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quarta-feira, 12 de junho de 2024
Dinheiro em ARistóteles bbb
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Dinheiro em aristóteles
Aristóteles e a metafísica do dinheiro
Jadir Antunes: professor do Colegiado do Curso
de Filosofia da Unioeste.
Trabalho apresentado como requisito parcial para ascensão profissional ao
cargo de Professor Associado A – Unioeste PR. Banca examinadora: Prof. Dr.
Mauro Castelo Branco de Moura – UFBA; Prof. Dr. Gilmar Henrique da
Conceição – Unioeste e Prof. Dr. Rosalvo Schutz – Unioeste.
Toledo, 26 de julho de 2013
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. OS ANTECEDENTES ARISTOTÉLICOS DO DINHEIRO
2. ARISTÓTELES E O PROBLEMA DA JUSTIÇA
2.1 Definição geral de justiça
2.2 A justiça distributiva
2.3 A matematização da justiça distributiva
2.4 A justiça corretiva
2.5 A matematização da justiça corretiva
3. ARISTÓTELES E O DINHEIRO COMO MEIO DE TROCA
3.1 Os princípios gerais da troca
3.2 A proporcionalidade geométrica
3.3 A comensurabilidade dos bens pela chreia e o nomisma
4. A GÊNESE DO DINHEIRO: CHREIA VERSUS NOMOS
4.1 A relação entre chreia e nomisma
4.1 A relação entre chreia e nomisma
4.2 O modelo econômico da chreia
4.3 A natureza da solução aristotélica
4.4 O problema em torno da solução aristotélica
4.5 Representação versus substituição da chreia pelo nomisma
5. ARISTOTELES E O DINHEIRO COMO CAPITAL
5.1 O dinheiro como finalidade das trocas
5.2 A relação do dinheiro com a Política
5.3 A relação do dinheiro com a Metafísica
5.4 A relação do dinheiro com a Física
5.5 A relação do dinheiro com a escravidão do lar
6. MARX E O DINHEIRO
6.1 A crítica de Marx a Aristóteles
6.2 Marx e a physis-trabalho
6.3 O trabalho e as comunidades rurais do Mundo Antigo
6.4 O ouro-dinheiro como cria iação da physis-trabalho
CONCLUSÃO
O dinheiro tem sido o mais universal de
todos os entes. Ele está em todos os
lugares e em todos os tempos. Estudar o
dinheiro, por isso, não é estudar qualquer
ente, é estudar um ente absolutamente
presente e determinante em nossas vidas.
Nosso trabalho pretende, em primeiro lugar, analisar o problema da
justiça nas trocas segundo a concepção aristotélica exposta na obra Ética a
Nicômaco – capítulo V, e, especialmente, a relação entre χρεία e νόμισμα
(chreia e nomisma = necessidade e dinheiro). Em segundo lugar, pretendemos
analisar a Política (Livro I), onde Aristóteles analisa, e condena, o emprego do
dinheiro como capital e finalidade das trocas. Após isso, veremos como a
análise e a crítica do dinheiro realizadas na Ética e na Política se articulam com
alguns aspectos da Metafísica, da Física, e da Política aristotélicas. Em terceiro
lugar, analisaremos a crítica de Marx à concepção aristotélica do dinheiro em O
Capital. Para esse trabalho, nos apoiaremos na tradução francesa da Ética a
Nicômaco realizada por Jules Tricot (Editora Vrin) e pela edição bilíngue
(grego-inglês) da Ética e da Política realizada por Harris Rackham (Loeb
Classicals).
Começaremos analisando a definição geral de justiça em Aristóteles,
assim como as formas distributiva e corretiva de justiça e suas
correspondentes expressões matemáticas. Em seguida, analisaremos os
princípios gerais da troca justa, sua correspondente fórmula matemática e sua
diferença com as justiças anteriores. O problema central a ser analisado
inicialmente em nosso artigo será o da igualdade e comensurabilidade dos
bens cambiados na troca e a relação entre chreia e nomisma - necessidade e
dinheiro. Analisaremos em que medida o dinheiro pode ser entendido como
representante ou substituto das necessidades humanas no papel de
mensurador dos preços ou valor das mercadorias. Analisaremos, ainda, em
que sentido o dinheiro é empregado por Aristóteles como padrão de medida de
comparação entre as diferentes mercadorias trocadas. Por fim, analisaremos
em que medida Aristóteles teria fracassado, ou não, em seu esforço de encontrar no dinheiro um padrão de medida (teórico e prático) para o valor ou
preço das mercadorias.
Em seguida à análise da Ética a Nicômaco, analisaremos as razões da
crítica aristotélica ao emprego do dinheiro como capital. Como pretendemos
mostrar, o gênio lógico de Aristóteles foi o primeiro a compreender a gênese,
ou arché, das trocas e do dinheiro. Porém, este mesmo gênio, por seus
próprios defeitos, foi incapaz de aceitar e compreender o dinheiro como algo
mais do que dinheiro e meio de troca, de aceitar e compreender o emprego do
dinheiro como capital e finalidade das trocas. Por fim, veremos a crítica de
Marx à concepção nominalista do dinheiro defendida originalmente por
Aristóteles e continuada pelos economistas.
Segundo nossa concepção, a recusa de Aristóteles em aceitar o
emprego do dinheiro como capital apoia-se sobre um conjunto de questões que
vão desde sua concepção de filosofia como metafísica, até sua visão
teleológica da natureza e da vida humana em comunidade. Esta recusa se
explica, ainda, pela sua crítica à democracia ateniense do século IV a.C, pela
sua nostálgica defesa das instituições econômicas do período pré-clássico,
como a escravidão doméstica e a autossuficiência da cidade, e pela sua
romântica e radical defesa do modo de vida humano como um bem viver.
1 OS ANTECEDENTES
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