entranço de vice-versa
Artigos, ensaios, pesquisas de interesse geral - política, cultura, sociedade, economia, filosofia, epistemologia - que merecem registro
sexta-feira, 6 de junho de 2025
CREDITO DE CARBNO BALANÇO JUNHO 25
CREDITO DE CARBNO BALANÇO JUNHO 25
https://airtable.com/app676ETan5GMQGEq/shrPG60NRRI1Ui24R/tblLR7Mrvp0xbSQME
terça-feira, 3 de junho de 2025
PENSAMENTO CRÍTICO
Escola de Frankfurt - Crítica à sociedade de comunicação de massa José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação Qual é a influência de meios de comunicação de massa, como a TV, sobre uma sociedade? Como as pessoas são mobilizadas a acompanharem um noticiário como se estivessem assistindo a uma telenovela, como ocorreu no recente caso da morte da menina Isabella? Os primeiros filósofos que detectarem a dissolução das fronteiras entre informação, consumo, entretenimento e política, ocasionada pela mídia, bem como seus efeitos nocivos na formação crítica de uma sociedade, foram os pensadores da Escola de Frankfurt. Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Ado... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/escola-de-frankfurt-critica-a-sociedade-de-comunicacao-de-massa.htm?cmpid=copiaecola
Posteriormente, entre os anos 70 e 80, os frankfurtianos foram muito criticados por uma visão reducionista dos receptores, graças a pesquisas que demonstraram que as pessoas não são tão manipuláveis quanto Adorno pensava na época. Além disso, nem toda produção cultural se resume à indústria. Nas histórias em quadrinhos, por exemplo, temos Disney e Maurício de Souza, mas temos também quadrinhos alternativos e autorais. Apesar disso, Adorno e Horkheimer tiveram o mérito de serem os precursores da denúncia de um "totalitarismo eletrônico", em que diversão e assuntos importantes são "mixados" num só produto; em que representantes políticos são escolhidos como se fossem sabonetes. Nest... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/escola-de-frankfurt-critica-a-sociedade-de-comunicacao-de-massa.htm?cmpid=copiaecola
segunda-feira, 2 de junho de 2025
NOVO PARA CLE 01 06
Da Política do Conceito à Política do Sujeito
“A verdadeira filosofia consiste em reaprender a enxergar o mundo”.
(Merleau-Ponty, em 'Fenomenologia da Percepção')
Do direito de ser igual ao direito de ser diferente
Política do Conceito versus Política do Sujeito - Esses são os termos
antitéticos do debate recorrente na atualidade. O debate dá-se em torno da interpretação subjacente do significado de logos (palavra, discurso articulado), ideia
central na sabedoria grega,da qual o Ocidente Iluminista se diz herdeiro. Em um polo, está a acepção do logos como razão, ou racionalidade, entendida como faculdade
soberana; em outro polo, está a sua acepção entendida como expressão do conjunto das
faculdades humanas, a saber, além da razão, a intuição, e ética, a
estética e os sentimentos, faculdades consideradas originariamente como distintas,
porém, não separáveis, e de equivalente valor axiológico.
Vou ater-me à interface epistemológica e axiológica do debate.
O objetivo deste trabalho é contribuir para o entendimento de que a atribuição de soberania à razão iluminista (dualista) seria responsável tanto pelo progresso da
pesquisa científica, em sua dimensão abstrata, como pelos seus empecilhos de igual monta, no concreto da realidade, como ação, ou comportamento (monista); empecilhos que, na literatura crítica ao Iluminismo, se atribuem a essa suposta soberania, considerada como um desperdício dos recursos interpretativos à disposição da vocação humana. A renúncia, ou rejeição, ao reconhecimento, em termos de equivalência axiológica, das demais janelas abertas para a apreensão da realidade sugere
tratar-se de uma ocorrência originária de solo europeu, supostamente
responsável pela crise cultural ou civilizacional do Ocidente, pois não ocorreu em nenhuma outra grande civilização, ou visão de mundo, a hierarquização das faculdades humanas.
Sobre o pano de fundo projeta-se, em contraste, a emergência histórica
da razão na sabedoria da Grécia Clássica, como faculdade de valor
axiológico não mais importante nem menos importante que o conjunto das
faculdades humanas. Com a soberania da razão, o logos é reduzido a
uma sintaxe da realidade, de regras fixas infensas ao tempo e ao
espaço, uma abstração de caráter reducionista, esvaziando-se desse modo a pragmática e a semântica. A metodologia utilizada é o recurso à literatura conceitual atinente à
questão, associada a um rol de evidências empíricas, colhidas na história recente da epistemologia. Argumenta-se no desdobramento da hipótese que o conhecimento como poder (Francis Bacon), migra, em sua reconstrução, da política do conceito para a política do sujeito. Como conclusão, evidencia-se que essa reconstrução tende a consolidar um novo campo do saber tão mais vasto e promissor
quanto mais incorpore a contribuição do saber ancestral. Esse saber
caracteriza-se por assumir, como equivalente ao logos na sua
inteireza, todas as faculdades humanas, distintas, porém,
não separáveis. Assim, uma vez liberta do mito iluminista da soberania da razão, estaria desobstruído o caminho que nos convida superar a democracia liberal, restrita a procedimentos (meios) para recompormos a democracia política substantiva, comunitária, ou de fins.
Nivaldo Manazano
Sociedade civil, instituições participativas e representação: da autorização à legitimidade da ação
L Avritzer - Dados, 2007
Citar Citado por 663 Artigos relacionados Todas as 14 versões
[PDF] scielo.br
O conceito de sociedade civil: em busca de uma repolitização
MA Alves - Organizações & Sociedade, 2004
Citar Citado por 86 Artigos relacionados Todas as 8 versões
[PDF] scielo.br
[PDF] Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando
E Dagnino - Políticas de ciudadanía y sociedad civil en tiempos de …, 2004
Citar Citado por 1375 Artigos relacionados Todas as 12 versões
[PDF] reporterbrasil.org.br
ver Sociedade civil, instituições participativas e representação: da autorização à legitimidade da ação bbb https://www.scielo.br/j/dados/a/xfPSZNfnDzgFpXmYBsDvrhd/
A oposição antitética entre política do conceito e política do sujeito não reflete uma oposição excludente necessariamente, assim como ocorre com a oposição entre a dimensão do feminino e a dimensão do maasculino, oposição inclusiva, mas não excludente. A dimensão feminina enfatiza a continuidade na experiência do comportarmento, na dimensão pragmática da realidade, enquanto a dimensão masculina, na visão ocidental, enfatiza a descontuidade da realidade, ancorada historicamente na abstração conceitual, ainda presa à ideologia do Iluminimo. Continuidade e descontinuidade da realidade, nos termos da Filosofia da Práxis, de Aristóteles, que se opõe e inclui ao mesmo tempo a sua Filosofia Teorética. De sua Filosofia Pragmática, Aristóteles exclui metodologicamente a incidência de sua Lógica da identidade e não contradição e da Matemática, por lidarem somente com abstrações e conceitos, por definição delimitados, descontínuos, instrumentos de operações mentais, em contraposição ao comportamento, que é contínuo e descontínuo ao mesmo tempo. A Práxis é o ambiente existencial em que se move o sujeito por inteiro, que se enxerga a si mesmo, aos outros e ao mundo mediante a manifesstação da palavra, ou do gesto, palavra como sinônimo de logos (todas as faculdades humanas incluídas, distintas, porém, não separáveis, embora de equivalente valor axiológico: continuidade e descontinudade ao mesmo tempo.
Eventualmente estranho para nós, isso não é estranho à sabedoria grega, que abrange e implica muito mais que a filosofia grega no sentido herdado e filtrado pelo Ocidente Iluminista, mediante o artifício da redução, de uso indiscriminado pela matemática, que teria abjurado o espírito da álgebra inaugural do persa Al Kwarismi, a respeito de quem se diz que não pretendeu separar qualidade e quantidade, como o faz a álgebra de Boole, por exemplo, que se constitui da oposição conceitual dicotômica entre o zero e o um, oposição que caracteriza a linguagem digital.
Para os gregos desde a Grécia de Homero, e de Homero remontando ao mito, a realidade é um devir do cosmos, na sua unidade primordial, na qual se inclui o ser humano na condição de parte integrante e inseparável do cosmos, perfazendo uma unidade conflitiva e solidária ao mesmo tempo, continuidade e descontinuidade. A palavra (logos) é considerada como uma epifania que enuncia o sagrado no mito e o desvelamento da realidade à luz da reflexão autônoma.
É o que pode observar-se no pensamento de pré-socráticos, como Heráclito, do "tudo flui nada permanece" (panta rei ouden menei), ou do "apeiron" (sem fronteiras) de Anaximandro, a realidade última, a arché, que é eterna e infinita, de onde provém sempre novo material do qual tudo o que percebemos é derivado. O ápeiron gera os opostos, quente-frio, seco-molhado etc., pares de opostos inclusivos que interagem na recorrente atualização do cosmos. O botão desabrocha em flor, que lança a semente ou os esporos, que no solo germinam, dando origem a uma nova planta que se desenvolve, retomando o ciclo da natureza inteira, das pedras, aos animais, ao microcosmo e à reflexão humana.
Diferentemente do mito e da reflexão da Grécia Arcaica e da Grécia Clássica, o pensamento ocidental é incapaz de descrever a transformação ou metamorfose, por insistir como válidos na pesquisa científica somente os critérios abstratos da lógica e da matemática. Essa exclusão atesta o fracasso do inglês Alan Turing (1912 -1954), considerado como o pai da computação, ao não ter entendido que o algoritmo no plano do comportamento não pára, para retornar ao seu início do qual teria partido. Tenho para mim que a solução do desafio foi apresentada pelo professor Fuad Gattaz Sobrinho, matemático paulista, em sua "Álgebra Contextual", que lhe permitiu construir ambientes computacionais à semelhança do modo de proceder da mente humana. Ou seja, com os ambientes computacionais de Gattaz Sobrinho já não é preciso trocar de cabeça (hardware) a cada nova ideia que ocorra na mente, pois a mente gera espontaneamente um novo "software" (uma nova configuração das propriedades dos componentes), que lhe permite entrar em sincronia com a realidade em estado de mudança, por postulado). Assim pensava também Confúcio, ao dizer que "o homem não tem ideia", preso a um hardware, diria hoje, pois uma ideia fixa na mente (um hardware) impede a assimilação e interação com as novas ideias que lhe ocorram na realidade em estado de mudança.
Voltando aos pré-socráticos. Também o antecessor de Anaximandro, Tales de Mileto (624 a.C - 546 a.C.), embebeu a sua reflexão na tradição da mitologia grega. Tendo estado no Egito, Tales trouxe para a Grécia o que concebeu como geometria, ao fixar as propriedades das figuras geométricas, de caráter abstrato. Anaximandro, em busca de algum princípio universal, assumiu que haveria uma ordem cósmica, em consonância com a linguagem mitológica, mais apropriada para uma cultura que se habituara a ver deuses em tudo à sua volta. Assim as primeiras leis da natureza seriam elas próprias derivadas das leis divinas. Isso ocorre também em Platão, no que Aristóteles o contraria, dizendo que as leis têm origem na pragmática humana. A palavra nomos (lei) tem, de fato, o significado lei natural em Aristoteles, mas no seu entendimento que a reflexão autônoma é um fenômeno natural em consonância com a tradição da cultura grega já laicizada, da continuidade e descontinuidade do cosmos, da qual Platão parece se ter dissociado, talvez pelo seu hipertrófico entusiasmo pela matemática. No frontão de sua Academia PLatão mantou inscrever: !”Não ouse entrar quem não seja geômetra", para o desagrado de Aristóteles, que discordou da ideia de Platão de geometrizar a visão de mundo.
Creio que a exposição inicial desta apresentação é suficiente para se dar conta de que não seia possível a compreensão razoável do que veio a dar no Iluminismo, na Modernidade e na pós-modernidade, na sua acepção inaugural do pensador francês Jean-François Lyotard, sem se projetar como pano de fundo a cultura da Grécia Clássica.
Pode situar-se o momento decisivo da ruptura (ou redução) com a visão de mundo da cultura da Grécia Classica como expressa em Blaise Pascal,na sua oposição à soberania da razão por r
Incluir a noção de representação em COMUM: Thomas Hobbes. Hobbes, no Leviatã, procurou lançar os fundamentos de um conceito não-religioso capaz de romper com a doutrina cristã. O autor buscou dois fundamentos seculares para a noção de representação, um primeiro, na Grécia, com a idéia de prosopon, isto é, da substituição de uma pessoa por outra no teatro, e um segundo, em Roma, com a idéia do procurador em Cícero. Para este, o procurador representa o seu cliente ao desempenhar três papéis distintos: "o meu, o do meu oponente e o do árbitro" (Cícero, Oratorium, Cambridge, Loeb Classical Library., tradução de Leonardo Avritzer). "m Cícero, a idéia de representação envolve dois elementos: o da identificação e o da autorização. O procurador identifica-se com a condição do representado antes de representá-lo, e isso gera uma relação de afinidade. No entanto, da maneira como ela é abordada por Thomas Hobbes, apenas a autorização adquire relevância"
Ver representação em avritzer abertura https://www.scielo.br/j/dados/a/xfPSZNfnDzgFpXmYBsDvrhd/?lang=pt
O ESPETÁCULO E A FESTA em Salinas Fortes SALINAS FORTES, Luis Roberto. Paradoxo do espetáculo: política e poética em Rousseau. São Paulo: Discurso Editorial, 1997. Assinala Salinas Fortes, no encerramento de seu livro (1997, p. 191): “Como simples ‘espectadores’, seremos pura e simplesmente esmagados. Enquanto atores em uma festa coletiva, temos alguma chance de exercitar nossa liberdade em toda a sua plenitude: que a festa sirva de paradigma, pois, para a própria ordenação global da vida política”.
a ideia da festa popular prima pela informalidade, espontaneidade e pela participação coletiva. Nela, a realização é comum, favorecendo que os grupos superem suas diferenças sociais, criando um vínculo afetivo importante na formação do espírito de coletividade.
[HTML] Don Juan et Faust. Du récit populaire à la construction du mythe de l'individu
D Vignon - Littératures, 2016
[HTML] openedition.org
Chapitre 8. L'acte artistique: le spectacle vivant comme exemple de synthèse territoriale
M Duvigneau - References, 2002
Citar Artigos relacionados Todas as 3 versões
La clown: un idéal impossible?
D Cezard - Recherches féministes, 2012
Citar Citado por 9 Artigos relacionados Todas as 3 versões
[PDF] erudit.org
Prometeu: Prometeu foi um titã que roubou o fogo dos deuses para entregá-lo aos humanos, desafiando assim o poder de Zeus. Como punição, ele foi acorrentado a uma rocha enquanto uma águia o torturava diariamente, com o fígado de Prometeu se regenerando todas as noites.
- O mito de Ícaro e Dédalo: Dédalo, um talentoso artesão, construiu asas de cera para ele e seu filho Ícaro voarem. Ele apresenta a história de sua fuga do Labirinto do Minotauro junto com seu pai, Dédalo. Para a fuga, Dédalo construiu dois pares de asas. Na fuga, Ícaro desobedeceu seu pai e se aproximou do sol, o que danificou o item e o fez cair no mar, levando-o a morte.
teoria segundo a qual o embrião se desenvolve a partir de um zigoto amorfo ou indiferenciado; epigenesia, epigenia.
MAINE DE BIRAN -a visão que vê - sobre a representação-crtica a Kant - MIchel HENRY PAG 135
FAZER A INTRODUÇÃO DA CRÍTICA AO ILUMINISMO COM A MORRTE DE CARLOS i 1649.
DESCARTES X PASACAL BBB
Descartes seja amaldiçoado
Blaise Pascal: O Homem Que Criou o Mundo Moderno
Por Graham Tomlin
Hodder & Stoughton 438pp £ 25
https://literaryreview.co.uk/descartes-be-damned
O que significa ser moderno? A resposta foi amplamente determinada bem cedo na era moderna por três pensadores que, por sorte, não só vinham do mesmo lugar e falavam a mesma língua, como também eram quase contemporâneos. Quando René Descartes nasceu, em 1596, Michel de Montaigne havia morrido havia apenas quatro anos. Blaise Pascal, o terceiro deles, nasceu em 1623, quando Descartes ainda não tinha trinta anos e ainda não tinha se destacado. Em 1647, Pascal e Descartes, o jovem prodígio científico e o célebre fundador do racionalismo moderno, se encontrariam pessoalmente, mas o encontro não correu muito bem. Descartes não pareceu particularmente impressionado com Pascal, enquanto Pascal deve ter achado Descartes um pouco condescendente demais. Para garantir a sobrevivência de sua admiração mútua, certas pessoas talvez devessem se manter afastadas umas das outras.
A principal objeção de Pascal, porém, era filosófica. "Não posso perdoar Descartes", escreveu ele. "Em toda a sua filosofia, ele gostaria de poder viver sem Deus; mas não pôde deixar de lhe dar um estalar de dedos para colocar o mundo em movimento; depois disso, não teve mais nada a ver com Deus." O Deus de Descartes era uma espécie de Deus engenheiro aposentado, conspicuamente ausente do funcionamento do mundo. O Deus cartesiano não passava de uma premissa filosófica, uma construção mental, e Pascal não tinha utilidade para tal coisa. Toda a sua vida foi uma busca contínua e ansiosa pela presença divina no mundo, pelo "Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, não dos filósofos e dos eruditos". Deus era acima de tudo algo a ver com o coração, e o coração para Pascal era tudo. Em Pensées , ele escreveu: "É o coração que percebe Deus, e não a razão". É isso que é a fé: Deus percebido pelo coração, não pela razão — e, mais notoriamente, "O coração tem razões que a r......
As posições de Descartes e Montaigne são respostas à questão do que significa ser moderno, à qual Pascal acrescentou a sua. A tarefa que Graham Tomlin se propõe neste livro é relatar como Pascal alcançou isso. Ao fazê-lo, ele não apenas discute Pascal em relação a Descartes e Montaigne, mas também o situa em um contexto muito mais amplo, abrangendo a revolução científica inicial, o jansenismo, o jesuitismo e o calvinismo, o Port-Royal e a França do século XVII como um todo. O Pascal que emerge das páginas do livro de Tomlin é uma figura complexa, ao mesmo tempo fascinante e intrigante, tão difícil de rotular quanto fácil de deturpar. Ele foi um cientista genial que, no entanto, escolheu a religião como centro de sua vida. A possibilidade de um universo infinito que as descobertas científicas modernas começaram a sugerir o deixou não impressionado, mas aterrorizado: "O silêncio eterno desses espaços infinitos me enche de pavor." Mas ele também não era um crente comum. Sua fé era agonística, enraizada não em argumentos filosóficos, mas em uma experiência pessoal inefável. O momento decisivo de sua vida ocorreu durante uma "noite de fogo", quando recebeu a revelação de Deus.
Apesar de todo o seu envolvimento com a ciência, a filosofia e a literatura de sua época, Pascal era uma figura singular na França de Luís XIV. Sua ideia central – a de que a humanidade é simultaneamente grande e miserável, nobre e desprezível – em torno da qual grande parte de sua obra (e especialmente seus "Pensées ") se constrói, o afasta de seu ambiente imediato e o coloca próximo de pensadores como Fiódor Dostoiévski, Søren Kierkegaard e Simone Weil. Poderíamos muito bem chamá-lo de "existencialista" se a palavra não fosse tão diluída pelo uso excessivo.
Há muito a elogiar no livro de Tomlin. É ambicioso e abrangente, bem pesquisado e bem estruturado. Oferece uma discussão sólida sobre uma figura crucial, porém um tanto negligenciada, do início da modernidade, a quem nós, pós-modernos, tanto devemos. Um de seus maiores méritos é fazer Pascal parecer não apenas relevante, mas também instrumental em nossa autocompreensão. "Em um mundo imerso em guerras culturais, equilibrado entre o moderno e o pós-moderno", escreve Tomlin, "as condições que deram origem ao pensamento de Pascal são notavelmente familiares". Tendo trilhado seu próprio caminho "entre o racionalismo confiante de Descartes e o ceticismo duvidoso de Montaigne", Pascal pode nos mostrar uma saída para nossos próprios impasses intelectuais.
Estilisticamente e retoricamente, no entanto, este livro parece sofrer de uma espécie de crise de identidade. Nem sempre fica claro para quem foi escrito e a que gênero pertence. Na maioria das vezes, Blaise Pascal se lê como uma obra acadêmica séria e investigativa. No entanto, às vezes, muda abruptamente para o modo livro didático, tornando-se didático e repetitivo. Essa qualidade simplificada, levemente irritante no início, torna-se positivamente irritante à medida que você prossegue na leitura. Não há necessidade, em um livro como este, de falar do "filósofo francês do século XX Michel Foucault" ou do "filósofo dinamarquês do século XIX Søren Kierkegaard". Deve-se presumir que qualquer pessoa que tenha decidido lê-lo esteja ciente das nacionalidades desses filósofos e de quando viveram. Sim, é útil saber que a vida de Pascal foi breve, mas por que repeti-lo dez vezes? Para uma vida tão curta, uma teria sido suficiente.
sábado, 31 de maio de 2025
Emulação jogo china
Dentre as características prazerosas dos jogos está a emulação. A emulação é o sentimento que leva alguém a exercitar-se tentando igualar ou superar a outrem, ao mesmo tempo que superar-se a si mesmo ao cotejar o seu próprio desempenho com o desempenho de outrem. Foi nesses termos que Aristóteles imaginou na sua Filosofia Pragmática a busca da excelência na vida individual, com vistas à "vida boa" uma existência gratificante aberta para uma realização recorrente, que não se encerra. Trata-se de uma atividade espontânea, e o seu desfrute consiste em responder ao desafio do risco e da incerteza, que o jogo implica, uma réplica na sua versão inofensiva, de alto valor pedagógico, portanto. A diferença está em que nos jogos são os contendores que se dão as regras de comum acordo, ao passo que na vida real as regras estão dadas pelas condições contextuais que se herdam e às quais se responde mudando-as, por exemplo, se assim se desejar. Na existência, entende-se que nada é dfinitivo, tudo é revogável. Para o ser humano, a norma é a capacidade de mudar de norma, observa o filósofo francês Georges Canghilhem.
No contexto da política, joga-se a emulação do poder.Poder é um vocábulo polissêmico, com frequência motivo de confusão. Poder na política é a habilidade ou capacidade de agir, determinar, ou influenciar o comportamento de outrem. A acepção de poder nos jogos difere do poder na acepção da política, pois no jogo os contendores estabelecer as regras que eles próprios se dão, de comum acordo. É essa modalidade de jogo que merece propriamente o nome de jogo, em razão da reciprocidade e da gratuidade, que o jogo implica. Sem o reconhecimento de um adversário, não há jogo.
. "Eu sou porque nós somos".ubuntu
John Dewey educação bbb
https://www.academia.edu/51720837/Educa%C3%A7%C3%A3o_Na_e_Para_a_Democracia_No_Brasil_Considera%C3%A7%C3%B5es_a_Partir_De_J_Dewey_e_J_Habermas?email_work_card=abstract-read-more
RESUMO: O artigo tem por objetivo a reflexão sobre a educação para a democracia, no âmbito do Estado Democrático de Direito, no Brasil, fundamentando-a na filosofia social do pragmatista norteamericano John Dewey e do representante da "segunda geração" da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas. À luz do conceito de discurso e de seu potencial de aprendizagem racional, cognitiva e moral, propõe hermenêutica enriquecida do projeto constitucional de 1988, em que, superando o passado autoritário brasileiro, educação e democracia constituam experiências comunicativas indissociáveis na realização do projeto moderno de emancipação.
Assinar:
Postagens (Atom)