectivos comprimentos de onda. E isso também vale para a cor vermelha e demais cores.
Taí uma evidência de que a percepção humana varia de contexto para contexto. A noção de contexto é metodologicamente ignorada pelo paradigma dominante da ciência ocidental, que admite como prova de certeza e de verdade somente os universais, que são conceitos abstratos e, pour cause, destituídos de contexto. De modo que a ciência ocidental, como praticada ainda hoje na Academia, é incapaz de apreender a SINGULARIDADE da pessoa, expressa no epíteto cunhado pelo filósofo espanhol Ortega Y Gasset "El hombre y su circunstancia" https://www.scielo.br/j/pusp/a/gx7FwGyypjNMn5hbyZh8Hgh/?format=pdf
SUBJETIVIDADE
Michel Villey e a subjetividade jurídica
JP Magalhães - 2020
Citar Artigos relacionados Todas as 2 versões
A noção de" e; conversão a si" e;: uma leitura da abordagem de Michel Foucault a respeito da relação subjetividade e verdade na filosofia antiga
Agamben : cidadania e singularidade
Nenhuma singularidade pode formar uma societas porque não tem identidade que possa afirmar, nem vínculo de pertencimento que possa reconhecer. Em última análise, de facto, o Estado pode reconhecer qualquer reivindicação de identidade […]. Mas que as singularidades constituam uma comunidade sem reivindicar uma identidade, que os homens copertençam sem uma condição representável de pertencimento (mesmo na forma de um simples pressuposto) constitui o que o Estado não pode em caso algum tolerar […]. Para ele, o que importa nunca é a singularidade como tal, mas apenas sua inclusão em alguma identidade.
Assinar:
Postagens (Atom)