quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

PAU-BRASIL

O PAU-BRASIL CAI BEM COMO METÁFORA SIMBÓLICA DO QUE SIGNIFICOU O BRASIL PARA OS SEUS EXPLORADORES DE ENTÃO E DE HOJE Sob monopólio estatal (Coroa Portuguesa), ou privado (concessão de exploração como privilégio dos amigos e amigos dos amigos do rei), a NENHUM BRASILEIRO comum foi autorizado a explorar/negociar o pau-brasil. Ao titular da concessão cabia a condução da árvore e o seu corte, mediante baixa remuneração pela Coroa, que não compensava o imposto, duas ou três vezes o valor pago pelo serviço. Daí o ÓDIO de quem tinha por obrigação manter a espécie no âmbito de seu domínio. Campeava o contrabando, e o seu porto mais conhecido de desembarque da muamba na Europa era na Normandia, França, e não em Portugal, por motivo óbvio. A Companhia de Jesus também conquistou a sua "boquinha" nessa empreitada. Sob pretexto de evitar a exploração clandestina, proteger os indígenas contra os maus tratos submetidos ao seu manejo e assegurar a sua exploração sustentável, ela obteve também o monopólio do CORTE da madeira na Capitania do Espírito Santo, mas extensível a todo o território. O entusiasmo dos religiosos pelo negócio era tal, que foram advertidos por um visitante papal, de que a sua missão não era vender pau-brasil, exceto aos autorizados pelo rei, uma maneira diplomática de dizer que não deveriam manter negócios com os contrabandistas. Durante o longo perído em que durou o monopólio real-privado (modalidade pioneira equivalente às parcerias público-privadas da atualidade, incentivadas e financiadas pelo governo, via BNDES), a sanha na erradicação do pau-brasil inflamou o ânimo de muitas pessoas de influência que se opunham a ela - e de nenhuma de que dela desfrutavam, sob a cobertura e proteção da autoridade delegada pela Coroa. Assim é que, à diferença de outras espécies arbóreas da flora brasileira, o pau-brasil nunca foi incorporado à CULTURA nacional. Cada espécime de pau-brasil era visto como um corpo estranho na área de posse dos fazendeiros, tanto mais que o Estado autorizava os concessionários do privilégio a entrar e sair, sem lhes dar satisfação. E para arrematar, quando do acordo do Tratado de Comércio, entre Brasil e Grã-Bretanha, os ingleses passaram a controlar as Alfândegas, assegurando, assim, o livre embarque da madeira, desde que cobrado o imposto, em nome da Coroa e com ela repartido. /// A decantada INTEGRAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA À ECONOMIA INTERNACIONAL SEGUE MODELO EQUIVALENTE quanto à partilha de seus resultados, com a diferença à pior de que não incide imposto algum sobre os exportadores (lei Kandir etc.). Nivaldo Manzano