quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Egito e Tunísia colhem a sua safra neoliberal

Postado por Nivaldo Manzano

Michel Chossudovsky lembra que os levantes populares na Tunísia e no Egito constituem o rescaldo social e econômico das políticas neoliberais prescritas pelo Consenso de Washington nos anos 80/90.
Ao Egito foi imposto em 1991 um programa do FMI, negociado durante a Guerra do Golfo, em troca da dívida multibilionária do Cairo para com os EUA, por sua participação na guerra. O resultado da desregulamentação dos preços dos alimentos, da privataria radical dos serviços públicos e das fortes medidas de austeridade foi o espantoso empobrecimento da população egípcia e a desestabilização de sua economia, em grau ainda mais elevado do que o registrado em países da América Latina. O governo Mubarak foi erigido a ”modelo de aluno bem comportado” pelo FMI.

Na Tunísia, ao governo de Ben-Ali coube aplicar o mesmo receituário; e, também diferentemente do que ocorreu na América Latina, por um período de mais de vinte anos. Isso dá uma idéia do estado a que foi reduzida a capacidade de intervenção do Estado para conter o empobrecimento galopante e a desestruturação da economia. Nos últimos 23 anos, escreve Chossudovsky, as políticas sociais e econômicas da Tunísia foram ditadas pelo FMI, com apoio de países ricos, em especial a França.

A explicação para a permanência de Mubarak e Ben-Ali por tanto tempo no poder explica-se por sua subserviência ao Consenso de Washington. De Pinochet e Videla a Baby Doc, Ben-Ali e Mubarak, todos os ditadores no período foram impostos e sustentados por Washington.

E Chosssudovsky conclui: “Historicamente na America Latina, as ditaduras instalavam-se por meio de golpes militares coordenados pelos EUA. Atualmente, as ditaduras estabelecem-se por meio de “eleições livres e limpas”, “sob a tutela da comunidade internacional”.
No segundo caso encontram-se os países de sociedade civil relativamente organizada, como Argentina e Brasil, nos quais a cartilha neoliberal somente não foi implantada até à sua última página por resistência dos movimentos sociais, sindicatos, etc. É o que pôde observar-se nos governos Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, e Carlos Ménem, na Argentina.

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