terça-feira, 15 de julho de 2025

CIENCIAS DA VIDA CANGUILHEM BBB

https://books.scielo.org/id/ddcs5/pdf/portocarrero-9788575414101-02.pdf 20 As teorias do conhecimento clássicas pesquisam os processos de produção de conhecimento pelo sujeito cognoscitivo na tentativa de explicar a relação entre o sujeito que faz ciência, o objeto de conhecimento e o seu desvelar, a representação ou a produção da verdade científica – como o fizerem Descartes, por exemplo, numa perspectiva idealista e racionalista, ou Hume e Locke, numa perspectiva realista e empirista, ou, mais tarde, Kant, ao buscar as condições de possibilidade do verdadeiro conhecimento, atribuindo-as às categorias a priori do sujeito transcendental. 21 Observe-se, na região das ciências da natureza, a posição da epistemologia de Bachelard –racionalismo aplicado e materialismo técnico – ao rejeitar as análises baseadas num racionalismo que despreza a experiência ou que, como o próprio empirismo, termina por privilegiar a atitude racionalista. Sua crítica estende-se à noção, implícita ao racionalismo clássico dos filósofos, de que os princípios da razão são absolutos, a priori, e, por isso, determinantes do funcionamento da ciência (Bachelard, 1949). 22 Note-se a proposta de Foucault, inspirada em Nietzsche, de analisar o sujeito de conhecimento rejeitando a noção cartesiana de sujeito como fundamento já dado e que seria o ponto de origem a partir do qual o conhecimento é possível e a verdade aparece. Foucault propõe-se a estudar como se dá, ao longo da história, a constituição de um sujeito do conhecimento no interior mesmo da história, portanto de um sujeito que não pode ser considerado como uma unidade dada previamente ao ato do conhecimento, mas que é fundado pela história. Tal proposta constitui forte tendência do pensamento do século XX e vem sendo reforçada até nossos dias; ela objetiva mostrar como as práticas sociais podem chegar a engendrar domínios de saber que fazem nascer formas totalmente novas de sujeitos de conhecimento: “O próprio sujeito de conhecimento tem uma história, a relação do sujeito com o objeto, ou, mais claramente, a própria verdade tem uma história” (Foucault, 1999: 8).