Para ele, a legenda está tendo dificuldade em projetar novas lideranças e não se mostra capaz de ouvir ou criar pontes com a juventude do PSDB. Roma afirma que o partido deveria seguir o exemplo dos rivais petistas, que passaram por um processo de renovação induzido por circunstâncias adversas, como o escândalo do “mensalão”, hoje julgado pelo Supremo Tribunal Federal. “Isso forçou o partido a apresentar candidatos novos ou desvinculados do escândalo de corrupção. Onde o PT insistiu em velhas lideranças, perdeu”.
O especialista cita, entre os motivos da derrota de Serra em São Paulo, o desgaste da gestão Gilberto Kassab, a omissão da campanha na periferia, onde Fernando Haddad recebeu mais votos, e a incapacidade de se livrar do rótulo anti-pobre colado nele pelos adversários. Ele critica a estratégia tucana de levar a homofobia para o centro do debate mas minimiza os efeitos da aproximação com lideranças polêmicas como o pastor Silas Malafaia. “Tanto Haddad quanto Serra receberam apoio de personalidades polêmicas ou implicadas em escândalos de corrupção.”
Roma faz projeções sobre o futuro de Serra e da oposição e se mostra descrente sobre uma possível guinada do hoje aliado PSB de Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Confira abaixo a entrevista.
CartaCapital: O que explica o resultado da eleição em São Paulo?
Celso Roma: O candidato derrotado do PSDB, José Serra, concorreu sob condições adversas. Além de ser rejeitado por mais de um terço dos eleitores, Serra defendeu a continuidade de uma administração reprovada por mais de dois terços dos paulistanos. Em contraste, o candidato vitorioso do PT, Fernando Haddad, apresentou com antecedência um programa de governo, propondo mudança de gestão e novos projetos para a cidade.
CC: Quem perdeu mais na disputa, o PSDB ou José Serra?
CR: Ambos saíram derrotados da eleição em São Paulo. O candidato amargou outra derrota nas urnas. O partido perdeu a cidade que lhe conferia poder, prestígio e visibilidade.
CC: Quais foram os erros da campanha tucana?
CR: Na disputa do segundo turno da eleição, Serra concentrou seus compromissos no centro expandido da cidade, onde ele havia sido vitorioso. Além de ter feito menos eventos que o seu adversário, o candidato do PSDB visitou poucos bairros da periferia. Haddad fez carreatas e promoveu encontros inclusive nos redutos do PSDB, onde conseguiu diminuir a desvantagem em relação ao adversário no 1º turno.
CC: Isso ajudou a campanha do PT a apresentar Serra, durante a campanha, como um candidato anti-pobre? Essa imagem pegou?
CR: Nos debates da televisão, José Serra não conseguiu responder de uma forma satisfatória às questões levantadas por Fernando Haddad sobre pobreza e inclusão social. No programa do Serra, faltou destacar uma seção com projetos exclusivos para a população carente. Durante a campanha, faltou contato com os representantes de bairros da periferia. O contato com os moradores poderia reverter a imagem de Serra como candidato dos ricos, transmitida e reforçada pelo PT.
CC: Foi um erro, no caso de Serra, se aproximar de líderes conservadores como Silas Malafaia? O apoio dessas lideranças polêmicas não vai de encontro com o discurso histórico do partido?
CR: Tanto Haddad quanto Serra receberam apoio de personalidades polêmicas ou implicadas em escândalos de corrupção. Nesse quesito, os dois candidatos se assemelham. Assim como ocorreu com o PT ao longo dos últimos anos, o PSDB também se aproximou do campo conservador da política, diluindo o progressismo que marcou a fundação de ambos os partidos.
CC: Serra buscou uma agenda moralizante para a campanha e levou ao centro do debate as críticas à cartilha anti-homofobia produzida pelo Ministério da Educação na gestão Haddad. Isso o prejudicou?
CR: O problema está em discutir assuntos nacionais em uma eleição onde o que interessa aos eleitores são propostas para solucionar os problemas da cidade. A agenda de São Paulo deveria incluir projetos nas áreas de transporte, habitação, saneamento, educação e saúde. Políticas sobre aborto e anti-homofobia já estão sendo debatidas no Congresso Nacional.
CC: Nesta lógica, qual a necessidade de abordar o julgamento do “mensalão” numa eleição municipal?
CR: O assunto, por ser relevante, ao envolver ética e política, deveria e foi bem explorado por José Serra durante a campanha. Mas não interferiu no voto dos paulistanos, confirmando pesquisa Datafolha realizada em setembro. Ocorre que menos de 20% dos paulistanos estavam dispostos a mudar o voto em razão do julgamento de líderes e aliados do PT. Desse pequeno grupo, apenas metade dos eleitores deixaria de votar em Fernando Haddad.
CC: Com a derrota de Serra, o coro pela renovação dentro do PSDB tende a tomar corpo a partir de agora?
CR: O discurso sobre a renovação do PSDB é entoado desde a derrota de Geraldo Alckmin na eleição de 2006 para a Presidência. Já se passaram seis anos. Até este momento, as palavras não se transformaram em ações.
CC: Por quê?
CR: O PSDB está tendo dificuldade em projetar novas lideranças. Os quadros do partido envelheceram. Por outro lado, a juventude do PSDB não recebe por parte dos cardeais incentivo para se envolver com a organização e se lançar como candidatos nas eleições.
CC: Como seria feita esta mudança?
CR: O PSDB tem de aprender com as lições de seu principal rival. O PT também passou por um processo de renovação induzido por circunstâncias adversas. Neste ano, foram eleitos quatro ex-líderes da CPI dos Correios, dois deles, Eduardo Paes e Gustavo Fruet, são ex-deputados pelo PSDB que foram para a base parlamentar da presidente Dilma. Isso revela que o partido tem dificuldade de valorizar novas lideranças e manter em seus quadros filiados com potencial de vencer eleições. Se a Executiva Nacional do PSDB tivesse interferido nos diretórios fluminense e curitibano, essas personalidades teriam permanecido no partido. No PT, o julgamento do mensalão no STF forçou o partido a apresentar candidatos novos ou desvinculados do escândalo de corrupção. Onde o PT insistiu em velhas lideranças, perdeu.
CC: Qual deve ser o futuro político de José Serra? Deixar o partido? Disputar eleições legislativas? Ou bater o pé para uma nova chance em cargo executivo?
CR: Análises vislumbram de uma forma precipitada o fim da carreira de José Serra. No passado e no presente, temos contra-exemplos. Na década de 1990, muitos analistas propunham mudança do candidato do PT à Presidência, após Lula ser derrotado nas urnas por três vezes. Recentemente, após perder a eleição para senador em 2010, o tucano Arthur Virgílio foi enterrado, para neste ano ressuscitar e comandar a Prefeitura de Manaus.
CC: Quem ganha, no PSDB, caso Serra saia de cena?
CR: Aécio Neves pode ocupar o espaço de liderança nacional do PSDB, desde que os dirigentes do PSDB executem o plano para torná-lo conhecido além do território de Minas Gerais e desde que o neto de Tancredo Neves apresente um programa de governo.
CC: No PT, Haddad foi um nome imposto por Lula. No PSDB, Serra também foi colocado à frente de outros quatro pré-candidatos. O que esses episódios dizem sobre a democracia interna dos dois principais partidos do país?
CR: Os dois episódios não permitem generalização. Candidatos a prefeito impostos por Lula perderam em inúmeras cidades, incluindo capitais do país. O que devemos entender é que os líderes e os militantes dos partidos têm diferentes prioridades. Por estar mais envolvida no jogo eleitoral, a liderança prioriza a conquista do governo ou participação dele, mesmo que isso implique em formar alianças com adversários ou impedir a candidatura do favorito entre os filiados. De outro lado, a militância se motiva basicamente por ideologia, em defesa do programa do partido, desconsiderando muitas vezes as consequências de suas decisões.
CC: Apesar da derrota em SP, o PSDB cresceu nas grandes cidades e avançou pelas capitais. Dá para dizer que, de um modo geral, se saiu bem das urnas?
CR: No estado de São Paulo, apesar da derrota na capital e em outras cidades-chave, o PSDB elegeu o maior número de candidatos. Neste ano, o partido elegeu 176 prefeitos, enquanto o PT conseguiu 67. Mas a queda do total de prefeitos eleitos pelo PSDB é um sinal de alerta para o governador Geraldo Alckmin.
CC: O PSB também cresceu nas eleições. O sr. imagina que o partido estará de qual lado daqui pra frente? É possível que se apresente como uma nova oposição? Se sim, que impacto isso teria na oposição tradicional formada pelo trio PSDB/DEM/PPS?
CR: O segredo do sucesso do PSB está justamente em participar de um governo popular, ter acesso a ministérios e secretarias e ser privilegiado tanto na liberação das emendas parlamentares ao Orçamento como na transferência de recursos da União para estados e municípios. Se fosse para a oposição, correria o risco de perder espaço no governo Dilma e ter de enfrentar uma candidata à reeleição com alto índice de aprovação pessoal e administrativa.





"La economía ha reventado, ha agotado sus fuerzas, y con
tanto trajín es incapaz de explicar la porción de realidad que se le
había asignado". El escritor y periodista Antonio Baños (Barcelona,
1967) describe en su último libro, ’Posteconomía. Hacia un capitalismo
feudal’, la muerte de la economía tal y como la conocíamos hasta ahora.
Una economía que, pese al paso del tiempo, retrasa en lugar de avanzar y
retrotrae a la sociedad a una época pasada. Baños la llama Nueva Edad
Media (NEM): "Se trata de describir un paisaje que nos sirva para
comprender el nuevo mundo que se está conformando ante nuestros ojos.
Una sociedad señorial, basada en estamentos más que en clases.
Profundamente dogmática, [...] una sociedad creyente en una teocracia
econócrata, donde el beneficio, el fantasmagórico crecimiento, la veloz
circulación de dinero y el eterno aumento de beneficios sean los
mandamientos sagrados. Un mundo en el que la academia abandone su lugar
crítico para adoptar el papel de respaldo intelectual de las élites,
como hiciera la Iglesia en su día".


Jean-Luc
Mélenchon, ex candidato presidencial francés por el Front de Gauche y
eurodiputado, visitó Montevideo brevemente, con el objetivo de
profundizar en la experiencia organizativa del Frente Amplio: cómo
funciona en la práctica una organización que agrupa a toda la izquierda a
pesar de sus diferencias.