quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Denúncia impede Kassab de pagar 5 x mais por tablets


'Estado' denunciou que locação sairia mais cara do que a compra dos aparelhos para o Prodam

15 de dezembro de 2011 | 12h 19

Estadão.com.br
SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), mandou suspender o aluguel de cerca de 10 mil tablets para fiscais e profissionais da administração pública após denúncia do Estado nesta quinta-feira, 15, que apontou mau uso da verba pública em contrato da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município (Prodam).
A reportagem mostrou que os R$ 138,9 milhões usados para alugar os aparelhos por três anos daria para comprar mais de 53 mil tablets mesmo sendo os equipamentos mais caros do mercado. O valor cobrado era cinco vezes mais caro que o preço de varejo.
O prefeito disse que o prosseguimento da contratação ficará paralisado até que tudo seja esclarecido. O presidente da Prodam, Cesar Kiel, justificou o aluguel dizendo que o modelo de tablet contratado é mais robusto, resistente a chuva e poeira, e que os modelos de uso pessoal apontados pela reportagem não atendem as especificações da Prefeitura.
Atualmente, um iPad 2 com 64 gigabytes de memória e conexão 3G, é de R$ 2,6 mil, segundo o site da fabricante Apple - mais de cinco vezes menor do que o valor a ser pago pela Prefeitura no aluguel dos aparelhos aparentemente mais simples, já que as especificações exigidas no edital são diferentes das do tablet da Apple.
Kiel afirmou que o valor é com certeza o melhor custo beneficio para o contrato. Os tablets que seriam utilizados por exemplo, pelos agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e por fiscais da Vigilância Sanitária, que agora poderão emitir recibo de auto de infração pelo aparelho.
Fraude. Além disso, o contrato foi assinado com uma empresa cujo o proprietário é foragido da Justiça. Carlos Alberto Zafred Marcelino, da Neel Brasil é acusado de envolvimento na fraude da inspeção veicular denunciada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Sobre isso, o presidente da Prodam negou ter conhecimentos das denúncias e disse que "a relação é entre empresas e não pessoas". / COM REPORTAGEM DE FELIPE FRAZÃO

Velha mídia esconde avaliação mto positiva de Dilma

A pesquisa encomendada pela Katia Abreu (CBA) ao Antonio Lavareda (PSDB) foi curtamente relatada pelo Valor de hoje e ignorada, até agora, por FSP e Estadão.
Já o site de ultradireita CoroneLeaks, ex-Coturno Noturno (http://coturnonoturno.blogspot.com/), publica o copiado abaixo. Tempos interessantes...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Uma pesquisa isenta mostra o quanto o discurso da oposição está equivocado.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), dirigida pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), vem fazendo um trabalho de fôlego para eliminar os bolsões de atraso que convivem com áreas de excelência da agropecuária brasileira. Depois de dissecar o Censo Agropecuário do IBGE, através de um trabalho da FGV que permitiu que a entidade apresentasse uma nova política agrícola para o governo federal, hoje apresentou um pesquisa feita pelo instituto do sociólogo Antônio Lavareda, que radiografou a Classe Média Brasileira. Como este é um blog político, buscamos no levantamento algumas informações que comprovam o que sempre dissemos: o discurso da oposição está equivocado e caquético, velho e ultrapassado, sem a mínima aderência com o que o brasileiro está pensando.
  • 86% da classe média está satisfeita ou muito satisfeita
  • 65% acha que o Brasil está no caminho certo
  • 81% acha que a vida vai melhorar ou melhorar muito
  • 85% acha que a sua vida é melhor do que a dos seus pais
  • 87% acha que a via dos seus filhos será melhor ou muito melhor do que a sua
Entre a grande maioria de satisfeitos, os sentimentos que preponderam são a esperança (57%), a alegria(52%) e a tranquilidade(42%). A constatação é que no Brasil de hoje a classe média está majoritariamente feliz.
As questões relacionadas a valores são interessantes. Quem acha que a pauta do aborto nas últimas eleições estava errada, errou: 86% da classe média é contra o aborto. E teve tucano que achou a estratégia errada. Da mesma forma, outro grande equívoco: 93% é contra a liberação das drogas, 85% é contra a liberação da maconha, 60% é a favor da pena de morte para assassinos, 81% é a favor da diminuição da idade penal e 57% é contra casamento homossexual, 70% é contra invasões de terras.
Privatização, um tema que o tucanato insiste em recuperar, não emociona a classe média. 47% concorda que o governo só deve cuidar de serviços essenciais, enquanto 44% discorda. Um tema destes não pode ser base para discurso político. Não elege ninguém.
Qual a agenda da classe média? Nenhuma surpresa. Para 59% o problema é Saúde, para 38% é Segurança, Violência e Drogas, para 35% é Educação. Corrupção é problema para apenas 13% da Classe Média e Desemprego para 20%.
E o que a Classe Média pensa sobre governo Dilma?


Somando-se o "regular", a avaliação positiva do governo Dilma alcança 89% na pesquisa da CNA.
Uma das constatações da pesquisa é salada ideológica que mora na cabeça da Classe Média. A pesquisa identificou a posição política dos entrevistados: esquerda, centro e direita. E pedia para que os entrevistados também identificassem qual a posição política de Dilma Rousseff. Vejam, abaixo, o resultado, considerando-se apenas os que souberam fazer a identificação. Amarelo é como o entrevistado se enxerga, ideologicamente. Vermelho é como ele enxerga Dilma.

Tirem as suas próprias conclusões sobre o quadro acima.O pior de tudo para a Oposição ficou para o fim. Vejam o que a Classe Média respondeu diante da seguinte pergunta: "Pensando nos últimos cinco anos, gostaria que dissesse em relação à sua vida pessoal e de sua família, se cada um dos aspectos que vou citar melhorou, ficou igual ou piorou..." Abaixo, o quadro com as respostas positivas, o "melhorou".
(não foi possível copiar)
O quadro acima aponta, bem como outras questões, apontam que a Classe Média está em lua-de-mel com a vida e pedalando e andando para o passado. O discurso de legado é uma bobageira sem tamanho. É dar varada n'água. A Classe Média está cheia de esperança e de alegria. Ou a oposição fala de um futuro melhor e esquece as velharias ou não vai voltar ao poder nunca mais. A pesquisa tem muitas outras coisas, mas é bom parar por aqui. Para esta oposição que temos, ela só traz más notícias.

Artur Araújo

A desmoralização da economia de mercado

A desmoralização da economia de mercado

Do jornal Valor Econômico

O desenvolvimento é mais embaixo

Antonio Delfim Netto

01/02/2011



Uma das funestas consequências da crise construída pelo sistema financeiro internacional, sob os olhos complacentes das autoridades monetárias, foi a desmoralização da economia de mercado como instrumento eficiente de um Estado indutor (constitucionalmente controlado) para criar as condições do desenvolvimento social e econômico num contexto compatível com a liberdade de iniciativa individual.

Todos sabemos que ela não foi inventada. É produto de um processo que começou há mais de 130 mil anos, quando os homens abandonaram a África para ocupar o mundo. Sendo um processo, foi encontrando mecanismos flexíveis para satisfazer os objetivos sempre mutáveis dos homens. Esses, lentamente, transcenderam às suas necessidades materiais.

É esse caminho da "humanização" do homem, a rigor explorado apenas nos últimos 300 anos, que permitiu sextuplicar a população mundial, que aumentou em mais de sete vezes a disponibilidade per capita de bens e serviços e aumentou (graças à ciência e à tecnologia) a expectativa de vida ao nascer de 35 para 70 anos.

É claro que tal organização está longe de ser plenamente satisfatória, mesmo porque, sendo um processo, a cada momento criam-se novas "necessidades": a civilização sempre exige mais civilização... Ela está longe de ser perfeita e terminada, mas todas as alternativas construídas por cérebros peregrinos, que imaginaram construir a "sociedade perfeita" habitada pelo "homem perfeito", fracassaram miseravelmente. O século XX é um cemitério dessas aventuras. O século XXI promete mais alguns cadáveres...

A urna corrige excesso do falso tecnicismo econômico

Os economistas estão sempre atentos a relações entre eventos e, quando as encontram, inventam histórias para "explicá-las". Uma história que tem sobrevivido desde Adam Smith (que "explica bem o caso da Holanda e da Inglaterra) é que aquela economia de "mercado" só aparece e se desenvolve quando a sociedade aceita e dá dignidade à atividade exercitada pelos que têm iniciativa, e os benefícios de suas "inovações" podem ser apropriados por eles. Isso, obviamente, exige um Estado indutor, com mãos leves e amigável com relação a eles.

Essa história talvez "explique" melhor do que as funções de produção o fenomenal desenvolvimento da China, a partir de 1978, e da Índia a partir de 1991. Os fatores de produção (terra, mão de obra e capital) e as funções de produção inventadas pelos economistas já estavam lá em estado latente há dezenas de anos, e a produtividade total dos fatores, medida estatisticamente, era muito próxima de zero. O que faltava era um Estado indutor que: 1) respeitasse e dignificasse a atividade do setor privado; 2) libertasse o "espírito animal" dos empresários para utilizar e dar maiores oportunidades de progresso à mão de obra; e 3) garantisse que cada um poderia apropriar-se dos benefícios de sua iniciativa.

O mesmo fenômeno talvez se repita na Rússia, onde o governo promete remover o "entulho" que sobrou depois da queda da URSS, quando a transferência da atividade estatal para o setor privado foi entregue aos feudos do velho Partido Comunista. Houve, até agora, simples transferência da ineficiência estatal para uma cleptocracia, que destruiu até os setores de ponta tecnológicos do país. Diante da necessidade imposta por uma nova eleição (em 2012), Vladimir Putin apela para uma reabilitação moral da atividade econômica privada.

A nova "meta" é dar dignidade ao lucro honestamente obtido e libertar o espírito empreendedor pela ampliação da competição; privatizar US$ 50 bilhões de ativos (inativos!), que estão nas mãos do Estado (vender hotéis e times de futebol!); cortar as asas dos oligopólios (que estão ainda nas mãos de velhos companheiros da KGB!); estimular a abertura de novos investimentos, diminuindo a burocracia; ampliar a venda de tecnologia nuclear; diminuir a dependência do setor energético com fontes alternativas; proteger com tarifas e estimular com subsídios os setores automotivo e aeroespacial, a agricultura e diversificar a exportação de petróleo. A China hoje importa ¾ do total.

Para quem ainda tem dúvida que o respeito à dignidade da atividade industrial de bens e serviços (que nada tem a ver com os predadores financeiros!) é fundamental, basta observar os últimos movimentos de Barack Obama. Ameaçado pelas urnas, tenta uma reaproximação com o setor real da economia americana.

Seu maior erro foi a pirueta inicial para agradar os democratas: salvar os desonestos que produziram a crise à custa de 17 milhões de desempregados (metade dos quais há mais de seis meses) que ganhavam a vida honestamente. Como agora também os EUA sabem, a urna corrige o excesso do falso tecnicismo econômico. Às vezes um pouco tarde...

Essas historietas têm muitas e proveitosas lições para o Brasil.

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento