Artigos, ensaios, pesquisas de interesse geral - política, cultura, sociedade, economia, filosofia, epistemologia - que merecem registro
terça-feira, 18 de junho de 2024
Individualismo conceito
https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/RevJur/article/view/24817
O presente artigo pretende trazer ao conhecimento uma das ideias mais criticadas e incompreendidas pela generalidade da ciência jurídica e política "“ o individualismo. São várias as perspetivas através das quais é possível estudar o individualismo, desde as suas implicações morais e sociais até Ã s políticas e económicas, mas são estás duas últimas vertentes que o texto irá abordar. O objetivo do mesmo é dotar a atual doutrina de uma perspetiva dogmática acerca do tema e que permita a construção de um Estado pós-moderno centrado no princípio da liberdade individual dos indivíduos que a compõem.
Aristóteles e a metafísica do dinheiro
Aristóteles e a metafísica do dinheiro
Aristóteles e a metafísica do dinheiro Jadir Antunes: professor do Colegiado do Curso de Filosofia da Unioeste. Trabalho apresentado como requisito parcial para ascensão profissional ao cargo de Professor Associado A – Unioeste PR. Banca examinadora: Prof. Dr. Mauro Castelo Branco de Moura – UFBA; Prof. Dr. Gilmar Henrique da Conceição – Unioeste e Prof. Dr. Rosalvo Schutz – Unioeste. Toledo, 26 de julho de 2013 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1. OS ANTECEDENTES ARISTOTÉLICOS DO DINHEIRO 2. ARISTÓTELES E O PROBLEMA DA JUSTIÇA 2.1 Definição geral de justiça 2.2 A justiça distributiva 2.3 A matematização da justiça distributiva 2.4 A justiça corretiva 2.5 A matematização da justiça corretiva 3. ARISTÓTELES E O DINHEIRO COMO MEIO DE TROCA 3.1 Os princípios gerais da troca 3.2 A proporcionalidade geométrica 3.3 A comensurabilidade dos bens pela chreia e o nomisma 4. A GÊNESE DO DINHEIRO: CHREIA VERSUS NOMOS 4.1 A relação entre chreia e nomisma 4.2 O modelo econômico da chreia 4.3 A natureza da solução aristotélica 4.4 O problema em torno da solução aristotélica 4.5 Representação versus substituição da chreia pelo nomisma 5. ARISTOTELES E O DINHEIRO COMO CAPITAL 5.1 O dinheiro como finalidade das trocas 5.2 A relação do dinheiro com a Política 5.3 A relação do dinheiro com a Metafísica 5.4 A relação do dinheiro com a Física 5.5 A relação do dinheiro com a escravidão do lar 6. MARX E O DINHEIRO 6.1 A crítica de Marx a Aristóteles 6.2 Marx e a physis-trabalho 6.3 O trabalho e as comunidades rurais do Mundo Antigo 6.4 O ouro-dinheiro como criação da physis-trabalho CONCLUSÃO INTRODUÇÃO O dinheiro tem sido o mais universal de todos os entes. Ele está em todos os lugares e em todos os tempos. Estudar o dinheiro, por isso, não é estudar qualquer ente, é estudar um ente absolutamente presente e determinante em nossas vidas. Nosso trabalho pretende, em primeiro lugar, analisar o problema da justiça nas trocas segundo a concepção aristotélica exposta na obra Ética a Nicômaco – capítulo V, e, especialmente, a relação entre χρεία e νόμισμα (chreia e nomisma = necessidade e dinheiro). Em segundo lugar, pretendemos analisar a Política (Livro I), onde Aristóteles analisa, e condena, o emprego do dinheiro como capital e finalidade das trocas. Após isso, veremos como a análise e a crítica do dinheiro realizadas na Ética e na Política se articulam com alguns aspectos da Metafísica, da Física, e da Política aristotélicas. Em terceiro lugar, analisaremos a crítica de Marx à concepção aristotélica do dinheiro em O Capital. Para esse trabalho, nos apoiaremos na tradução francesa da Ética a Nicômaco realizada por Jules Tricot (Editora Vrin) e pela edição bilíngue (grego-inglês) da Ética e da Política realizada por Harris Rackham (Loeb Classicals). Começaremos analisando a definição geral de justiça em Aristóteles, assim como as formas distributiva e corretiva de justiça e suas correspondentes expressões matemáticas. Em seguida, analisaremos os princípios gerais da troca justa, sua correspondente fórmula matemática e sua diferença com as justiças anteriores. O problema central a ser analisado inicialmente em nosso artigo será o da igualdade e comensurabilidade dos bens cambiados na troca e a relação entre chreia e nomisma - necessidade e dinheiro. Analisaremos em que medida o dinheiro pode ser entendido como representante ou substituto das necessidades humanas no papel de mensurador dos preços ou valor das mercadorias. Analisaremos, ainda, em que sentido o dinheiro é empregado por Aristóteles como padrão de medida de comparação entre as diferentes mercadorias trocadas. Por fim, analisaremos em que medida Aristóteles teria fracassado, ou não, em seu esforço de encontrar no dinheiro um padrão de medida (teórico e prático) para o valor ou preço das mercadorias. Em seguida à análise da Ética a Nicômaco, analisaremos as razões da crítica aristotélica ao emprego do dinheiro como capital. Como pretendemos mostrar, o gênio lógico de Aristóteles foi o primeiro a compreender a gênese, ou arché, das trocas e do dinheiro. Porém, este mesmo gênio, por seus próprios defeitos, foi incapaz de aceitar e compreender o dinheiro como algo mais do que dinheiro e meio de troca, de aceitar e compreender o emprego do dinheiro como capital e finalidade das trocas. Por fim, veremos a crítica de Marx à concepção nominalista do dinheiro defendida originalmente por Aristóteles e continuada pelos economistas. Segundo nossa concepção, a recusa de Aristóteles em aceitar o emprego do dinheiro como capital apoia-se sobre um conjunto de questões que vão desde sua concepção de filosofia como metafísica, até sua visão teleológica da natureza e da vida humana em comunidade. Esta recusa se explica, ainda, pela sua crítica à democracia ateniense do século IV a.C, pela sua nostálgica defesa das instituições econômicas do período pré-clássico, como a escravidão doméstica e a autossuficiência da cidade, e pela sua romântica e radical defesa do modo de vida humano como um bem viver. 1 OS ANTECEDENTES ARISTOTÉLICOS DO DINHEIRO É largamente aceita a ideia de que Aristóteles tenha sido o grande pioneiro na análise e definição do que seja o dinheiro. Podemos dizer, seguramente, como veremos, que Aristóteles não apenas inaugurou a análise teórica do dinheiro, mas a determinou absolutamente. Segundo Aristóteles, o dinheiro é uma medida de proporção entre duas mercadorias distintas. A gênese desta medida, segundo ele, está fora das mercadorias mensuradas, está naquilo que os gregos chamam de nomos, nos costumes e leis humanas. O dinheiro, por isso, chama-se nomisma, explica Aristóteles. O dinheiro e a riqueza entre os gregos, contudo, já eram objetos de reflexão antes ainda de Aristóteles, tanto entre mitógrafos, dramaturgos e comediógrafos quanto entre filósofos. Porém, esta reflexão era sempre de ordem moral, visando encontrar uma vida justa, ordenada e boa para os homens, uma vida longe das paixões devastadoras e dos desejos ilimitados do corpo. Para a tradição grega, uma vida sábia era uma vida orientada para afastar a hybris das paixões – a violência e a desmedida dos desejos – e a buscar o bem viver e a diké – a justiça emanada dos deuses. Uma vida sábia, assim, era uma vida afastada dos excessos, especialmente dos excessos em relação à aquisição da riqueza e do dinheiro. Entre os mitógrafos, a condenação à desmedida dos desejos humanos por riqueza e dinheiro foi encantadoramente registrada, por exemplo, em mitos como o de Midas, que por falta de sabedoria e prudência desejou possuir a capacidade de transformar em ouro tudo o que tocasse com suas mãos. Ao transformar tudo o que tocava em ouro, o imprudente Midas vivia o paradoxo absurdo de possuir todas as riquezas do mundo sem, contudo, poder desfrutar de nenhum de seus prazeres. Mais tarde, Apolo punirá a estupidez de Midas transformando suas orelhas em orelhas de burro. Em Homero, por exemplo, e mesmo entre os tragediógrafos, a paixão amorosa e incontrolável de Páris por Helena, paixão despertada pelas Erínias, as deusas da fúria e da discórdia, resultara, ao final da Ilíada, em saque, violência, assassinato e tragédia. Nesta epopeia, Agamenon, enlouquecido pelo desejo de saquear Troia e enriquecer com o saque, sacrifica a própria filha Ifigênia, matando-a com suas próprias mãos, esperando com este crime, receber bons ventos para sua frota naval e realizar todos os seus desejos e glorias insanas. Estes desejos incontroláveis se realizam e se encerram com mais e mais tragédias e desastres pessoais e familiares. Em sua volta para casa, a morte de Ifigênia é vingada pela mãe, Clitemnestra, que assassina Agamenon em nome da justiça familiar. Clitemnestra, por sua vez, é morta pelo próprio filho Orestes, que a mata para vingar o pai. Ao final, Orestes é morto pelas Erínias, encerrando, assim, o ciclo de sangue e mortes familiares. Os trágicos como Ésquilo, Sófocles e Eurípedes continuam e atualizam em suas tragédias, o terror poético suscitado pela violência das paixões humanas em todas as suas formas já narrado por Homero e Hesíodo. O apego apaixonado, irracional e desmedido de Medeia por seu marido que a traíra, do mesmo modo que ocorre com Agamenon e sua família, se converte em ódio, desejo de vingança e assassinato dos próprios filhos pelas suas próprias mãos. O apego exagerado e desmedido de Medeia pelo marido infiel, esta hybris amorosa e feminina, este aprisionamento da alma feminina pela desmedida de seus ciúmes e rancores insanos, é comparável à paixão irracional e descomedida dos homens de negócios pelo dinheiro, que a todos traem, sejam amigos queridos ou parentes próximos, e contra todos conspiram dia após dia sem cessar. O comediógrafo Aristófanes retratou magistralmente os paradoxos da riqueza em sua comédia Pluto: um deus chamado dinheiro. Por ser cego, Pluto distribuía os dons da riqueza a todos os homens indistintamente e não apenas aos bons e justos. Assim, segundo a comédia, para ser rico não seria necessário ser bom e justo. Ao se tornarem ricos, porém, até mesmo os homens bons e justos passavam a ser dominados pela violência e pela hybris das paixões. Desta forma, o dinheiro tinha o demoníaco poder de transformar o justo em injusto, o bom em mau e o honesto em desonesto, corrompendo, assim, todos os costumes virtuosos da cidade. Esta mesma condenação moral da hybris das paixões humanas, iniciada pelos poetas e aperfeiçoada pelos dramaturgos e comediógrafos da cidade, prossegue com os filósofos. Tales de Mileto, o primeiro filósofo e um dos sete grandes sábios da cultura antiga, dizia que seu saber científico era um saber pelo saber e que, por isso, não seria útil para os amantes do ganho e da riqueza. Pitágoras era largamente conhecido por ter fundado uma seita baseada na abstinência dos prazeres e na doação de todas as propriedades e riquezas de seus membros individuais em prol da comunidade religiosa por ele fundada. Heráclito de Éfeso era enfático ao declarar que o verdadeiro modo de vida do homem era aquele orientado segundo o logos e a koinonia – a razão e a vida em comum. O materialista Demócrito de Abdera considerava que aquele que fosse totalmente submisso ao dinheiro jamais poderia ser justo. Sócrates era terminantemente inimigo dos amantes do dinheiro e da riqueza. Segundo ele, seria o desprezo dos homens comuns pelo verdadeiro saber e sua adoração insana pelo dinheiro e a riqueza que corrompiam as virtudes morais da cidade. Os estoicos e epicuristas também eram conhecidos por sua condenação ao modo de vida urbano de sua época, ao modo de vida trazido pelos contatos comerciais da Hélade com o Mediterrâneo, e pela adoção de um modo de vida baseado em hábitos simples, modestos e em harmonia com a ordem emanada da natureza. Aristóteles, do mesmo modo que seus compatriotas, partilhava desta condenação moral do dinheiro como finalidade da vida humana. Contudo, Aristóteles foi o único dentre todos que analisou meticulosamente, analisou no sentido técnico do termo, e procurou responder teoricamente “o que é o dinheiro”, e “qual a gênese e finalidade do dinheiro”. Por isso, como veremos, sua inigualável importância filosófica para o estudo científico do dinheiro. 2. ARISTÓTELES E O DINHEIRO COMO MEIO DE TROCA 2. 1 Definição geral de justiça Aristóteles parte, em sua Ética a Nicômaco – Livro V, de uma definição geral de justiça para em seguida analisar a justiça em suas formas particulares. A justiça, para Aristóteles, ocupa-se exclusivamente, ou especialmente, com o estudo prático dos homens em sua relação com a riqueza ou bens exteriores. Tendo a repartição da riqueza como seu objeto, a justiça se define, então, como a ação humana que visa a igualdade e a equidade dentro de uma determinada comunidade de interesses. Justiça, em sua definição geral, é uma espécie de disposição do caráter que torna os homens capazes de realizar ações justas, que os faz agir justamente e desejar as coisas justas. O homem justo, por isso, é aquele que obedece a lei, pois a lei é a expressão jurídica da vontade e do bem geral da comunidade. O homem justo é aquele que toma para si apenas o que lhe é próprio, não se apropriando, por isso, de nenhuma parcela da riqueza comum ou privada além daquela que lhe pertence por direito. O homem justo é aquele que respeita a igualdade, pois o justo é uma espécie de igualdade. A igualdade, segundo Aristóteles, é um meio termo entre mais e menos, perdas e ganhos, danos e lucros e vantagens e desvantagens. Respeitar a igualdade significa, por isso, em caso de divisão dos lucros, não visar a si próprio nenhuma parcela de riqueza, comum ou particular, acima daquela que lhe é devida por direito e, no caso de divisão dos prejuízos, não desejar a si próprio uma parcela menor daquela que lhe é devida na associação. Por ser um meio termo entre perdas e ganhos, a igualdade, por isso, envolve sempre dois termos extremos: o mais e o menos. O homem justo, por visar a igualdade, visa sempre o bem do outro antes de visar o seu próprio bem. Por esse motivo, a justiça é vista como um bem alheio, pois ser justo é ser bom e honesto em vista do bem dos outros membros da comunidade. A justiça, por isso, não é um direito mas uma virtude e uma prática moral humanas. Como diz Aristóteles, o homem justo possui a virtude completa e perfeita, a virtude das virtudes, porque quem estiver de posse desta virtude é capaz de usá-la em vista dos outros e não em vista de si próprio (EN 1129b30). Como a justiça em sua forma geral não existe na realidade, segundo Aristóteles, torna-se necessário, então, entendê-la dentro de determinados contextos reais. Aristóteles analisa, por isso, três esferas particulares da justiça dentro das quais ela pode ser compreendida: a justiça distributiva, a justiça corretiva e a justiça nas trocas. 2.2 A justiça distributiva A justiça distributiva tem sua esfera de ação na repartição dos bens comuns da comunidade entre seus membros individuais. Este é o caso da repartição dos bens da comunidade adquiridos através de um empreendimento comum de seus membros – como os saques provenientes da guerra. A justiça distributiva tem como princípio, portanto, quatro termos: duas porções de riqueza distintas – para as quais a igualdade é uma mediania entre mais e menos – e duas pessoas desiguais. É importante observar que no caso da justiça distributiva essa desigualdade natural ou de mérito entre as pessoas não precisará ser equalizada, como veremos no caso da justiça nas trocas. A justiça distributiva distribuirá porções de bens iguais para os iguais e porções desiguais para os desiguais. Do ponto de vista desta espécie de justiça, seria inteiramente injusto distribuir porções iguais de riqueza para pessoas naturalmente desiguais, ou, ao contrário, porções desiguais para pessoas naturalmente iguais. Segundo a aguda observação de Aristóteles (EN 1131a20), era desta assimetria na distribuição dos bens comuns que surgia a maior parte das lutas políticas no interior da cidade. Por conta desta desigualdade de mérito e da circunstância de que há quatro termos extremos envolvidos na distribuição, a justiça distributiva pode ser expressa cientificamente sob a forma de uma proporção geométrica. 2.3 A matematização da justiça distributiva Para explicar cientificamente a natureza da justiça distributiva, Aristóteles faz uso da análise geométrica das relações humanas. Como temos visto, a distribuição dos bem comuns é realizada segundo uma regra de proporcionalidade. Duas coisas são proporcionalmente iguais se entre elas houver uma razão comum. Esta razão comum é comum a duas frações individuais. Por exemplo: dizemos que 12 está para 6 assim como 6 está para 3 (12:6 :: 6:3) porque ambas têm em comum a mesma razão (ratio = logos) 2. As proporções podem ser de dois tipos: descontínuas e contínuas. Suponhamos a seguinte proporção: A:B :: C:D (A está para B assim como C está para D). Esta é uma forma de proporção descontínua porque nenhum dos termos intermediários B e C é repetido dentro da proporção. Nesta forma de proporção aparecem claramente quatro termos distintos e irredutíveis entre si – especialmente os termos médios. Numa proporção contínua, ao contrário, os termos médios podem ser equiparados entre si e, assim, ser reduzidos um ao outro. É o caso de uma proporção tal como a proporção A:B :: B:D. Neste caso, temos uma proporção contínua porque o termo B é repetido duas vezes na equação (na verdade o terceiro termo C é substituído pelo termo médio anterior B), que continua a
Neoliberalismo e individualismo Marx bbb
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643138
https://periodicos.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/1877/1541
Crematística troca bbbb
Crematística troca bbbb
chrome-
A Ontologia da Troca: Economia e Crematística Conceição Soares (Católica Porto Business School, Universidade Católica Portuguesa)
Resumo O objectivo deste capítulo é, partindo da filosofia de Aristóteles, fazer a distinção entre dois modos diferentes de adquirir riqueza. Uma que é integrada na gestão da casa e tem os seus limites nas necessidades decorrentes da manutenção do modo de vida do agregado familiar, e outra que é adquirida mediante o esforço para acumular cada vez mais riqueza, sem limite. Aristóteles chama à gestão doméstica economia e à acumulação de riqueza nesse âmbito, crematística natural; designando a acumulação de riqueza pela acumulação crematística antinatural. Aquilo que separa cada uma delas é a questão da medida e da desmedida. A reflexão de Aristóteles sobre esta matéria leva-nos a pensar o fim, o limite, a medida, contra a desmedida. Estes dois modos de adquirir riqueza ocorrem no seio da interação social da troca. Porém, duas questões se colocam: 1) se os dois modos de adquirir riqueza acontecem mediante esta interação de que modo a afectam?; e 2: de que modo é que o funcionamento da nossa vida social é afectado por esta medida ou desmedida nestes dois modos de adquirir riqueza? Ao longo deste capítulo indicamos alguns caminhos no sentido da resposta a estas questões. Palavras-chave: Aristóteles, crematística, ontologia, troca. Introdução É com Aristóteles que se inicia, pela primeira vez, no Ocidente, uma reflexão sobre a economia e a crematística.1 Esta reflexão não é de natureza moral, mas de natureza social, uma vez que se encontra no âmbito da ontologia da troca e do fim último da vida humana em sociedade. Essa troca de bens pode fazer-se por duas vias: 1) para provimento das necessidades da vida doméstica, a economia, que gera uma crematística natural; ou 2) para acumulação constante de riqueza, a crematística antinatural. Quando o dinheiro surge como mediador da troca, instaura-se uma ambivalência que consiste no duplo sentido que o dinheiro adquire. Por um lado, é um meio para se viver bem, proporcionando o acesso necessário aos meios da vida e, por 1 Crematística é a palavra grega para aquisição de riqueza ou propriedade. 68 outro, é um fim abstracto, cuja posse fornece o potencial abstracto da aquisição de coisas utéis, valiosas e cuja acumulação infinita se transforma, consequentemente, na sua força motriz promovendo aquilo a que nós hoje chamamos o aumento contínuo do dinheiro como capital. O contraste entre a crematística natural (economia) e a crematística antinatural consiste no facto de, na economia, a riqueza adquirir-se de acordo com a natureza e as necessidades, em que o fim último é a vida boa, e o limite da aquisição reside no bom funcionamento da vida social. Por seu turno, na crematística antinatural a acumulação da riqueza é ilimitada e por isso mesmo perturbadora da vida social, porque desvinculada do seu fim último. No livro V do capítulo 5 da Ética a Nicómaco, Aristóteles (2011) trata a questão da reciprocidade em relação à justiça e faz aí uma reflexão sobre a vida social na pólis. Essa vida na pólis é baseada na divisão do trabalho e no intercâmbio dos produtos do trabalho para a satisfação das necessidades e provisão das conveniências da vida, como componentes essenciais do viver bem e cujo objectivo último consiste no viver juntos em comunidade. A pólis é vista como uma sociedade ou uma comunidade organizada em que a justiça se realiza com base na proporcionalidade ou reciprocidade proporcional. Neste sentido, a obtenção da riqueza encontra-se vinculada a este fim último que é a vida boa e que se atinge através deste garante que é a justiça, ou esta reciprocidade proporcional. Há, neste caso, uma estreita ligação entre a prática da troca, do intercâmbio e a constituição da comunidade social. Nessa medida, o dinheiro surge para resolver um problema prático que é o da comparabilidade dos produtos na troca. Aristóteles apresenta o exemplo dos serviços de um médico, que podem ser trocados pelos de um agricultor. O dinheiro surge assim como a solução prática, na vida social, como meio de comparabilidade e nesse sentido, como base para a justiça e a proporcionalidade, como representação abstracta e universal do valor de uso. Para que a troca seja justa tem de haver uma igualdade proporcional como garante da justiça comutativa (Eldred, 2011).2 Há, para Aristóteles, uma ligação estreita entre a justiça e a aritmética como garantia da equidade da vida social e da vida boa. O dinheiro pode servir a causa da justiça quando vinculado ao seu fim último dentro dos limites desta justiça proporcional. Vemos, deste modo, que a interação económica é a constituição elementar da vida em sociedade e uma parte constitutiva do movimento da própria vida social. Contudo, na economia capitalista, a interação na vida quotidiana e o exercício da liberdade tornam-se muito mais intricados e difíceis. O dinheiro como capital é um 2 Não há justiça distributiva, sem justiça comutativa. Assim como não há justiça que não seja social. 69 poder social reificado3 que pode ser caracterizado por um dinheiro permanentemente acumulado e que retorna na forma de rendimento a partir de várias fontes: transações, receita de vendas, salários e lucro. Todas as transações são poderes sociais entre os indivíduos e agentes coletivos que lutam para receber ganhos de todo o tipo. Indivíduos e grupos competem nos diversos tipos de mercados de acordo com as formas de valor dentro dos quais se movem (Eldred, 2011, pp. 11-12). Esta estrutura socio-ontológica é a característica principal daquilo a que M. Eldred denomina o “jogo lucrativo”4 (2011) que vem dos poderes dos indivíduos livres que se esforçam para ganhar sempre mais a fim de manterem as suas vidas e atingir os seus objectivos. Nesse sentido, podemos dizer que numa sociedade capitalista as pessoas e as empresas lutam sempre para ter mais. Como M. Eldred refere, a estrutura socio-ontológica e o movimento do “jogo lucrativo” dentro dessa estrutura não é um “modelo” construído a partir da realidade, nem é um estado imaginado a partir de um estado natural, nem é uma situação hipotética para escolher “princípios da justiça” por acordo. É, de facto, uma estrutura de pensamento abstrata, com plena validade alcançada pelo pensamento através de certos elementos bem conhecidos abstraídos da vida quotidiana movendo-se dialecticamente (Eldred, 2011, p. 13). A partir daqui, todos os seres aparecem refratados mediante o prisma dos valores reificados. Esta reificação que vem deste “jogo lucrativo” cria enormes irregularidades e é aquilo a que chamamos crematística antinatural, que difere em muito dos objectivos daquilo que poderia ser a economia. Este capítulo está estruturado do seguinte modo: na primeira parte, analisaremos a estrutura ontológica da troca como matriz da nossa vida social, fundada na interação, no reconhecimento e na estima. É neste âmbito que a reflexão sobre a riqueza e os diferentes modos de a obter se inserem. Assim, a obtenção da riqueza está intimamente ligada ao metabolismo da nossa vida social. Na segunda parte, irei explicitar e desenvolver a diferença entre economia e crematística. Esta diferença é crucial para que possamos perceber se construimos sociedades mais humanas e equilibradas ou se, pelo contrário, construimos sociedades mais assimétricas e violentas. A economia parece ter-se afastado do seu fim último e, de forma totalitária, para empregar uma expressão do filósofo Levinas, tornou-se uma fonte de utilidade total.5 3Reificação é uma palavra de origem latina que significa objectivação ou coisificação. A realidade é vista como coisa e as relações sociais tornam-se impessoais, coisificadas. Veja-se Marx (1996) e também Lukács (1971). 4A expressão que o autor utiliza é gainful game, a qual traduzi por “jogo lucrativo”. 5 Veja-se Levinas (1990 e 1991). 70 1. A estrutura ontológica da troca Na tradição filosófica ocidental, os seres humanos eram considerados a partir de uma ontologia da produção.6 No entanto, a estrutura ontológica da produção é muito diferente da estrutura ontológica da troca, na qual qualquer tipo de consideração sobre a riqueza e o dinheiro se insere. A estrutura ontológica da produção implica um knowhow técnico produtivo (techné) ou um poder7, no sentido daquilo a que hoje chamamos competência, habilidade para produzir uma mudança nas coisas. Assim, aquilo que uma coisa é, é considerada na terceira pessoa do singular e, quando há mudança, essa mudança é produzida por uma pessoa numa coisa passiva, um pedaço de madeira, barro, ferro etc. A coisa produzida é dominada e muda de forma pela vontade e pelo desejo da pessoa que produz a mudança e de acordo com a sua visão ou ideia. Contudo, não podemos falar em reciprocidade na nossa relação com as coisas. Podemos ter um comportamento determinado em relação a uma coisa, mas uma coisa não se pode comportar em relação a nós. A estrutura ontológica da troca não é regida por um know-how mas é, de facto, uma ação social, motivada pelo desejo da vontade de dois seres humanos livres em que a mudança ocorre neles próprios. O saber produtivo é guiado pela capacidade de ver antecipadamente o que pode ser produzido e, por isso, agregado numa visão definitiva. Como nos diz Michael Eldred, “Este know-how é um poder ou potencial que reside na consciência humana que consiste em prever e projectar, e neste sentido pré-fabricar, o produto final para ser trazido perante nós, sabendo previamente que etapas transformativas são exigidas para alcançar esse fim” (Eldred, 2008, p. 25). Na ontologia da troca nunca sabemos antecipadamente o resultado final, porque é uma relação baseada na vontade de duas ou mais pessoas. Além disso, para a troca ter lugar, deve haver reciprocidade entre as pessoas envolvidas nela. A troca não é redutível a um único princípio. No concreto da nossa vida relacional de interação e troca, pressupõe-se sempre mais do que uma pessoa. Nesse sentido, podemos dizer que a ontologia da produção não considera o fenómeno da socialização, porque não resulta da relação de duas ou mais pessoas, mas da nossa relação com as coisas, provém do 6 De Platão a Aristóteles a metafísica e a ontologia só se preocupavam com a questão acerca das coisas no sentido primordial do ser na sua essência, naquilo que uma coisa era, na sua quidditas. Contudo, um ser humano não é uma coisa, não é um que, mas um quem, alguém. Toda a reflexão de Platão e de Aristóteles assentam numa ontologia da produção, em vez de uma ontologia da troca. É somente com Heidegger, Levinas, Feuerbach, Buber, Arendt entre outros que o fenómeno do quem é analisado. Ver também Joaquim Cerqueira Gonçalves (2013, pp. 203-208). 7Na tradição filosófica ocidental, nomeadamente a partir de Aristóteles o poder é sempre visto, como poder para efetuar uma mudança noutra coisa, dunamis que tem o potencial de trazer uma mudança, um movimento. Ver, livros Delta e Theta da Metafísica de Aristóteles (1991). 71 quê, da essência, enquanto que a ontologia da troca provém do quem. É uma relação entre pessoas ou uma trans-acção. Como Michael Eldred afirma: “As várias formulações filosóficas sobre a essência humana indicam de uma forma involuntária o quanto o questionamento filosófico permaneceu fortemente cativo da evidência do quê pensado na terceira pessoa, perdendo-se assim a dimensão ontológica da segunda pessoa, onde o quem originalmente surge” (2008, p.25). Neste sentido, o fenómeno da troca está no cerne da nossa vida social e é, de facto, uma dimensão elementar da relação social que nos associa uns aos outros, como seres humanos (Soares, 2018, p. 5). O fenómeno da troca (comércio, permuta, negociação, compra e venda) é essencial para uma compreensão plena da ontologia da nossa vida social, vivemos sempre numa proximidade inter-humana. É aqui também que o fenómeno da riqueza e do dinheiro se inscrevem. Por essa razão, o fenómeno da troca é bastante diferente e muito mais complexo do que o fenómeno da produção, porque implica e supõe sempre interação entre seres humanos livres. Assim, a essência da troca é como M. Eldred refere, “bipolar e multipolar (...)” e é a partir desta característica que se abre um novo mundo de possibilidades (Eldred, 2008, p. 166). A troca é uma interação entre as pessoas e implica um intercâmbio de relações. O fenómeno da produção, tal como já salientámos, é uma acção antecipada sobre um material passivo que nos dá aquilo de que já estavamos à espera e que tínhamos pensado. Contudo, a interação entre as pessoas não tem qualquer tipo de substrato, de suporte prévio, o que significa que no núcleo do intercâmbio reside uma fragilidade e vulnerabilidade inerente e, por esse facto, as relações entre as pessoas são muito mais exigentes e requerem uma maior vigilância e sintonia (Eldred, 2008, pp. 591-603). Não há nenhum plano prévio que possa prever e antecipar todas as eventualidades que possam ocorrer na relação, porque a relação funda-se no preciso momento em que acontece, pela interação. Ou, como M. Eldred afirma: “O mundo compartilhado entre mim e o outro dá-nos um abrigo existencial de simplicidade mais ou menos fugaz” (Eldred, 2008, p. 100). O fenómeno da troca é mais complexo do que a simples troca de mercadorias se o considerarmos a partir daquilo que o ser humano é, alguém e não uma coisa (Eldred, 2008, p. 167). Nós associamo-nos com os outros e trocamos opiniões, saudações, afrontas, presentes, reconhecimento e estima. Fazemos isso através de intercâmbios sociais em que a estrutura ontológica é muito semelhante à da troca de bens comerciais. Como M. Eldred refere, “todas as relações sociais são intercâmbios de algum tipo, e o intercâmbio é sempre, essencialmente, incorporado numa estimativa mútua do valor do outro como quem é, e com aquilo que tem (Eldred, 2008, p. 167). O intercâmbio é o movimento que sustenta a nossa vida social económica, porque é uma 72 estima mútua do valor do outro, daquilo que cada um é e tem, tendo em vista um benefício mútuo no sentido do valor de uso do que cada um tem para oferecer ao outro no sentido mais amplo. Aquilo que somos nunca é inteiramente uma construção nossa a partir de nós próprios, mas é também uma construção a partir daquilo que o mundo nos oferece como possibilidade de condução das nossas vidas. Nós só podemos viver a nossa vida através das múltiplas interações com os outros com os quais negociamos um caminho existencial e partilhado no mundo. Para fazer esse caminho, temos de confiar também no que os outros podem fazer por nós. Isso requer uma transação de dar e receber, não submissão ou rendição. Chegados aqui, e sem considerarmos ainda a mediação da troca através do dinheiro, pode-se dizer que o dar e receber através das transações que negociamos com os outros são baseadas no que podemos fazer por eles e naquilo que eles podem fazer por nós. É neste momento que as nossas habilidades/competências concretas entram em jogo e, por isso, podemos trocar serviços numa base mútua. Essas habilidades/competências constituem os nossos poderes para provocar uma mudança produtiva no mundo. Os produtos do exercício destas habilidades constituem a propriedade privada de cada um, são a sua singularidade, que deve ser respeitada pelos outros. Nós exercemos continuamente as nossas habilidades/competências numa base diária em favor de cada um e para o benefício de cada um dentro de uma estrutura de acordos mútuos ou contratos, sem qualquer tipo de conotação legal. Contudo, a partir do momento em que essas transações são feitas através da mediação do dinheiro, a troca de serviços por mútuo acordo já não é direta, como anteriormente, mas indireta e também universalizada, uma vez que o dinheiro é o equivalente universal que tem o poder social abstrato de comprar serviços de alguém cujo produto do trabalho é oferecido no mercado. Como M. Eldred refere, “assim, milhões de competências concretas e os seus respectivos produtos são abstratamente e praticamente equalizados uns com os outros como valores de troca através da mediação do dinheiro como mediador abstrato, universal” (Eldred, 2012, p. 12). Esta equalização abstrata é, em primeiro lugar, uma abstração das competências concretas de cada um, mediante uma quantificação através de uma determinada quantia de dinheiro, pois é o dinheiro que possibilita essa abstração (Eldred, 2013). Quando a troca de serviços é de comum acordo, depende da liberdade e espontaneidade de quem troca. Como M. Eldred nos diz, “O que acontece diariamente nos mercados é, portanto, devidamente denominado um poder de interação de valores de troca baseados num reconhecimento mútuo e na apreciação desses poderes (Eldred, 2011, pp. 8-9). Como o autor defende, quando o dinheiro vem intermediar a troca, adquire o poder de ser trocado por qualquer coisa no mercado e isso é a cristalização do valor de troca universal que é, 73 acima de tudo, um poder social.8 O poder social do dinheiro é completamente real, mas assenta num jogo de apreciação mútua de poderes e de capacidades humanas e, consequentemente, num jogo da liberdade humana (Eldred, 2011, p. 9).9 E este jogo é aquilo a que já fizemos referência anteriormente como sendo um “jogo lucrativo” o que significa que nas nossas economias capitalistas a nossa vida quotidiana torna-se mais complexa e a mediação da troca através do dinheiro adquire um verdadeiro poder na nossa vida. De seguida, vamos ver até que ponto esse poder é colocado ao serviço da comunidade, da sociedade ou se, pelo contrário, desvinculado do seu fim último, acaba por criar uma verdadeira entropia no metabolismo social. 2. Economia e crematística A distinção entre economia e crematística surge em duas obras diferentes de Aristóteles. Aparece no livro I da Política (1992) e também no livro V da Ética a Nicómaco (2011). Em ambas as obras esta distinção surge no contexto de uma reflexão sobre a moeda e nas duas obras a moeda é vista como um auxiliar da troca. Como referimos anteriormente, é no contexto da ontologia da troca que esta problemática surge. Para melhor entendermos esta distinção entre economia e crematística temos primeiro de compreender o papel da moeda, o que a torna necessária, e qual a sua legítima função. A troca, para Aristóteles, é vista como um meio de procura de coisas úteis para a vida, os bens de uso. Neste sentido, a troca acontece no âmbito da economia doméstica. Contudo, este não é o único meio de obter coisas úteis. Podemos obtê-las igualmente através das colheitas (agricultura) ou da captura (caça e pesca). Tal como a troca, as coisas úteis são modos de aquisição de bens. Na medida em que estes bens são úteis para a comunidade doméstica, estes vários modos de aquisição correspondem a técnicas do âmbito da economia. No domínio da economia doméstica, a troca tem um papel acessório, na medida em que cada família procura prover às suas necessidades. É só quando a família se divide em grupos separados que pode acontecer que a um dos grupos falte alguma coisa que outro tenha em excesso e, nesse caso, a troca surge como uma necessidade, de qualquer modo, a moeda, neste caso, não é necessária. A moeda só se torna necessária na economia da cidade, na pólis (Moreau, 1969). Numa família de agricultores, todos os seus membros participam nas tarefas comuns, mas na cidade cada um exerce o seu ofício. É esta comunidade de necessidades, face à 8Isto liga-se à verdadeira ilusão de que o valor de troca vale por si e, portanto, tem em si um poder de troca universal, foi a esta ilusão que Marx chamou fetichismo (Marx, 1996). 9 Ver Marx (1996). 74 especialização de cada um no seu ofício, que torna a troca de bens absolutamente necessária. Na cidade, cada artesão precisa dos outros para viver, o que significa que na cidade a troca não tem um carácter acessório, mas necessário e fulcral. Ora, é este carácter fundamental e necessário que torna imprescindível o uso da moeda, como mediação da troca e termo de comparabilidade entre bens. A finalidade da moeda, ou seja, a justificação do seu uso encontra-se na cidade. É, pois, na cidade que se é capaz de assegurar a auto-suficiência económica e simultaneamente garantir a justiça das trocas. Como já anteriormente tínhamos referido, a moeda, o dinheiro, surge de uma necessidade prática. Para Aristóteles, os povos “bárbaros” que não estavam organizados em cidades, também faziam as suas trocas, por exemplo, trigo por azeite. Mas a determinada altura estas trocam alargaram-se a outros povos, chegando mesmo a fazer-se transações de importação e exportação, o que tornava a moeda necessária. Como nem todos os objectos de troca eram facilmente transportáveis estabeleceu-se uma convenção em que as partes dariam ou receberiam na troca de qualquer material um pagamento, diríamos hoje, que lhes correspondesse. Isto significa que a moeda nasce de uma convenção internacional privada, exterior à instituição pública e independente das leis da cidade. Esta instituição tinha apenas um carácter comercial, não jurídico. A cunhagem que a moeda tinha era apenas uma indicação, um sinal. Dito de outro modo, se a matéria utilizada como moeda é escolhida em razão do seu manuseamento, da sua facilidade em circular e ser trocada por alguma coisa útil, ela não tem uma utilidade própria, ou seja, um valor intrínseco. É apenas um meio ao serviço de uma finalidade fundamental, o provimento das nossas necessidades. Porém, a instituição da moeda, que surgiu da necessidade das trocas exteriores, levou a uma transformação da natureza da própria troca. Antes do uso da moeda, a troca fazia-se sob a forma de permuta e estava limitada às necessidades recíprocas das partes. Com o uso da moeda, a troca ultrapassa os seus limites. Com a moeda abre-se uma nova possibilidade de troca que se efectua mediante a compra e venda e a partir daí é possível exercer as trocas não apenas para prover às necessidades, mas por si próprias em vista do lucro. E é a partir desta possibilidade real que consiste na libertação da moeda do seu fim natural que é possível acumulá-la sem qualquer tipo de limite. Esta nova forma de troca que consiste na compra e na venda é aquilo a que comummente se chama comércio. É evidente que na sua origem o comércio também se exercia mediante a permuta, mas rapidamente evoluiu para a forma como o conhecemos hoje. É, pois, com o desenvolvimento da técnica comercial que se produz uma grande transformação na economia que corresponde, sobretudo, a uma alteração 75 da noção de riqueza. As riquezas eram, antes de mais, coisas úteis que nos serviam para alguma coisa, correspondiam essencialmente a objectos de uso. As artes de adquirir riqueza e de usufruir dela faziam parte da economia doméstica. A esta administração e gestão de bens chamava-se crematística natural. A crematística diz respeito à aquisição de riquezas, mas não se identifica com os diversos modos de aquisição das subsistências, nem com as técnicas de produção. Havia uma distinção clara entre a produção de coisas úteis e a arte de as utilizar, de as escolher e de as dispor para as necessidades da família, ou seja, transformá-las em verdadeiras riquezas, ou bens de uso. Esta análise permite distinguir dois níveis na arte de adquirir. Um dos níveis está relacionado com a captura, a recolha ou a produção cada vez em maior número, a acumulação ilimitada. O outro nível diz respeito à aquisição dos meios subordinada aos fins da vida doméstica ou da vida política, o mesmo é dizer da vida boa em sociedade. É neste último nível que a arte de adquirir atinge a sua finalidade e exerce a sua função natural dentro da economia, constituindo a parte que se ocupa da administração dos bens e que a justo título merece o nome de crematística natural. Contudo, este não é o sentido comum dado a este termo. Ao mesmo tempo em que se altera a noção de riqueza, mediante o desenvolvimento do comércio, que se traduz pela emancipação da troca, desvinculando-a do seu fim último, opera-se um desvio em relação ao seu sentido comum. A partir desta possibilidade, a troca pode ser considerada como um modo de aquisição, comparável à produção, às colheitas ou à caça. De tal modo que, tal como temos duas formas de aquisição da riqueza, uma incontrolável e sem limite, a outra normal, natural, regulada pelas verdadeiras necessidades, temos igualmente duas formas de troca. Uma, contida dentro dos seus limites naturais, sem necessidade de moeda, dentro da economia doméstica. A outra desregulada, própria das sociedades evoluídas, tendo por condição a instituição da moeda, que torna possível o desenvolvimento do comércio e a procura metódica do lucro. É esta arte de enriquecer mediante operações fundadas sobre o uso da moeda, operações financeiras, que é designada correntemente sob o nome de crematística ou, para a distinguirmos da natural, crematística antinatural. Deste modo, podemos dizer que há uma crematística natural, normal, que faz parte da economia, da administração doméstica e política, e uma crematística sem lei, sem limite, antinatural que usurpou o nome à primeira, e que não é mais uma boa administração dos bens, mas uma simples técnica de negócios e de enriquecimento. Esta crematística antinatural é o resultado de um desvio do papel da troca, em que se modifica ou altera a estima, o juízo sobre o 76 valor das coisas, ou seja, ao valor de uso acrescenta-se, e finalmente substitui-se, o seu valor de troca. Dois milénios mais tarde, Marx (1996, p. 167) faz uso desta distinção de Aristóteles e distingue entre a simples circulação dos produtos por um lado, e a circulação do dinheiro como capital, por outro. Na primeira, a simples circulação dos produtos tem a fórmula C1-M-C2,10 vendendo um determinado produto a fim de comprar outro para a satisfação de uma falta sentida (Eldred, 2008, p. 8 e Bay, 2012, p. 29). Na segunda, a circulação do dinheiro como capital, tem a fórmula M1-C-M2, onde M2 é maior do que M1, comprando bens de consumo, a fim de fazer mais dinheiro. Na simples circulação de bens de consumo, por um lado, é a utilidade dos respectivos bens e a aquisição desses bens para o cumprimento das necessidades e desejos que são o foco de atenção e o fim motivador do intercâmbio. O dinheiro é apenas um meio de troca, isto é, um meio para trocar um bem por outro. Na circulação do dinheiro como capital, a utilidade dos bens de consumo é apenas um veículo para fazer dinheiro. Os bens de consumo são aqui apenas um meio para a interminável possibilidade de acumulação. O dinheiro não é mais um mero meio de troca, mas é a representação universal da própria riqueza numa forma quantitativa. Há assim um excesso que se encontra no coração dos negócios com dinheiro, e este excesso é o desejo do ser humano em querer ter desmedidamente mais, sem referência à vida boa. Ou, como nos diz Barbara Stiegler (1993, p. 304), há no coração da economia uma hybris que é a palavra grega para violência e essa violência pode ser vista paradoxalmente, como recusa do limite, excedendo a medida, ou como fuga da morte num movimento infinito. Enquanto na economia doméstica se respeita o limite, tendo em vista o bem viver e a justiça na sociedade, na crematística antinatural há uma hybris, uma violência inerente que corresponde ao desejo infinito de adquirir riqueza, de ter sempre mais, sem qualquer outro tipo de fim que não seja a acumulação privada. 11 Pensa-se fugir à finitude através deste desejo infinito de ter sempre mais. Como já anteriormente referimos, esta reflexão sobre a economia e a crematística é pensada por Aristóteles a partir do duplo uso que os objectos podem ter (Tabosa, 2009). O seu uso próprio, por exemplo, os sapatos são feitos para os calçarmos (valor de uso), mas também podem servir para troca (valor de troca). Neste último caso, ainda podemos fazer uma distinção. Se o sapato for cedido para alguém que precise dele, o seu uso não está longe do uso próprio, outra coisa bem diferente é quando o vendemos a alguém que, por sua vez, o revende para obter lucro (Soares, 2015). Aquilo que torna possível o lucro é este alargamento sucessivo dos mercados que suscitou a invenção da 10 Esta fórmula corresponde à designação em língua inglesa de C, commodity e M, Money. 11 Ver, a este propósito, a obra de Michel Aglietta e André Orléan, La violence de la monnaie (1982). 77 moeda e que, por conseguinte, permite o curso variável de um mesmo objecto, de uma mercadoria, segundo o tempo e o lugar. É sobre a experiência destas variações que assentam as técnicas comerciais, que embora consigam desenvolver ao máximo as suas possibilidades e os meios para atingir os fins, são isentas de normas, de verdadeira finalidade racional, no sentido Aristotélico. Este é o caso da crematística antinatural. Enquanto na economia doméstica, os usos habituais do viver bem formam os limites para os meios necessários a este fim, o esforço ilimitado para acumular mais bens perde de vista o fim e torna-se, por esse facto, pernicioso, desmedido, violento. Assenta sobre um desenvolvimento desmedido da troca, não tendo outro fim que não seja o lucro e não conhecendo outro valor que não seja aquele que se exprime em função do mercado e que é medido pela moeda, tida como a principal forma de riqueza. É claro para Aristóteles que a finalidade da economia nada tem que ver com a acumulação de capitais e de mercadorias. O desejo de ter sempre mais, abstraído ou desarticulado do cumprimento de uma necessidade específica, é puramente quantitativo e encontra o seu objeto adequado no próprio dinheiro, que é a incorporação quantitativa da riqueza (mesmo que o dinheiro seja, em última análise, apenas dígitos digitais armazenados numa conta bancária eletrónica). O próprio desejo torna-se abstratamente quantitativo, abstraído da utilidade específica dos bens, desarticulado do seu fim último que é o de viver bem em sociedade (Soares, 2017). Esta abstração anda de mãos dadas com a inversão da simples circulação dos bens de consumo na circulação de capital, infinitamente acumulado. A acumulação do dinheiro como capital é interminável e é suportada por uma vontade infinita de ter abstratamente mais. (Eldred, 2008). Aristóteles não trata a crematística em termos de categorias morais, mas sim de acordo com a natureza humana e com o funcionamento da vida social. A verdadeira riqueza consistia na produção a partir daquilo que a natureza dava e na aquisição necessária à manutenção de um fundo. Assim, a riqueza teria um limite subordinada às necessidades naturais da família. No livro I da Política, Aristóteles considera que a moeda é um factor de perversão da economia, uma vez que torna possível o comércio, a procura metódica do lucro, dando origem a uma técnica falaciosa que pretende fazer da troca uma fonte de riqueza. A crematística antinatural, que encontra a sua primeira aplicação no enriquecimento comercial, converte-se rapidamente na arte da finança, em que as operações não se efectuam sobre os próprios bens, mas sobre estes bens tornados mercadorias, sobre os títulos que os representam, sobre o dinheiro transformado em elemento primordial e termo final da troca. Transvertido deste modo, o comércio não é mais uma troca real de bens ao serviço dos consumidores, mas uma pura especulação, tendo como único objectivo o 78 lucro. As necessidades, já não são necessidades, mas quereres que servem um propósito determinado, a criação contínua da acumulação (Lee, 1989). Aristóteles considera que se aumentamos a riqueza não por via daquilo que a natureza nos dá, mas pela via desta crematística antinatural isso acontecerá sempre mediante a exploração de alguém, desvirtuando o bem viver em sociedade, criando inevitavelmente assimetrias e desigualdades. Com a crematística antinatural uma inversão dos meios ocorre, o dinheiro deixa de ser um meio para se viver bem, vive-se para se ter dinheiro e com isso desequilibra-se a nossa vida comunitária e social. Conclusão É no âmbito da ontologia da troca que devemos situar a reflexão sobre a economia e o dinheiro, porque é aí que o metabolismo da nossa vida social se dá. Como vimos a crematística antinatural altera de forma nociva esse metabolismo, criando anomalias e perturbações de vária ordem. Podemos identificar pelo menos quatro: 1. Cada indivíduo individualiza-se e molda a sua vida para seu próprio prazer sem ter em conta o outro. Isto leva a uma vida de individualismo estrito sem restrições onde os outros são vistos de forma meramente instrumental. 12 2. É um jogo sem barreiras nem limites, em que o outro é percebido como uma coisa, onde alguns podem obter muito em detrimento dos outros, o que conduz a todo o tipo de condições injustas gerando desigualdades e assimetrias colocando permanentemente em risco a coesão social e a equidade. 3. A recusa da finitude e do limite assenta na racionalização da violência. A especulação financeira mais não é do que uma tentativa de calcular o imprevisível e de calcular o incalculável com base num jogo de probabilidades. 4. Estas irregularidades do funcionamento da economia são um verdadeiro risco para o reconhecimento e bom relacionamento entre pessoas e, por vezes, subvertem completamente as nossas interações e relações justas. Nesse sentido, é crucial sublinhar que na ontologia da troca, as relações reificadas do “jogo lucrativo” assentam nas relações não-reificadas de reconhecimento e não podemos ludibriar a diferença entre o ser das coisas que é a sua utilidade, e o ser das pessoas, que é a sua bondade no sentido dos seus poderes e habilidades (um bom advogado, um bom professor, um bom empresário, um bom artesão, ou um bom pintor). A bondade das coisas é compreendida na sua valorização, e a bondade das pessoas é compreendida e reconhecida no seu ser estimado, na cordialidade. As relações humanas são sempre relações de reconhecimento com base na estima entre 12 Ver Soares (2018). 79 mim e outros, as relações reificadas são relações muito pobres e desvirtuadas e, em certo sentido, violentas. Porque as pessoas são eus refletidos sobre si mesmos e sobre o mundo, as relações sociais são sempre relações de espelhamento, de reconhecimento mútuo. A ontologia da troca é uma ontologia entre pessoas e isso compreende as relações defeituosas e, às vezes, muito egocêntricas do “jogo lucrativo”. Pensar a economia e a crematística a partir da ontologia da troca pode levar a uma reflexão mais profunda sobre o funcionamento da nossa vida social e de como chegar a uma maior justiça e equidade. Isso só se conseguirá se tivermos, efectivamente, em conta que só nos desenvolvemos como seres humanos mediante a partilha, a interação, o reconhecimento mútuo e a estima, sem isso não há comunidade humana saudável e sem isso o nosso futuro fica seriamente comprometido. A vontade desmedida de ter mais acaba por ser um logro, uma ilusão temporária e que no final termina com um sinal de menos para todos. Bibliografia Aglietta, M. e Orléan, A. (1982). La violence de la monnaie. Paris: PUF. Aristóteles. (1991). Metaphysics (J. H. McMahon, Trad.). New York: Prometheus Books. Aristóteles. (1992). Politics (T.A. Sinclair, Trad.). London: Penguin Books. Aristóteles. (2011). Nicomachean Ethics (W. D. Ross, Trad.). New York: Pacific Publishing Studio. Bay, T. (2012). Chrematistic Deviations. Journal of Interdisciplinary Economics, 24 (I), 29-54. Cerqueira Gonçalves, J. (2013). Itinerâncias de Escrita: Hermenêutica/filosofia, Vol II. Lisboa: INCM. Eldred, M. (2008). Social Ontology: Recasting political philosophy through a phenomenology of whoness. Frankfurt: Ontos Verlag. Eldred, M. (2011). Anglophone Justice Theory, the Gainful Game and the Political Power Play. Disponível em: http://www.arte-Fact.org/untpltcl/angljstc.html. 80 Eldred, M. (2013). Why social justice is a specious idea. Disponível em http://www.arte-Fact.org/untpltcl/scljstsp.html. Lee, K. (1989). Social Philosophy and Ecological Scarcity. London: Routledge. Levinas, E. (1990). Totalité et infini: Essai sur l’exteriorité. Paris: Biblio Essais. Levinas, E. (1991). Socialité et argent. In C. Chalier e M. Abensour. Cahier de L’Herne n.º 60: Levinas, 134-141. Paris: Biblio Essais. Lukács, G. (1971). History and Class Consciousness. Cambridge, MA: The MIT Press. Moscovo: Marx, K. (1996). Capital: A Critique of Political Economy (S. Moore e E. Aveling, Trad.) Progress Publishers, Vol I. em: https://www.marxists.org/archive/marx/works/download/pdf/Capital-Volume-I.pdf Disponível Moreau, J. (1969). Aristote et la monnaie. Revue des Études Grecques, no. 82 (391393), 349-364. Soares, C. (2015). O trabalho na Ontologia da Vida: Implicações Éticas. Journal of Studies on Citizenship and Sustainability, no.1, 33-46. Soares, C. (2017). O Modelo Consumista-Do (Des) Cuidar ao Cuidar In Estudos de Homenagem ao Professor José Amado da Silva (pp. 243-251). Faro: Sílabas & Desafios. Soares, C. (2018). The Ontological Ground of Business Ethics. Revista Portuguesa de Filosofia, 74, n.º 2-3, 385-408. Soares, C. (2018). The Philosophy of Individualism: A Critical Perspective, International Journal of Philosophy & Social Values, Vol. I nº. 1, 11-34. Stiegler, B. (1993). Éthique financière et violence du capitalisme. Revue d’économie financière, n.º 26, 303-329. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/ecofi_09873368_1993_num_26_3_2021 81 Tabosa, A, S. (2009). O Conceito de Crematística em Aristóteles. Revista Portuguesa de Filosofia, 65, n.º 1-4, 731-736.
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://ciencia.ucp.pt/files/39535578/A_Ontologia_da_Troca_Economia_e_Cremat_stica.pdf
Roger Chartier sobre o mundo como representação
bbbhttps://www.scielo.br/j/ea/a/SZqvSMJDBVJTXqNg96xx6dM/#
Logomarca do periódico: Estudos Avançados
Submissão de manuscritos
Sobre o periódico
Corpo Editorial
Instruções aos autores
Contato
ESPAÑOLENGLISH
Revista das revistas • Estud. av. 5 (11) • Abr 1991 • https://doi.org/10.1590/S0103-40141991000100010 COPIAR
Kark Popper e Hegel
Walter Kaufmann 1959
The Hegel Myth and Its Method
________________________________________
Source: “From Shakespeare to Existentialism: Studies in Poetry, Religion, and Philosophy” by Walter Kaufmann, Beacon Press, Boston 1959, page 88-119, Chapter 7: The Hegel Myth and Its Method;
From the MIA Hegel-By-Hypertext Websites of Andy Blunden (Thank you!)
________________________________________
1. Hegel’s importance.
Hegel was not a pagan like Shakespeare and Goethe but a philosopher who considered himself Christian and tried to do from a Protestant point of view what Aquinas had attempted six hundred years earlier: he sought to fashion a synthesis of Greek philosophy and Christianity, making full use of the labors of his predecessors. Among these he counted not only the great philosophers from Heraclitus and Plato down to Kant, Fichte, and Schelling but also such world-historic individuals as Paul and the men who had made the French Revolution. As he saw it, philosophy did not stand between religion and poetry but above both. Philosophy was, according to him, its age comprehended in thought, and — to exaggerate a little — the philosopher’s task was to comprehend what the religious person and the poet feel.
Hegel’s enormous importance becomes clear as soon as we reflect on his historic role. There is, first, his direct influence, which appears not only in philosophic idealism, which, at the turn of the last century, dominated British and American philosophy — Bradley, Bosanquet, McTaggart, T. H. Green, and Royce, to give but five examples — but also in almost all subsequent histories of philosophy, beginning with the epoch-making works of Erdmann, Zeller, and Kuno Fischer. It was Hegel who established the history of philosophy as a central academic discipline and as part of the core of any philosophic education. It was also Hegel who established the view that the different philosophic systems that we find in history are to be comprehended in terms of development and that they are generally one-sided because they owe their origins to a reaction against what has gone before.
Secondly, most of the more important philosophic movements since his death have been so many reactions against Hegel’s own idealism and cannot be fully understood without some grasp of his philosophy. The first two great revolts were those of Kierkegaard and Marx, who swallowed easily as much of his philosophy as they rejected: notably, his dialectic. Today Marx’s dialectic dominates a large part of the total population of the globe, while Kierkegaard’s has been adapted by some of the most outstanding thinkers of the free world, notably Heidegger and Tillich, Barth and Niebuhr.
Two later revolts against Hegelianism dominate English and American philosophy in the twentieth century: pragmatism and analytic philosophy. William James, though occasionally he attacked Hegel himself, reconstructed Hegel somewhat in the image of his Harvard colleague, Royce, who was then the outstanding American idealist; while Moore, at Cambridge, who was joined by Russell, led the fight against the influence of Bradley and McTaggart.
One of the few things on which the analysts, pragmatists, and existentialists agree with the dialectical theologians is that Hegel is to be repudiated: their attitude toward Kant, Aristotle, Plato, and the other great philosophers is not at all unanimous even within each movement; but opposition to Hegel is part of the platform of all four, and of the Marxists, too. Oddly, the man whom all these movements take to be so crucially important is but little known to most of their adherents; very few indeed have read as many as two of the four books that Hegel published.
Hegel is known largely through secondary sources and a few incriminating slogans and generalizations. The resulting myth, however, lacked a comprehensive, documented statement till Karl Popper found a place for it in his widely discussed book, The Open Society and Its Enemies. After it had gone through three impressions in England, a revised one-volume edition was brought out in the United States in 1950, five years after its original appearance.
2 Critique of a critic.
To explode the popular Hegel legend one can hardly do better than to deal in some detail with Popper’s Hegel chapter. This involves a temporary departure from religion and poetry, but the development “from Shakespeare to existentialism” cannot be understood without some grasp of Hegel and some discussion of the widely accepted image of Hegel. Moreover, Hegel is so frequently mentioned in contemporary discussions that it is intrinsically worth while to show how wrong many widespread assumptions about him are. Thirdly, our study should include some explicit consideration of questions of method, and especially of common pitfalls. Finally, we shall have occasion, as we develop Hegel’s actual views, to call attention to the religious roots of some of his most characteristic notions.
Those who nevertheless prefer to skip this chapter to pick up the thread in the next should at least take note of the author’s awareness that gross falsifications of history are not the monopoly of Miniver Cheevy. Forward-looking liberals and even believers in “piecemeal social engineering,” like Popper, often distort history, too. And so, alas, did Hegel.
A detailed critique of Popper’s sixty-nine pages on Hegel may be prefaced with a motto from Nietzsche’s Ecce Homo:
“I only avail myself of the person as of a strong magnifying glass with which one can render visible a general but creeping calamity which it is otherwise hard to get hold of.”
The calamity in our case is twofold. First, Popper’s treatment contains more misconceptions about Hegel than any other single essay. Secondly, if one agrees with Popper that “intellectual honesty is fundamental for everything we cherish” (p. 253), one should protest against his methods; for although his hatred of totalitarianism is the inspiration and central motif of his book, his methods are unfortunately similar to those of totalitarian “scholars” — and they are spreading in the free world, too.
3 Scholarship.
Although the mere presence of nineteen pages of notes suggests that his attack on Hegel is based on careful scholarship, Popper ignores the most important works on his subject. This is doubly serious because he is intent on psychologizing the men he attacks: he deals not only with their arguments but also — if not altogether more — with their alleged motives. This practice is as dangerous as it is fashionable, but in some cases there is no outright evidence to the contrary: one can only say that Popper credits all the men he criticizes, except Marx, with the worst possible intentions. ( Marx he credits with the best intentions.)
In the case of Hegel, there is voluminous evidence that Popper ignores: beginning with Dilthey’s pioneering study of 1906 and the subsequent publication of Hegel’s early writings, ample material has been made available concerning the development of his ideas. There is even a two-volume study by Franz Rosenzweig, the friend of Martin Buber, that specifically treats the development of those ideas with which Popper is concerned above all: Hegel und der Staat.
Furthermore, Popper has relied largely on Scribner’s Hegel Selections, a little anthology for students that contains not a single complete work. Like Gilson in The Unity of Philosophical Experience (p. 246), Popper takes over such a gross mistranslation as “the State is the march of God through the world,” although the original says merely that it is the way of God with the world that there should be the State, and even this sentence is lacking in the text published by Hegel and comes from one of the editor’s additions to the posthumous edition of The Philosophy of Right — and the editor admitted in his Preface that, though these additions were based on lecture notes, “the choice of words” was sometimes his rather than Hegel’s.
Popper also appears to be unaware of crucial passages, if not entire works, that are not included in these Selections; for example, the passage on war in Hegel’s first book, which shows that his later conception of war, which is far more moderate, was not adopted to accommodate the king of Prussia, as Popper maintains. The passage on war in Hegel’s Phenomenology of the Spirit, in the section on “The Ethical World,” was written when Hegel — a Swabian, not a Prussian — admired Napoleon and was published in 1807, a year after Prussia’s devastating defeat at Jena. Hegel’s views on war will be considered soon (in section II); but questions of method require our attention first.
4 Quilt quotations.
This device, used by other writers, too, has not received the criticism it deserves. Sentences are picked from various contexts, often even out of different books, enclosed by a single set of quotation marks, and separated only by three dots, which are generally taken to indicate no more than the omission of a few words. Plainly, this device can be used to impute to an author views he never held.
Here, for example, is a quilt quotation about war and arson: “Do not think that I have come to bring peace on earth; I have not come to bring peace, but a sword... . I came to cast fire upon the earth... . Do you think that I have come to give peace on earth? No, I tell you... . Let him who has no sword sell his mantle and buy one.” This is scarcely the best way to establish Jesus’ views of war and arson. In the works of some philosophers, too — notably, Nietzsche — only the context can show whether a word is meant literally.
The writings of Hegel and Plato abound in admittedly one-sided statements that are clearly meant to formulate points of view that are then shown to be inadequate and are countered by another perspective. Thus an impressive quilt quotation could be patched together to convince gullible readers that Hegel was — depending on the “scholar’s” plans — either emphatically for or utterly opposed to, say, “equality.” But the understanding of Hegel would be advanced ever so much more by citing one of his remarks about equality in context, showing how it is a step in an argument that is designed to lead the reader to a better comprehension of equality and not to enlist his emotions either for it or against it.
Even those who would not reduce all philosophy to such analyses should surely grant the ambiguity of words like equality and freedom, good and God — and also that philosophers can be of service by distinguishing some of the different meanings of such terms instead of aping politicians by assuring us that they are heartily in favor of all four. Popper writes like a district attorney who wants to persuade his audience that Hegel was against God, freedom, and equality — and uses quilt quotations to convince us.
The first of these (p. 227 ) consists of eight fragments of which every single one is due to one of Hegel’s students and was not published by him. Although Popper scrupulously marks references to Gans’s additions to the Philosophy of Right with an “L” and invariably gives all the references for his quilt quotations — e.g., “For the eight quotations in this paragraph, cf. Selections ...” — few readers indeed will recall when they come to the Notes at the end of the book that “the eight quotations” are the quilt quotations that they took for a single passage. And Popper advises his readers “first to read without interruption through the text of a chapter, and then to turn to the Notes.”
Quilt quotations invite comparison with composite photographs. In a campaign for a seat in the U. S. Senate, one such photograph was used that showed one candidate shaking hands with the head of the Communist party. It matters little whether it was labeled in fine print “composite photograph.”
To be sure, quotations and photographs that are not patched together may be grossly unfair, too; and in rare cases, composite ones might not be unfair. But a self-respecting candidate will not use patched-up photographs of his opponent; and a scholar should not use a quilt quotation to indict the men he criticizes.
5. “Influence.”
No conception is bandied about more unscrupulously in the history of ideas than “Influence.” Popper’s notion of it is so utterly unscientific that one should never guess that he has done important work on logic and on scientific method. At best, it is reducible to post hoc, ergo propter hoc. Thus he speaks of “the Hegelian Bergson” (p. 256 and n. 66) and assumes, without giving any evidence whatever, that Bergson, Smuts, Alexander, and Whitehead were all interested in Hegel, simply because they were “evolutionists” (p. 225 and n. 6).
What especially concerns Popper — and many another critic of German thinkers — is the “influence” that the accused had on the Nazis. His Hegel chapter is studded with quotations from recent German writers, almost all of which are taken from The War Against the West by Kolnai. In this remarkable book Friedrich Gundolf, Werner Jaeger ( Harvard), and Max Scheler are pictured as “representative of Nazism or at least its general trend and atmosphere.” Kolnai is also under the impression that the men who contributed most “to the rise of National Socialism as a creed” were Nietzwhe “and Stefan George, less great but, perhaps because of his homosexuality, more directly instrumental in creating the Third Reich” (p. 14 ); that Nietzsche was a “half-Pole” (p. 453); that the great racist H. S. Chamberlain “was a mellow Englishman tainted by noxious German influences” (p. 455); and that Jaspers is a “follower” of Heidegger (p. 207 ). It would seem advisable to check the context of any quotations from Kolnai’s book before one uses them, but Kolnai generally gives no references. Popper writes:
I am greatly indebted to Kolnai’s book, which has made it possible for me to quote in the remaining part of this chapter a considerable number of authors who would otherwise have been inaccessible to me. (I have not, however, always followed the wording of Kolnai’s translations.)
He evidently changed the wording without checking the originals or even the context.
Popper uses quotation after quotation from Kolnai to point out supposed similarities with Hegel, but never stops to ask whether the men he cites had read Hegel, what they thought of him, or where, in fact, they did, get their ideas. Thus we are told that the idea of “fame is revived by Hegel” (p. 266 ), for Hegel spoke of fame as a “reward” of the men whose deeds are recorded in our history books — which would seem a trite enough idea that could also be ascribed to scores of sincere democrats — but Popper goes on: “and Stapel, a propagator of the new paganized Christianity, promptly [i.e., one hundred years later] repeats [sic]: ‘All great deeds were done for the sake of fame or glory.'” This is surely quite a different idea and not trite but false. Popper himself admits that Stapel “is even more radical than Hegel.” Surely, one must question the relevance of the whole section dealing with Stapel and other recent writers; this is not history of ideas but an attempt to establish guilt by association on the same page — in the hope, it seems, that semper aliquid haeret.
It is also the height of naïveté . A quick dip into a good dictionary of quotations would have shown Popper a great many closer parallels to Stapel than he found in Hegel. Perhaps the most extreme, and also the most memorable, formulations are found in some poets whose influence would be hard to gauge. Shakespeare writes:
Let fame, that all hunt after in their lives, Live register'd upon our brazen tombs.
And though these lines occur in one of his comedies, Love’s Labour’s Lost, he certainly did not think meanly of fame. Ben Jonson even went a step further in Sejanus ( I, ii): “Contempt of fame begets contempt of virtue.” And Friedrich Schiller voiced a still more radical view — in a poem that many German school children learn by heart, Das Siegesfest, which deals with the Greeks’ celebration of their triumph over Troy:
Of the goods that man has cherished
Not one is as high as fame;
When the body has long perished
What survives is the great name.
For every Nazi who knew Hegel’s remarks about fame there must have been dozens who knew these lines. Does that prove Schiller a bad man? Or does it show that he was responsible for Nazism?
Besides, Popper often lacks the knowledge of who influenced whom. Thus he speaks of Heidegger and “his master Hegel” (p. 270 and asserts falsely that Jaspers began as a follower “of the essentialist philosophers Husserl and Scheler” (p. 270 ). More important, he contrasts the vicious Hegel with superior men “such as Schopenhauer or J. F. Fries” (p. 223 ), and he constantly makes common cause with Schopenhauer against the allegedly proto-fascist Hegel, whom he blames even for the Nazis’ racism — evidently unaware that Fries and Schopenhauer, unlike the mature Hegel, were anti-Semites.
Hegel’s earliest essays, which he himself did not publish, show that he started out with violent prejudices against the Jews. These essays will be considered in the next chapter; but they are not represented in Scribner’s Hegel Selections and hence were not exploited by Popper. Nor have they exerted any perceivable influence. When Hegel later became a man of influence’ he insisted that the Jews should be granted equal rights because civic rights belong to man because he is a man and not on account of his ethnic origins or his religion.
Fries, who was Hegel’s predecessor at the University of Heidelberg, has often been considered a great liberal, and Hegel has often been condemned for taking a strong stand against him; it is rarely, if ever, mentioned in this context that Fries published a pamphlet in the summer of 1816 in which he called for the “extermination” of Jewry. It appeared simultaneously as a review article in Heidelbergische Jahrbücher der Litteratur and as a pamphlet with the title “How the Jews endanger the prosperity and the character of the Germans.” According to Fries, the Jews “were and are the bloodsuckers of the people” (p. 243 ) and “do not at all live and teach according to Mosaic doctrine but according to the Talmud” (p. 251 ) of which Fries conjures up a frightening picture. “Thus the Jewish caste ... should be exterminated completely [mit Stumpf und Stiel ausgerottet] because it is obviously of all secret and political societies and states within the state the most dangerous” (p. 256 ). “Any immigration of Jews should be forbidden, their emigration should be promoted. Their freedom to marry should ... be limited... . It should be forbidden that any Christian be hired by a Jew” (p. 260 ); and one should again force on them “a special mark on their clothing” (p. 261 ). In between, Fries protests: “Not against the Jews, our brothers, but against Jewry [der Judenschaft] we declare war” (p. 248).
This may help us to understand why Hegel, in the Preface to his Philosophy of Right, scorned Fries’s substitution of “the pap of ‘heart, friendship, and enthusiasm'” for moral laws. It would certainly have been unwise of the Jews to rely on Fries’s brotherly enthusiasm.
Hegel’s often obscure style may have evened the way for later obscurantism, but Fries’s and Schopenhauer’s flamboyant irrationalism was, stylistically, too, much closer to most Nazi literature. It does not follow that Fries influenced the Nazis. He was soon forgotten, till, in the twentieth century, Leonard Nelson, a Jewish philosopher, founded a neo-Friesian school that had nothing to do with Fries’s racial prejudices. The one influential thinker whom Nelson succeeded in leading back to Fries was Rudolf Otto, the Protestant theologian, who is best known for his book on The Idea of the Holy. What makes that book so notable is its fine description of the “numinous” experience; but the confused discussion of “The Holy as an A Priori Category” and the romantic notions about “divining” are indebted to Fries.
Popper, though he has written an important book on Die Logik der Forschung, “The Logic of Research,” does not find it necessary to check his hunches by research when be is concerned with influences in his Hegel chapter. He simply decrees that Hegel “represents the ‘missing link,’ as it were, between Plato and the modern form of totalitarianism. Most of the modern totalitarians are quite unaware that their ideas can be traced back to Plato. But many know of their indebtedness to Hegel” (p. 226 ). Seeing that the context indicates a reference to the Nazis and that all the totalitarians cited in this chapter are Fascists, not Communists, Popper only shows his ignorance of this brand of totalitarianism.
Hegel was rarely cited in the Nazi literature, and, when he was referred to, it was usually by way of disapproval. The Nazis’ official “philosopher,” Alfred Rosenberg, mentioned, and denounced, Hegel twice in his best-selling Der Mythus des Zwanzigsten jahrhunderts. Originally published in 1930, this book bad reached an edition of 878,000 copies by 1940. In the same book, a whole chapter is devoted to Popper’s beloved Schopenhauer, whom Rosenberg admired greatly. Rosenberg also celebrates Plato as “one who wanted in the end to save his people [Volk] on a racial basis, through a forcible constitution, dictatorial in every detail.” Rosenberg also stressed, and excoriated, the “Socratic” elements in Plato.
Plato, unlike Hegel, was widely read in German schools, and special editions were prepared for Greek classes in the Gymnasium, gathering together allegedly fascist passages. In his introduction to one such selection from the Republic, published by Teubner in the series of Eclogae Graecolatinae, Dr. Holtorf helpfully listed some of his relevant articles on Plato, including one in the Völkischer Beobachter, which was Hitler’s own paper. Instead of compiling a list of the many similar contributions to the Plato literature, it may suffice to mention that Dr. Hans F. K. Günther, from whom the Nazis admittedly received their racial theories, also devoted a whole book to Plato — not to Hegel — as early as 1928. In 1935, a second edition was published.
Whether Hegel did, or did not, influence the Nazis may not be particularly relevant to Popper’s central theses in his book — but then most of his book is not. His often stimulating ideas are amalgamated with a great deal of thoroughly unsound intellectual history; and Section V of his Hegel chapter (eighteen pages) is representative of the latter. It is also representative of scores of similar attempts by authors who have less to offer than Karl Popper.
6 Vituperation and allegation of motives.
Although Popper, in his introduction, speaks of “the application of the critical and rational methods of science to the problems of the open society” (p. 3 ), he writes about Hegel in the accents of a prosecutor who addresses a jury. He says of Fichte and Hegel, “such clowns are taken seriously” (p. 249 ); he demands, “I ask whether it is possible to outdo this despicable perversion of everything that is decent” (p. 244 ); and he denounces “Hegel’s hysterical historicism” (p. 253 ; Cf. p. 269 ).
Hegel certainly has grievous faults. Among these is his obscure style, but it is dry and unemotional in the extreme. A detailed account of his almost incredibly unemotional style as a lecturer has been given by one of his students, H. G. Hotho, and is quoted in Hermann Glockner’s Hegel (1, 440 ff.), and in Kuno Fischer’s Hegel, too. If “hysterical” means, as Webster says, “wildly emotional,” Popper deserves this epithet much more than Hegel. For all of Hegel’s shortcomings, it seems wildly emotional indeed to say that “he is supreme only in his outstanding lack of originality” and was not even “talented” (p. 227 ). And “the critical and rational methods of science” could hardly establish Popper’s contention that the philosophy of Jaspers is a “gangster” philosophy (p. 272 ). Nor is this proved by a note on “the gangster philosophy” in the back of the volume, which turns out to furnish us with a quilt quotation (see above) from Ernst von Salomon’s book, The Outlaws, which bears no perceivable relation to Karl Jaspers — not to speak of Hegel.
Popper’s allegation of motives is scarcely distinguishable from vituperation. Hegel is accused of “a perversion ... of a sincere belief in God” (p. 244 ), but no evidence whatever is given to substantiate this charge. “Hegel’s radical collectivism ... depends on Frederick William III, king of Prussia” and his “one aim” was “to serve his employer, Frederick William of Prussia” (pp. 227 f.); and it is hinted that Hegel misused philosophy as a means of financial gain (p. 241 ); but Popper ignores the literature on this question, which includes, in addition to the volumes cited above, T. M. Knox’s article on “Hegel and Prussianism” in Philosophy, January, 1940, and his discussion with Carritt in the April and July issues.
Hegel, we are told, “wants to stop rational argument, and with it, scientific and intellectual progress” (p. 235 ), and his dialectics “are very largely designed to pervert the ideas of 1789” (p. 237 ). When Hegel explicitly comes out in favor of the things that, according to his accuser, he opposed, this is called ‘lip service” (ns. II and 43). Thus Popper claims — like Bäumler in his Nazi version of Nietzsche — that the man whom he professes to interpret did not mean what he clearly said. Quilt quotations are used to establish a man’s views, and his explicit statements are discounted when they are inconvenient.
In the name of “the critical and rational methods of science,” one must also protest against such emotional ad hominem arguments as that Heidegger’s philosophy must be wrong because he became a Nazi later on (p. 271 ), or that “Haeckel can hardly be taken seriously as a philosopher or scientist. He called himself a free thinker, but his thinking was not sufficiently independent to prevent him from demanding in 1914 ‘the following fruits of victory ...'” (n. 65 ). By the same token, one might seek to discredit Popper’s philosophy of science by pointing to his treatment of Hegel, or Newton’s physics by calling attention to his absorbing concern with magic, which Lord Keynes has described in his Essays and Sketches in Biography.
Popper’s occasional references to “the doctrine of the chosen people,” which he associates with totalitarianism, show little knowledge of the prophets though a great deal of emotion, and his references to Christianity are also based on sentiment rather than the logic of research. He is “for” Christianity, but means by it something that is utterly at variance with the explicit teachings of Paul, the Catholic Church, Luther, and Calvin.
Hegel’s rejection of the adequacy of conscience as a guide in moral questions is countered by Popper’s parenthesis, “that is to say, the moralists who refer, for example, to the New Testament” (p. 262 ) — as if no crimes had ever been committed in the name of the New Testament. Julius Streicher, in his violently anti-Semitic paper, Der Stürmer, constantly quoted the Gospel according to St. John.
One of the most important criticisms of Popper’s approach, and of the large literature that resembles his attack on Hegel, might be summed up by citing Maritain’s epigram from Scholasticism and Politics (p. 147 ): “If books were judged by the bad uses man can put them to, what book has been more misused than the Bible?”
7 Hegel’s metaphysics.
Two simple points may illustrate how thoroughly Popper misunderstands the whole framework of Hegel’s thought. First, he claims that Hegel taught that “self-evidence is the same as truth” (p. 237 ), although Hegel’s first book begins with the denial of this view and Hegel never changed his mind about this.
The second point is more important because Hegel has so often been misunderstood in this way. “Hegel believes, with Aristotle, that the Ideas or essences are in the things in flux; or more precisely (as far as we can treat a Hegel with precision), Hegel teaches that they are identical with the things in flux: ‘Everything actual is an Idea,’ he says” (p. 231 ). Yet one need not look farther than Royce’s helpful article on Hegel’s terminology in Baldwin’s Dictionary of Philosophy and Psychology to find that “actual” is, in Hegel’s work, a technical term (as its equivalent was in Plato’s and Aristotle’s), and that be very emphatically did not claim that Ideas — another technical term — “are identical with the things in flux.”
The dictum around which these misinterpretations have been woven most persistently, beginning when Hegel was still alive, occurs in the Preface to his Philosophy of Right and reads: “What is rational, is actual; and what is actual, is rational.”
This dictum is very similar to Leibniz’s idea that this world is the best of all possible worlds. Without sympathizing in the least with either of these two ideas, one should realize that both are rooted in religion. In the third edition of his Encyclopaedia ( 1830; §6) Hegel himself said of his epigram:
These simple sentences have seemed striking to some and have excited hostility — even from people who would not wish to deny some understanding of philosophy, not to speak of religion... . When I have spoken of actuality, one might have inquired, without being told to do so, in what sense I use this expression; after all, I have treated actuality in an elaborate Logic and there distinguished it precisely not only from the accidental, which, of course, has existence, too, but also, in great detail, from being there, existence, and other concepts.
Alas, this passage was not included in Scribner’s Selections; hence these distinctions are overlooked by Popper, who reiterates the popular myth that, according to Hegel, “everything that is now real or actual ... must be reasonable as well as good. And particularly good is, as we shall see, the actually existing Prussian state.”
It would prevent some confusion if Hegel’s term wirklich were translated actual, seeing that he opposed it to potential rather than to unreal or nonexistent. An acorn, though certainly real enough in the usual sense of that word, is not, as Hegel uses that term, wirklich. Only that is actual in Hegel’s sense which fully realizes its own nature or, as Hegel might say, the “idea” of which most existent things fall short. And the Prussian state, though, according to Hegel, more rational than a state that is based on slavery, yet fell short in some respects, as his Philosophy of Right makes clear, of the “idea” of the state.
8 The State.
When Hegel speaks of “the State” he does not mean every state encountered in experience. Immediately after first offering his epigram about the rational and actual, he himself continued:
What matters is this: to recognize in the semblance of the temporal and transient the substance which is immanent and the eternal which is present in it. For the rational (which is synonymous with the Idea), in its actuality, also embeds itself in external existence and thus manifests itself in an infinite wealth of forms, appearances, and figures, shrouding its core in a multi-colored rind. Our consciousness first dwells on this rind, and only after that does philosophic thinking penetrate it to detect the inward pulse and to perceive its beat even in the external forms. The infinitely varied relations, however, which take shape in this externality ... this infinite material and its organization are not the subject matter of philosophy.
Thus Hegel would distinguish between the Idea of the State, which he means when he speaks of “the State,” and the many states around us. But the Idea, he claims, does not reside in a Platonic heaven, but is present, more or less distorted, in these states. The philosopher should neither immerse himself in the description and detailed analysis of various historical states, nor turn his back on history to behold some inner vision: he should disentangle the rational core from the web of history.
Hegel is not driven to “juridical positivism” and the approbation of every state with which he is confronted, as Popper supposes (p. 252 ): he can pass judgment. Hegel makes a sharp distinction between such philosophic judgment and the arbitrary criticisms that reflect personal idiosyncrasies and prejudices. This would not involve any difficulty if he were willing to restrict himself to internal criticism, pointing out the multifarious inconsistencies that are so striking in the utterances of most statesmen, in the platforms of most parties, and in the basic convictions of most people. Hegel, however, goes further.
He believes in a rational world order and in his ability to understand it. For him, life is not “a tale told by an idiot”; and history, not merely, although also, a succession of tragedies. There is an ultimate purpose — freedom — and this furnishes a standard of judgment.
A few quotations from the Philosophy of Right may illustrate this. “One may be able to show how a law is completely founded in, and consistent with, both circumstances and existing legal institutions, and yet is truly illegitimate and irrational” (§3). Hegel also speaks of “unalienable” rights and condemns, without qualification,
slavery, serfdom, the disqualification from holding property or the prevention of its use or the like, and the deprivation of intelligent rationality, of morality, ethics, and religion, which is encountered in superstition and the concession to others of the authority and full power to determine and prescribe for me what actions I am to perform ... or what duties my conscience is to demand from me, or what is to be religious truth for me [§66].
According to the addition of Gans, the editor, Hegel remarked in his lectures in this connection that “the slave has an absolute right to liberate himself” (cf. also §77).
Hegel is not inconsistent when he writes: “the State cannot recognize conscience [Gewissen] in its peculiar form, i.e., as subjective knowledge [Wissen], just as in science, too, subjective opinion, assurance, and the appeal to subjective opinion have no validity” (§137). Conscience is fallible; and, while no government or church has the right to dictate to our conscience, no government can afford to recognize conscience as a legal standard. As several of his interpreters have pointed out, Hegel, when he wrote the Philosophy of Right, was concerned about the recent assassination of the poet Kotzebue by a student who was convinced that the poet was a Russian spy and deserved death.
We are bound to misunderstand Hegel when we apply his remarks about conscience within the framework of the Nazi state. It would be more pertinent if we thought of the German Republic before 1933 and of the conscience of Hitler. For by “the State” Hegel means one in which freedom is realized and “a human being counts because he is a human being, not because he is a Jew, Catholic, Protestant, German, Italian, or the like” — and this “is of infinite importance” (§209; cf. §270 n.). Hegel would consider rational the conscience of an opponent of Hitler who recognized his own absolute right to make himself free and to realize his unalienable rights — but not the conscience of a fanatic impelled by personal motives or perhaps by an equally objectionable ideology.
It is no wonder that the Nazis found small comfort in a book that is based on the conviction that “the hatred of law, of right made determinate by law, is the shibboleth which reveals, and permits us to recognize infallibly, fanaticism, feeble-mindedness, and the hypocrisy of good intentions, however they may disguise themselves” (§258 n.). In his Preface, too, Hegel called the law “the best shibboleth to distinguish the false brothers and friends of the so-called people.” One may agree with Herbert Marcuse when he says in Reason and Revolution: Hegel and the Rise of Social Theory: “There is no concept less compatible with Fascist ideology than that which founds the state on a universal and rational law that safeguards the interests of every individual, whatever the contingencies of his natural and social status” (pp. 180 f.).
In sum: Popper is mistaken when he says, like many another critic, that, according to Hegel, “the only possible standard of judgment upon the state is the world historical success of its actions” (p. 260 ). Success is not the standard invoked in the Philosophy of Right when Hegel speaks of “bad states.” “The State” does not refer to one of “the things in flux,” but to an Idea and a standard of judgment, to what states would be like if they lived up fully to their raison d'être. This reason is to be found partly “in a higher sphere” (§270) for which Hegel himself refers the reader to his system as outlined in his Encyclopaedia. The whole realm of Objective Spirit and human institutions that culminates in the State is but the foundation of a higher realm of Absolute Spirit that comprises art, religion, and philosophy.
The discussion of “the State” in the Philosophy of Right opens with the pronouncement: “The State is the actuality of the ethical idea.” If he were a Platonist, he would mean justice; but Hegel means freedom: not that freedom from all restraints which, at its worst, culminates in anarchy, license, and bestiality, but, rather, man’s freedom to develop his humanity and to cultivate art, religion, and philosophy. He considers the State supreme among human institutions because he would subordinate all such institutions to the highest spiritual pursuits and because he believes that these are possible only in “the State.” He himself says: “To be sure, all great human beings have formed themselves in solitude — but only by assimilating what had already been created in the State."[1] One might nevertheless insist, as Hegel does not, that conformity should be discouraged beyond the necessary minimum, and one might dwell, as Nietzsche did half a century later, on the dangers of the State.
It would be absurd to represent Hegel as a radical individualist; but it is equally absurd to claim, as Popper does (p. 258 ), that Hegel’s State is “totalitarian, that is to say, its might must permeate and control the whole life of the people in all its functions: ‘The State is therefore the basis and center of all the concrete elements in the life of a people: of Art, Law, Morals, Religion, and Science.'” Popper’s claim simply ignores Hegel’s emphatic insistence on the sphere of “subjective freedom,” which he himself considered a decisive advance over Plato. The quotation from Hegel, of course, does not at all prove the preceding contention: it means — and the context in the lectures on the Philosophy of History (Preface) makes this quite clear — that the State alone makes possible the development of art, law, morals, religion, and science. And Hegel’s formulation here shows less the influence of Plato, whom Popper represents as a terrible totalitarian, than the impact of Pericles, whom Popper admires. The sentence Popper quotes could almost come from Thucydides’ version of Pericles’ most famous speech.
Hegel’s philosophy is open to many objections, but to confound it with totalitarianism means to misunderstand it. Ernst Cassirer puts the matter very clearly in The Myth of the State (1946), a book dealing with much the same material as Popper’s, but in a much more scholarly manner. His Hegel chapter ends: “Hegel could extol and glorify the state, he could even apotheosize it. There is, however, a clear and unmistakable difference between his idealization of the power of the state and that sort of idolization that is the characteristic of our modern totalitarian systems.”
9 History.
Hegel, like Augustine, Lessing, and Kant before him and Comte, Marx, Spengler, and Toynbee after him, believed that history has a pattern and made bold to reveal it. All these attempts are controversial in detail and questionable in principle; but a sound critique of Hegel should also take into account his remarkable restraint: he did not attempt to play the prophet and was content to comprehend the past.
Popper says that his own book could be “described as a collection of marginal notes on the development of certain historicist philosophies” (p. 4 ); and, as we have seen, he accuses Hegel of “hysterical historicism.” But according to Popper’s definition, Hegel was no historicist at all: he was not one of those who “believe that they have discovered laws of history which enable them to prophesy the course of historical events.” This addiction to predictions is what Popper means by historicism (p. 5 ).
We are told that Hegel was guilty of
historical and evolutionary relativism — in the form of the dangerous doctrine that what is believed today is, in fact, true today, and in the equally dangerous corollary that what was true yesterday (true and not merely “believed”) may be false tomorrow — a doctrine which, surely, is not likely to encourage an appreciation of the significance of tradition [p. 254].
Hegel, of course, excelled in his appreciation of the significance of tradition; in his books and lectures he took for granted its essential rationality, and he condemned as arbitrary any criticism of the past or present that was not accompanied by an appreciation of the significance of tradition.
He did not maintain “that what is believed today is, in fact, true today” but insisted that many of his contemporaries, both philosophers and “men in the street,” held many mistaken beliefs. And “what was true yesterday ... may be false tomorrow” is, in a sense, a commonplace — as when we take such statements as “it is raining” or “the Americans, while saying that all men are endowed by their Creator with certain unalienable rights, including liberty, hold slaves” or “another war might well spread the ideals of the French Revolution, without endangering the future of civilization.” The same consideration applies to many a generalization about a nation and about war.
Hegel did not believe that such propositions as “two plus two equals four” were true at one time but not at another; he thought that the truth comes to light gradually and tried to show this in his pioneering lectures on the history of philosophy. He emphasized not how utterly wrong his predecessors had been but how much truth they had seen; yet Plato’s and Spinoza’s truths were not “all of the truth” but were in need of subsequent qualification and amendment.
Hegel’s approach is not amoral. Although he finds the aim of history in its “result” (p. 260 ) and considers the history of the world the world’s court of justice (p. 233 and n., 11), he does not idolize success. His attitude depends on his religious faith that in the long run, somewhere, somehow freedom will and must triumph: that is Hegel’s “historicism.” Those of us who lack his confidence should still note that he does not believe that things are good because they succeed, but that they succeed because they are good. He finds God’s revelation in history.
This point is best illustrated by Hegel’s polemic against Von Haller in the Philosophy of Right (§258). Throughout, he tries to avoid the Scylla of that revolutionary lawlessness that he associates with Fries and the Wartburg festival and the Charybdis of conservative lawlessness that he finds in Von Haller’s Restauration der Staatswissenschaft. He cites Von Haller (I , 342 ff.): “As in the inorganic world the greater represses the smaller, and the mighty, the weak, etc., thus among the animals, too, and then among human beings, the same law recurs in nobler forms.” And Hegel interposes: “Perhaps frequently also in ignoble forms?” He then quotes Von Haller again: “This is thus the eternal, immutable order of God, that the mightier rules, must rule, and always will rule.” And Hegel comments: “One sees from this alone, and also from what follows, in what sense might is spoken of here: not the might of the moral and ethical, but the accidental force of nature.”
Popper quotes Hegel: “A people can only die a violent death when it has become naturally dead in itself” (p. 263 ); and Hegel continues, “as e.g. the German Imperial Cities, the German Imperial Constitution” (n. 77 ). Applied to the collapse of the Holy Roman Empire in 1806, Hegel’s remark makes sense, while his bold generalization invites criticism. But one should take into account that Hegel is in agreement with a religious tradition that extends from Isaiah to Toynbee.
Intent on dissociating Hegel from this religious tradition and on associating him with the Nazis instead, Popper fastens on Hegel’s conception of world-historical peoples. He quotes (p. 258) Hegel’s Encyclopaedia (§550) as saying that “the Spirit of the Time invests its Will” in “the self-consciousness of a particular Nation” that “dominates the World.” This would seem to be another instance where Popper improved a translation without checking the original (cf. section 5 above). The passage in the Encyclopaedia reads: “The self-consciousness of a particular people is the carrier of the current stage of development of the universal spirit as it is present, and the objective actuality into which this spirit lays its will.” In Scribner’s Hegel Selections, this becomes “... in which that spirit for a time invests its will.” And in Popper, finally, we suddenly encounter “the Spirit of the Time.” His profuse capitalization of nouns in his quotations from Hegel is apparently intended to make Hegel look silly.
Hegel goes on to say, though Popper does not quote this, that the spirit “steps onward” and “delivers it over to its chance and doom.” His position depends on his assumption that ultimate reality is spiritual and that the spirit reveals itself progressively in history. The stages of this revelation are represented by different peoples, but by only one people at any one time.
This strange notion was adapted by Stefan George and, with the individual prophet in the place of a whole people, became part of the creed of his Circle:
In jeder ewe
Ist nur eim gott und einer nur sein künder.
This idea that “in every epoch, there is but one god, and but one his prophet” is even more obviously false than Hegel’s view; and it is doubly ironical because, even in the relatively small field of German poetry, George was no solitary giant but was eclipsed by his contemporary, Rilke.
Hegel’s notion was surely suggested to him by the way in which the Romans succeeded the Greeks — and perhaps also the Greeks, the Persians; and the Persians, the Babylonians.
This people is the dominant one in world history for this epoch — and it can be epoch-making in this sense only once. Against this absolute right which it has to be the embodiment of the current stage of development of the world spirit, the spirits of the other peoples have no right, and they, even as those whose epoch has passed, do not any longer count in world history. [2]
Above all, Hegel was probably also influenced by the Christian conception of the relation of Christianity to Jew and Greek.
Hegel’s conception is dated today: we know more than he did about the history of a great number of civilizations. We can no longer reduce world history to a straight line that leads from the Greeks via the Romans to ourselves; nor can we dispose of ancient Asia as “The Oriental Realm” and understand it simply as the background of the Greeks. We are also aware of ambiguities in the conception of a Volk or nation and should not apply such terms to the carriers of Greek or Roman civilization. We understand the flowering of medieval philosophy in terms of the interaction of Jews, Muslims, and Christians against a Greek background, and should not care to say who in that epoch represented the world spirit. Some of us have even lost all belief in a world spirit.
All this does not imply that Hegel’s views are wicked or that his basic error is due to his alleged nationalism or tribalism. Toynbee’s conception of separate civilizations is open to almost the same objections. (See chapter 19, section 5, below.)
With the exception of entirely isolated communities, no unit can be understood completely without reference to others. But any unit whatever, whether it be Western civilization, France, Athens, or the Burlington Railroad, can be made the object of a historical study. In each instance, one will introduce other units as sparingly as possible and only to throw light on the history of the unit under consideration.
Hegel’s whole conception of “world history” is arbitrary and amounts to an attempt to study the development of his own civilization. But here he was at one with almost all of his contemporaries and predecessors who were also under the influence of the Bible. For it is from the Bible that the Western idea that history has a single beginning and moves along a single track toward a single goal received its impetus and sanction. Today we are apt to be more agnostic about the beginning; we are bound to deny the single track; but we may once again think in another sense of the unity of world history — a unity that is established by the present confluence of hitherto independent streams.
Hegel was not impeded by the recognition that some of the ancestors of his own civilization had made their epoch-making contributions simultaneously. Homer may have been a contemporary of the earliest prophets; Thales and Jeremiah wrote at the same time; and Stoicism flourished while Christianity developed out of Judaism. Elsewhere, Confucius and the Buddha were contemporaries. A pluralistic perspective is needed, as is more respect for individual units. There is no single plan into which all data can be fitted, and Hegel was certainly something of a Procrustes.
Any attempt, however, to read into Hegel’s conception of “world domination” an exclusively political or even military sense in order to link him with Hitler is quite illegitimate. It is doubly misleading when one does not emphasize that Hegel was not making predictions or offering suggestions for the future but was scrupulously limiting himself to an attempt to understand the past. Pedagogically, the single-track conception has the virtue of simplicity; and it is still adopted almost universally in the field of Hegel’s primary competence — the history of philosophy.
10 Great men and equality.
Hegel’s conception of world-historical peoples is closely related to his notion of world-historical personalities. Both notions are justifiable up to a point. Some peoples have had little effect on anybody outside themselves, while the Greeks and the Jews, for example, have affected the history of the world out of all proportion to their numbers. Similarly, Socrates and Caesar might well be called world-historical personalities.
It is the rankest emotionalism when Popper writes:
Glory cannot be acquired by everybody; the religion of glory implies anti-equalitarianism — it implies a religion of “Great Men.” Modern racialism accordingly “knows no equality between souls, no equality between men” ( Rosenberg). Thus there are no obstacles to adopting the Leader Principles from the arsenal of the perennial revolt against freedom, or as Hegel calls it, the idea of the World Historical Personality [pp. 266 f.].
Popper implies that we ought to be “for” equalitarianism; but if it involves the belief that no man can achieve anything that cannot be achieved by everybody else, too, it is simply silly. In any sense in which it is at all worth while, equalitarianism is entirely compatible with belief in great men.
According to Popper,
Hegel twists equality into inequality: “That the citizens are equal before the law,” Hegel admits, “contains a great truth. But expressed in this way, it is only a tautology; it only states in general that a legal status exists, that the laws rule. But to be more concrete, the citizens ... are equal before the law only in the points in which they are equal outside the law also. Only that equality which they possess in property, age, ... etc., can deserve equal treatment before the law... . The laws themselves presuppose unequal conditions... . It should be said that it is just the great development and maturity of form in modern states which produces the supreme concrete inequality of individuals in actuality [p. 239 ].
The omissions in the Hegel quotation are Popper’s, and Popper explains them in the very next sentence:
In this outline of Hegel’s twist of the “great truth” of equalitarianism into its opposite, I have radically abbreviated his argument; and I must warn the reader that I shall have to do the same throughout the chapter; for only in this way is it at all possible to present, in a readable manner, his verbosity and the flight of his thoughts (which, I do not doubt, is pathological).
A look at the Encyclopaedia (§539) shows that Hegel is not “for” or “against” equality but tries to determine in what sense it can be embodied in the modern state.
With the appearance of the State, inequality enters; namely, the difference between the governing forces and the governed, authorities, magistrates, directories, etc. The principle of equality, carried out consistently, would repudiate all differences and thus be at odds with any kind of state.
It is in the following discussion that we find the sentence italicized by Popper, and it seems best to quote it without omissions and with Hegel’s, rather than Popper’s, italics:
Only that equality which, in whatever way, happens to exist independently, regarding wealth, age, physical strength, talents, aptitude, etc., or also crimes, etc., can and should justify an equal treatment of these before the law — in regard to taxes, liability to military service, admission to public office, etc., or punishment, etc.
Hegel’s sentence, though hardly elegant, is carefully constructed and exhibits a crucial parallelism. Only those with equal wealth should be taxed equally; age and physical strength should be taken into account by draft boards; talents and aptitudes are relevant qualifications for public service; and so forth. Or should we have equal punishment for all, regardless of whether they have committed equal crimes? Should we induct children into the armed forces and exact equal taxes from the poor and the rich? Is it Hegel that is guilty of a “twist"?
To return to “great men”: Hegel said, according to Gans’s addition to section 318: “Public opinion contains everything false and everything true, and to find what is true in it is the gift of the great man. Whoever tells his age, and accomplishes, what his age wants and expresses, is the great man of his age.” (Popper’s “translation” of this passage [p. 267 ] makes nonsense of it: “In public opinion all is false and true... .”) Hegel’s passage ends, in Popper’s translation: “He who does not understand how to despise public opinion, as it makes itself heard here and there, will never accomplish anything great.” Popper’s italics as well as his comments appeal to the reader’s prejudice in favor of the supremacy of public opinion, though he previously appealed to the prejudice in favor of the supremacy of conscience. These two standards, however, are very different; and Hegel recognized the fallibility of both because he did not believe, as Popper alleges (p. 237 ), that “self-evidence is the same as truth.” Hegel argued, in the body of section 318, that “to be independent of [public opinion] is the first formal condition of anything great and rational”; and he had the faith that public opinion “will eventually accept it, recognize it, and make it one of its own prejudices.”
In the above quotation from Gans’s addition, Popper finds an “excellent description of the Leader as a publicist”; and since he has introduced it with a reference to “the Leader principle,” one is led to think of the Führer and to consider Hegel a proto-Nazi. The quotation, however, is not at odds with a sincere belief in democracy and fits beautifully not only Franklin D. Roosevelt’s “interventionism” but also Lincoln’s great speeches; for example, “A house divided against itself cannot stand” or “With malice toward none; with charity for all.” And it is true of Lincoln, too, when Hegel says of the world-historical personalities, “They were practical, political men. But at the same time they were thinking men, who had an insight into the requirements of the time — into what was ripe for development.”
Hegel found that world-historical individuals are always propelled by some passion (“Nothing Great in the World has been accomplished without passion”) and that their motivation is rarely entirely disinterested. The latter point he expressed in terms of “the cunning of reason.” The individual may be motivated not only by profound insights but also by “private interests” and even “self-seeking designs.” Alexander was passionately ambitious; but in the long run his private interests furthered Western civilization. The same consideration applies to Caesar and to Franklin D. Roosevelt; in The American Political Tradition, Richard Hofstadter has shown how Lincoln, too, was fired by political ambitions until he was elected president.
Popper links Hegel with “the fascist appeal to ‘human nature’ [which] is to our passions” and proposes that we call this appeal the “cunning of the revolt against reason” (p. 268 ). Yet he himself evidently believes that Napoleon, whose motivation was hardly entirely disinterested and whose methods could scarcely be approved by a devotee of “the open society,” was furthering Western civilization to such an extent that the German uprising against him must be labeled “one of these typical tribal reactions against the expansion of a super-national empire” (p. 250 ).
11 War.
Without accepting Hegel’s view of war, one should distinguish it clearly from the Fascists’. Three points may suffice here.
First, Hegel looks back, not forward. He is not less interested than Popper in “the furthering of civilization” (p. 268 ) but finds that our civilization has been furthered by any number of wars in the past; for example, the Greeks’ war against the Persians, Alexander’s wars of conquest, some of the Romans’ wars, and Charlemagne’s conquest of the Saxons. Believing that it is the philosopher’s task to comprehend “that which is” — to cite the Preface to the Philosophy of Right — and not to construct utopias, Hegel speaks of war as one of the factors that have actually furthered civilization.
Second, we should not confuse Hegel’s estimate of the wars that had occurred up to his own time with a celebration of war as we know it today or imagine it in the future.
Third, Hegel’s attitude is not fully comprehensible when considered apart from its religious roots. He considered all that is finite ephemeral. According to Gans’s addition to section 324, he said: “From the pulpits much is preached concerning the insecurity, vanity, and instability of temporal things, and yet everyone ... thinks that he, at least, will manage to hold on to his possessions.” What the preachers fail to get across, “Hussars with drawn sabres” really bring home to us. ( Popper writes “glistening sabres” [p. 269]; and the change, though slight, affects the tone of the passage.)
These three points are sufficient to show how Popper misrepresents Hegel’s view. “Hegel’s theory,” we are told, “implies that war is good in itself. ‘There is an ethical element in war,’ we read” (p. 262 ). This is a curious notion of implication: from Hegel’s contention that “there is an ethical element in war, which should not be considered an absolute evil” (§324), Popper deduces that Hegel considered war “good in itself.” Hegel attempted to solve the problem of evil by demonstrating that even evil serves a positive function. He accepted Goethe’s conception of “that force which would/Do evil evermore and yet creates the good” (see chapter 5, section 5, above). It is of the very essence of Hegel’s dialectical approach to penetrate beyond such assertions as that war is good or evil to a specification of the respects in which it is good and those in which it is evil. Today the evil so far outweighs any conceivable good that we are apt to be impatient with anyone who as much as mentions any good aspects; but in a concrete predicament, the majority still feels that the good outweighs the evil, even if this point is made by speaking of “the lesser evil.”
The one passage in which Hegel does consider the question of future wars is not well known and is worth quoting. It is found in his Berlin lectures on aesthetics:
Suppose that, after having considered the great epics of the past [the Iliad, Cid, and Tasso’s, Ariosto’s, and Camoëns’ poems], which describe the triumph of the Occident over the Orient, of European measure, of individual beauty, and of self-critical reason over Asiatic splendor, ... one now wished to think of great epics which might be written in the future: they would only have to represent the victory of the living rationality which may develop in America, over the incarceration into an infinitely progressing measuring and particularizing. For in Europe every people is now limited by another and may not, on its part, begin a war against another European people. If one now wants to go beyond Europe, it can only be to America. [3]
In his lectures on the philosophy of history, Hegel also hailed the United States as “the land of the future.” [4] Plainly, he did not believe that world history would culminate in Prussia. His lectures on history do not lead up to a prediction but to the pronouncement: “To this point consciousness has come.”
This may also be the clue to the famous expression of resignation at the end of the Preface to the Philosophy of Right — a passage that, at first glance, seems at odds with the subsequent demand for trial by jury and for a real parliament with public proceedings, institutions then still lacking in Prussia. But apparently Hegel did not believe that Prussia, or Europe, had any real future: “When philosophy paints its grey on grey, a form of life has grown old, and with grey on grey it cannot be rejuvenated, but only comprehended. The owl of Minerva begins its flight only at dusk.”
12 Nationalism.
On this point Popper’s account is particularly confused. “When nationalism was revived a hundred years ago [about 1850?], it was in one of the most mixed regions of Europe, in Germany, and especially in Prussia” (p. 245 ). A page later, we hear of “the invasion of German lands by the first national army, the French army under Napoleon.” Three pages later we are told that Fichte’s “windbaggery” gave “rise to modern nationalism.” Fichte died in 1814. Contemptuous of the concept of nationality, Popper maintains that it is a common belief in democracy, “which forms, one might say, the uniting factor of multilingual Switzerland” (p. 246 ). Why, then, have the Swiss no wish to unite with any democratic neighbor? Popper’s opposition to many features of modern nationalism is well taken; but those who are interested in its development, or who wish to understand it, will do better to turn to Hans Kohn’s The Idea of Nationalism ( 1944) and to his chapter on “Nationalism and the Open Society” in The Twentieth Century ( 1949).
One of the major themes of Popper’s Hegel chapter is that “Hegelianism is the renaissance of tribalism” (p. 226 ). Popper’s use of “tribalism” and “nationalism” is emotional rather than precise, and he accuses Hegel of both. Even so he must admit that Hegel “sometimes attacked the nationalists” (p. 251). Popper cites Hegel’s Encyclopaedia where the so-called nation is condemned as rabble:
and with regard to it, it is the one aim of a state that a nation should not come into existence, to power and action, as such an aggregate. Such a condition of a nation is a condition of lawlessness, demoralization, brutishness. In it, the nation would only be a shapeless wild blind force, like that of a stormy elemental sea, which however is not self-destructive, as the nation — a spiritual element — would be.
The Nazis concluded quite correctly that Hegel was unalterably opposed to their conception of the Volk and that his idea of the State was its very antithesis. [5]
Popper, on the other hand, is so intent on opposing Hegel that he immediately seeks to enlist the reader’s sympathies on the nationalist side when he finds Hegel criticizing it. Thus Popper is not content to point out, quite correctly, that Hegel is referring “to the liberal nationalists” but must add, “whom the king hated like the plague.” Hegel’s attitude, of course, cannot be understood or reasonably evaluated in terms of the emotional impact of such words as “liberal” and “king.” What is wanted is a profile of the movement condemned by Hegel; and that may be found in Herbert Marcuse’s Reason and Revolution (pp. 179 f.):
There was much talk of freedom and equality, but it was a freedom that would be the vested privilege of the Teutonic race alone... . Hatred of the French went along with hatred of the Jews, Catholics, and “nobles.” The movement cried for a truly “German war,” so that Germany might unfold “the abundant wealth of her nationality.” It demanded a “savior” to achieve German unity, one to whom “the people will forgive all sins.” It burned books and yelled woe to the Jews. It believed itself above the law and the constitution because “there is no law to the just cause.” The state was to be built from “below,” through the sheer enthusiasm of the masses, and the “natural” unity of the Volk was to supersede the stratified order of state and society. It is not difficult to recognize in these “democratic” slogans the ideology of the Fascist Volksgemeinschaft. There is, in point of fact, a much closer relation between the historical role of the Burschenschaften, with their racism and anti-rationalism, and National Socialism, than there is between Hegel’s position and the latter. Hegel wrote his Philosophy of Right as a defense of the state against this pseudo-democratic ideology.
The “liberal” Fries called for the extermination of Jewry (section 5 above), while Hegel denounced the nationalistic clamor against the extension of civil rights to the Jews, pointing out that this “clamor has overlooked that they are, above all, human beings” (§270 n.). Are we to condemn Hegel because he agreed with the king, or praise Fries because he called himself liberal?
13 Racism.
Popper’s most ridiculous claim — and the last one to be considered here — is that the Nazis got their racism from Hegel. In fact, the Nazis did not get their racism from Hegel, and Hegel was no racist (see section 5 above).
The Nazis did find some support for their racism in Schopenhauer, with whom Popper constantly makes common cause against Hegel, and in Richard Wagner, who Popper eccentrically insinuates was something of a Hegelian (p. 228 ) though he was, of course, a devoted disciple of Schopenhauer. Popper declares that one W. Schallmeyer, when he wrote a prize essay in 1900, “thus became the grandfather of racial biology” (p. 256 ). What, then, is the status of the rather better known and more influential Gobineau and Chamberlain and any number of other writers who publicized their views before 1900 and were widely read and constantly quoted by the Nazis?
Popper offers us the epigram: “Not ‘ Hegel + Plato,’ but ‘ Hegel + Haeckel’ is the formula of modern racialism” (p. 256 ). Why Haeckel rather than Bernhard Förster, Julius Langbehn, Hofprediger Stöcker, Chamberlain, Gobineau, or Wagner? Why not Plato, about whose reflections on breeding the Nazis’ leading race authority, Dr. Hans F. K. Günther, wrote a whole book — and Günther’s tracts on race sold hundreds of thousands of copies in Germany and went through several editions even before 1933? (See section 5 above.) And why Hegel?
Decidedly, Hegel was no racialist; nor does Popper adduce any evidence to prove that he was one. Instead, Popper says: “The transubstantiation of Hegelianism into racialism or of Spirit into Blood does not greatly alter the main tendency of Hegelianism” (p. 256 ). Perhaps the transubstantiation of God into the Führer does not greatly alter Christianity?
One can sympathize with G. R. G. Mure when he says that the increasingly
violent and ill-informed attacks on Hegel have reached a point in Popper’s Hegel chapter where they become “almost meaninglessly silly."[6] But familiarity with Hegel has waned to the point where reviewers of the original edition of The Open Society and Its Enemies, while expressing reservations about the treatment of Plato and Aristotle, have not generally seen fit to protest against the treatment of Hegel; and on the jacket of the English edition Bertrand Russell actually hails the attack on Hegel as “deadly” — for Hegel. Since the publication of the American edition in 1950, John Wild and R. B. Levinson have each published a book to defend Plato against the attacks of Popper and other like-minded critics, and Levinson’s In Defense of Plato goes a long way toward showing up Popper’s methods. But Popper’s ten chapters on Plato, although unsound, contain many excellent observations, and his book is so full of interesting discussions that no exposé will relegate it to the limbo of forgotten books. The Open Society will be around for a good long while, and that is one reason why its treatment of Hegel deserves a chapter.
What is ultimately important is not the failing of one author but the increasing popularity of the Hegel myth and of the methods on which it depends. To cite Nietzsche’s Ecce Homo once more: “I only avail myself of the person as a magnifying glass with which one can render visible a general but creeping calamity which it is otherwise hard to get hold of.”
Popper should be allowed the last word. And any critic of his work could do worse than to cite in his own behalf what Popper says to justify his own critique of Toynbee:
I consider this a most remarkable and interesting book... . He has much to say that is most stimulating and challenging... . I also agree with many of the political tendencies expressed in his work, and most emphatically with his attack upon modern nationalism and the tribalist and “archaist,” i.e., culturally reactionary tendencies, which are connected with it. The reason why, in spite of this, I single out ... [this] work in order to charge it with irrationality, is that only when we see the effects of this poison in a work of such merit do we fully appreciate its danger [pp. 435 f.].
Notes
________________________________________
1. Die Vernunft in der Geschichte, ed. Lasson, p. 92; Reason in History, transl. Hartman, p. 51.
2. Philosophy of Right, §347.
3. Werke, ed. Glockner, XIV, 354 f.
4. Ibid., XI, 128 f.
5. Cf., e.g., Rosenberg’s Mythus, p. 527.
6. A Study of Hegel’s Logic, p. 360.
Assinar:
Postagens (Atom)