O preço do petróleo é sempre político, por André Araújo
É a politica que, ao final do dia, determina o preço internacional do petróleo. São decisões politicas dos governos de países exportadores que controlam 60% do produto oferecido no mercado mundial, é através de decisões politicas e não com base no custo de produção que se estabelece o valor do barril de petróleo no mercado de commodities. Todo o processo de decisão é politico e não técnico como pretendem os fundamentalistas de mercado.
São os produtores que através da OPEP abrem ou fecham as válvulas para com isso manipular os preços no mercado spot, regulando a produção para maximizar o preço e cobrar o máximo possível dos países que dependem de petróleo, mas não produzem, o que não é o caso do Brasil.
No topo do mundo são POLITICOS que governam o setor do petróleo e não o mercado, que é uma plataforma reflexiva das decisões politicas na cúpula de Estados. Portanto, um grande País produtor e consumidor de petróleo, como é o Brasil, não pode se deixar manobrar pelo preço estipulado politicamente pela OPEP permitindo que este seja o guia de sua POLITICA INTERNA DE PREÇOS DE PETROLEO. É uma percepção muito pobre da realidade e da falta de uma noção elementar de funcionamento básico da economia porque, sendo um Pais grande produtor, o Brasil não é dependente do preço no mercado especulativo internacional para abastecer sua população como se fosse um Pais unicamente importador, tipo da Bélgica, Áustria ou Dinamarca. A lógica do mercado brasileiro é outra porque somos Pais produtor.
Como fio condutor de TODA a economia produtiva do País, a paralisação dos caminhoneiros mostrou que sem combustível o bloqueio do País é maior do que seria numa guerra civil ou numa ruptura politica de fim de regime. Com o movimento militar de 1964 se observou menos reflexos no cotidiano do Pais do que o movimento dos caminhoneiros de Maio de 2018.
Portanto a politica de preços dos combustíveis é MATERIA DE ESTADO e não de gerentões arrogantes tratados como “gênios” pela mídia, nada além de pequenos burocratas sem brilho que não tem a visão macro dos efeitos de suas ações em matéria tão crucial.
A INTERVENÇÃO DE GOVERNO NO MERCADO DE ENERGIA
O Governo dos Estados Unidos tem um Departamento de Energia com um orçamento de 30 bilhões de dólares e esse Governo mantém um ESTOQUE de 713,5 milhões de barris de petróleo de propriedade da Administração e não do mercado, guardado em cavernas no Texas e na Lousiana. Não existe maior AÇÃO DE INTERVENÇÃO do que essa, nos momentos de alta excessiva da cotação do petróleo o Departamento de Energia VENDE petróleo do seu estoque (Strategic Petroleum Reserve) para esfriar o mercado. O estoque de petróleo do Governo dos EUA vale a preços de hoje em torno de 40 bilhões de dólares, isso tem custo para o orçamento público, é capital empatado mas a consideração é POLITICA, é uma ação de governo, exatamente aquela que a Miriam Leitão condena para o Brasil, imagine o Estado intervir no mercado, mas é exatamente isso que faz o Governo dos EUA, para desalento dos neoliberais tabajaras da Rua Dias Ferreira que querem implantar à força suas ideias ao deitar receitas para os brasileiros mal usando exemplos de outros Países.
O Governo dos EUA é um dos mais intervencionistas no mundo quando é preciso ser. Na crise de 2008 em uma semana implantou por decisão presidencial o programa TARP, um imensa OPERAÇÃO HOSPITAL para salvar bancos e empresas, o que aqui seria histericamente criticado pela Globonews e seu coro de carpideiras que não admitem o Estado presente na economia, nos EUA acontece com a maior naturalidade, aconteceu no New Deal, no Governo Kennedy quando o Presidente tabelou o preço do aço e ameaçou de cadeia os industriais siderúrgicos e agora fortemente no Governo Trump que está intervindo com mão pesada na proteção da indústria americana.
Através do orçamento militar de quase 700 bilhões de dólares ano é o Governo dos EUA quem lidera toda a indústria de ponta que por sua vez opera em conjunto com centros de pesquisas para novas tecnologias, novos produtos e novos mercados, nesse sentido é o governo mais intervencionista do planeta, exatamente o contrário da ideia que os neoliberais vendem no Brasil, citando os EUA como modelo de Pais de mercado puro, o que nunca foi.
ACORDOS POLITICOS DE PREÇOS
No mercado contratado a longo prazo de grandes fornecimentos de petróleo os preços são negociados politicamente entre Governos com preços determinados e fórmulas de indexação com base em vários fatores, em muitos casos em um modelo de compensação, onde quem vende petróleo recebe parte em mercadorias ou serviços. Ccito os acordos China-Venezuela em vigor, os acordos Nordstream de gás entre Rússia e Alemanha, um empreendimento binacional russo-alemão que incluiu a construção do gasoduto submarino no Báltico ou o recente mega acordo de gás China/ Rússia, no valor de 400 bilhões de dólares ou o nosso acordo de gás com a Bolívia, com preço formado politicamente entre Estados. No caso do Nordstream toda a montagem politica do projeto foi comandada pelo ex-chanceler alemão Gerhard Schoeder, que é hoje o presidente da Companhia Nordstream.
Os países importadores líquidos, como são os europeus ocidentais e os EUA, em menor escala, operam sob guarda chuvas políticos, países consumidores não compram petróleo de Estados inimigos, os EUA não compram petróleo do Irã ou da Rússia, alianças politicas precedem as compras de petróleo, portanto a politica vem antes do mercado quando se trata de petróleo, insumo estratégico, a cobertura é sempre politica, o mercado é derivado.
O Brasil se abasteceu de petróleo entre 1975 e 1982 por meio de acordo politico de alto nível com o Iraque, Saddam inclusive exigiu que o Brasil fosse representado em Bagdah com um Embaixador especial, um General da ativa, foi indicado o Gal. Samuel Alves Correa, essa é uma estória com pormenores de romance policial, conheço de primeira mão contada pelo portador da mensagem secreta de Saddam ao Presidente Geisel, um importante politico brasileiro da época. Esse acordo foi ótimo para o Brasil que na ocasião estava sem dólares e o Iraque aceitava receber como pagamento manufaturados de nossa produção, gerando emprego no Brasil, tudo negociação politica, zero de mercado e o Brasil sobreviveu bem por causa disso.
Fora de acordos políticos países só compram no mercado spot o que falta para fechar a conta do consumo, sempre lembrando que no mercado livre há muito maior movimento de entrega futura do que de pronta entrega, a proporção é de 1 contrato de entrega física para 40 contratos especulativos, é portanto um mercado mais financeiro do que de mercadorias, como são os mercados de commodities, inclusive café, soja, minério de ferro, o volume especulativo é varias vezes maior que o volume para entrega física.
Os grandes países produtores tem preços internos menores e mais estáveis do que o mercado internacional. A ideia de um Pais que produz 85% de suas necessidades como o Brasil referenciar seus preços no mercado especulativo de Rotterdam é maluca. Nenhum pais produtor de escala faz isso. Pois uma das razões de ter uma empresa estatal em um Pais produtor e consumidor, como tem o México, a Colômbia, o Equador, Angola, Algéria, Indonésia, Rússia, Irã, Noruega é ter garantia de fornecimento interno a preços mais baixos do que aqueles pagos pelo consumidor em países importadores.
Se é para importar todo o petróleo e com isso ter variação diária de preços, para que produção nacional? Para que investir no pré-sal 200 bilhões de dólares? Para que ter refinarias, oleodutos, navios? Se é para pagar o preço do dia em Rotterdam para que a Petrobrás? Podíamos ter aqui só a Shell, a Exxon, a Total como importadoras-distribuidoras, como era antes de 1953, não precisaria de Petrobras, criada exatamente para nos dar autossuficiência.
A politica pretendida pela gestão Parente na PETROBRAS é irracional e nenhum Pais grande produtor que tenha empresa estatal a pratica, pois uma das razões da existência de uma estatal de petróleo é atender sua população garantindo fornecimento a preços razoáveis e estáveis. Essa é a grande vantagem de um Pais produtor que o Mr. Parente solenemente desprezou e ainda tem leigos e ingênuos que acham que ele fazia certo, um gênio.
Esse politica anti-nacional é apoiada por comentaristas da mídia atrelada ao mercado, que abominam qualquer politica de interferência de governo, algo que todos os grandes produtores praticam para beneficiar sua população. O governo dos EUA tem enorme interferência no mercado através do Departamento de Energia que cria subsídios e incentivos fiscais no fracking, método de extração de gás de xisto (shale oil), mercado criado a partir de ação direta do governo dos EUA que tem completo controle das fontes e rotas de petróleo pelo mundo, rastreando reservas por satélites e balizando novas áreas de exploração, como no Alaska, o governo americano é super ativo em petróleo, produto de interesse nacional do Estado americano e área de ação de sua diplomacia. É o Presidente dos EUA, Donald Trump quem acaba de autorizar a construção do novo oleoduto KEYSTONE XL, de 2.500 quilômetros, no centro dos EUA, decisão de politica de Estado e não de mercado.
O preço do combustível nos paises produtores que tem empresas estatais NÃO é baseado na cotação internacional do mercado spot e sim nos custos internos de produção mais a remuneração para a estatal, inclusive para bancar novos investimentos. É outra lógica de preços, não é o preço do dia na Holanda e nem a cotação do dólar para pagar a Shell.
O café também é uma commodity, tem cotações diárias com grandes oscilações, MAS o preço do cafezinho no Brasil não se altera. Porque? Porque o Brasil produz café como também produz petróleo em grande volume. Como produz petróleo não precisa comprar no mercado spot e como produz café não precisa comprar na Bolsa de Londres, em ambos casos é auto suficiente e portanto não tem nenhuma razão para usar o dólar e o preço internacional para definir o preço do cafezinho no Brasil e o combustível na bomba.
É verdade que o Brasil não tem capacidade para refinar todo o petróleo que produz, precisa enviá-lo para fora para ser refinado, mas paga-se pelo serviço da refinaria e não pelo óleo que já é nosso desde a extração no Brasil vai e volta como óleo do Brasil. Para refinar todo o petróleo no Brasil basta investir mais em refinarias, usando a base já existente, essa deveria ser a primeira prioridade da gestão Parente e nunca foi.
Ao que tudo indica Parente optou pelo modelo mais irracional, vendendo petróleo em bruto e abrindo a importação de gasolina e diesel para outras petroleiras, visando aumentar a concorrência. Seria o primeiro caso na história de uma grande empresa ajudar seus concorrentes a tomar-lhe mercado, um gênio que segundo o cientista politico tucano Jose Álvaro Moysés, no programa PAINEL da Glononews, é tão genial que o Presidente Temer deveria convidá-lo para Ministro depois dele sair da Petrobras, um executivo desse naipe que não soube prever uma revolta de SEUS CLIENTES, quando o mais elementar dever de um dirigente de empresa é zelar pela existência de seus clientes e não ignorá-los, sejam compradores de refrigerantes, celulares, tênis ou combustíveis. O CLIENTE é a finalidade do negócio, sem comprador não se vende o produto, a saúde econômica do caminhoneiro deveria ser de fundamental importância para o presidente da PETROBRAS, que desprezou com arrogância como é de seu feitio nas relações pessoais aqueles que deveriam ser seus parceiros. Um tipo desse matiz é elevado pela mídia atrelada ao financismo como executivo genial, um executivo QUE NÃO SOUBE PREVER um movimento desse porte causado pela sua politica de preços sem nenhuma lógica de interesse nacional e de cuidado com a saúde financeira de seus clientes, um movimento que fez o Brasil perder 1% do PIB de 2018.
Causou essa tempestade e faz cara de paisagem, ainda dando conselhos ao Governo.
A POLITICA DE PREÇOS DA PETROBRAS ANTES DO FINANCISMO
Desde sua fundação em 1953 a Petrobras teve uma politica de preços focada nos consumidores, no interesse da população brasileira. Até 1996 os preços dos combustíveis eram TABELADOS em todo o País, o diesel, sendo a matéria prima do transporte que unia o País, custo fundamental para a economia, era subsidiado pela gasolina, o diesel custava em torno de 60% do preço da gasolina, cuja essencialidade era considerada MENOR do que a do diesel. Havia uma lógica econômica de interesse nacional na formação dos preços e com esse conceito a PETROBRAS cresceu do zero para ser a 7ª petrolífera do mundo gerando caixa para investimento sem onerar o Estado, uma empresa extremamente bem sucedida. Nesse período o Brasil funcionou e se desenvolveu com às maiores taxas de crescimento do PIB do planeta entre 1950 e 1980, com essa politica de interesse nacional no preço dos combustíveis.
Começou a mudança que agora desembocou nesta crise quando o então diretor da Agência Nacional do Petróleo, David Zylberstajn, genro do Presidente Fernando Henrique, que sempre condenou o nepotismo praticado pelos políticos brasileiros.Entre outras barbaridades, desmontou essa politica vitoriosa de preços administrados, para ABRIR a competição no mercado de combustíveis, algo absurdo e desnecessário porque a PETROBRAS é empresa monopolista do refino, montando as sementes deste caos em que vive hoje a politica de preços de combustíveis. A partir da liberação do preço o consumidor passou a pagar valores cada vez maiores para o combustível, incluindo o botijão de gás, além de introduzir a marginalidade com o uso de “gasolina batizada“ para baixar o preço na bomba. A politica de preços administrados, perfeitamente lógica, é pecado mortal para os neoliberais, mas funcionou bem por 40 anos, com o Brasil crescendo protegendo especialmente a população de baixa renda no custo do botijão de gás, que sempre foi barato e hoje quintuplicou de preço em dois anos, sem nenhuma explicação racional que não seja a louca politica de preços Parente & Co., o que levou a população de baixa renda a voltar à lenha e ao álcool, com enorme risco e desconforto, fato que aparentemente jamais incomodou Parente e amigos.
A PETROBRAS NEW YORK E SEUS DEFENSORES
O inacreditável neo-guru do mercado financeiro, Samuel Pessoa, em artigo no ESTADÃO (3/5/2018-pg.B8) com o sugestivo titulo “ A CONTA NÃO PODE IR PARA OS ACIONISTAS DA PETROBRAS” coloca como o centro de todo o drama da crise o interesse dos “acionistas” minoritários da empresa e ignora o interesse do acionista majoritário, o Estado brasileiro.
Ora, o acionista minoritário comprou a ação da Petrobras SABENDO QUE ESSA É UMA EMPRESA ESTATAL, portanto assumiu os riscos de ser acionista de uma empresa cujo controle é do Estado brasileiro, ninguém o enganou. Sendo uma empresa do Estado, a estratégia da empresa faz parte da politica desse Estado controlador, por isso é uma estatal e não uma empresa pura de mercado. Sendo estatal a PETROBRAS tem vários benefícios por essa condição e esses benefícios favorecem o acionista minoritário e ai ele gosta. A Petrobras tem uma situação de monopólio no refino, nos oleodutos e gasodutos, é a maior na distribuição, MAS de outro lado tem compromissos com o Estado controlador, inclusive subordinar sua politica geral ao interesse desse Estado. Então o acionista minoritário NÃO TEM DO QUE RECLAMAR, ele quando comprou a ação assumiu o risco de ser sócio de uma empresa controlada pelo Estado, ninguém o iludiu, não venha agora choramingar por eles Dr. Pessoa, aquele que não sendo ligado ao mercado financeiro defende os banqueiros com paixão, o que só se explica por um certo masoquismo, nem os banqueiros precisam de quem os defenda.
Na página seguinte dessa matéria indecorosa há outra entrevista, deste vez com o notório Paulo Leme, da Goldman Sachs, aquele mesmo que há vinte anos Armínio Fraga queria colocar na Diretoria Internacional do Banco Central. Em sua coluna na Folha, Luis Nassif o derrubou em pleno voo de Nova York, onde morava, para o Brasil, mostrando as palestras que ele dava nos EUA falando sempre muito mal do Brasil, a nomeação foi cancelada por ordem de FHC. Esse senhor, neoliberal desde o berço (filho do prof. Og Leme), com cara de americano, foi diretor na Goldman, a firma que causou a crise financeira de 2008 pelas suas trapaças nos títulos subprime, diz Paulo Leme nessa matéria do ESTADÃO “ A empresa vai ter que recuperar a credibilidade”, se referindo à Petrobras, matéria cara de pau pela sua ousadia antinacional.
A PETROBRAS jamais perdeu a credibilidade, como já aqui relatei uma dezena de vezes, emitiu bônus no mercado internacional por dois anos antes da gestão Parente, uma emissão a cada três/quatro meses, todas com OVERSUBSCRIPTION, demanda muito maior que a oferta, como então “precisa recuperar a credibilidade", está delirando?
A Petrobras é a maior cliente mundial da enormes multinacionais como Halliburton (brocas) e da Schumberger (pesquisa geofísica), teve algum problema de credibilidade com essas multinacionais? Alguém suspendeu o crédito da Petrobras em algum País?
Nesses dois anos ANTES do Pedro Parente obteve linhas de crédito à vontade junto aos top bancos mundiais, J.P.Morgan (pagou 600 milhões de dólares 5 anos antes do prazo), Deutsche Bank, jamais teve problemas em crédito para equipamentos, os fabricantes disputam fornecer para a Petrobras, como então “precisa" recuperar a credibilidade, senhor Paulo Leme?
Quem precisa recuperar a credibilidade é a sua firma, GOLDMAN SACHS, cuja reputação foi para a lata do lixo em 2008, quando enganou os compradores de títulos subprime e pior ainda, depois apostou contra seus próprios clientes, jogando na quebra dos subprimes que ela mesmo patrocinou e vendeu. Essa Casa em que o senhor trabalha é que precisa recuperar a credibilidade, especialmente junto aos fundos asiáticos que tiveram imensos prejuízos com a enganação da Goldman Sachs, firma que ficou com a imagem manchada a partir de 2008.
A COMPETIÇÃO NO MERCADO DE COMBUSTIVEIS
Uma das balelas do ex-presidente Parente é abrir a importação para CONCORRENTES da Petrobras, leia-se obviamente entre outras a Raizen (Shell), a Exxon e talvez alguma nova europeia, possivelmente a Total francesa. Quer dizer, ele sendo presidente de uma empresa de petróleo quer ajudar outras empresas de petróleo a tomar o mercado de sua empresa, só por isso mereceria um processo de seus acionistas, não é tarefa dele aumentar a competição CONTRA SUA PRÓPRIA empresa, se fosse uma boa politica seria função do Governo e não dele e nunca da Petrobras, que voluntariamente chama competidores contra si própria.
É uma FANTASIA achar que o preço dos combustíveis vai diminuir expressivamente por causa de competição. Combustível não é cerveja ou pasta de dente, é um produto que em um mercado competitivo parametrado pelos custos de origem, que são uniformes para todos, não tem como suportar diferenças substanciais entre bandeiras, elas competem em serviços e não em preços. Assim é no mundo inteiro. Pode haver alguma eficiência maior no refino mas terá efeito mínimo no preço final, em Dallas a gasolina fica entre 2,55 a 2,65 o galão e lá tem uma dúzia de grandes bandeiras, então essa estória de competição é LENDA, não é isso que vai fazer baixar o preço do diesel e da gasolina, estão vendendo ilusão para justificar o injustificável, a Petrobras ajudar competidores a tomar o mercado que é seu e vale muito.
Dar mercado de graça para concorrentes, não é suposição, é oficial, segundo declarações do diretor geral da ANP, Decio Oddone em entrevista no jornal VALOR.
Essa mesma fábula foi contada no Governo FHC quando outro Pedro, o Malan, dizia que trazendo BANCOS ESTRANGEIROS aumentaria a competição no mercado bancário e os juros cairiam para o tomador de empréstimos. Vendeu-se o Banespa para o Santander, o Bamerindus para o HSBC e os juros não baixaram coisa alguma, BALELA e agora volta essa mesma fantasia nos combustíveis com o habitual apoio da mídia ignorante ou de má fé.
Em entrevista no jornal VALOR de 1º de junho de 2018 (pg.B-4) o diretor geral da ANP, Décio Oddone, faz uma clara confissão sobre os planos do Governo para trazer competidores para tirar mercado da PETROBRAS. Nessa entrevista o diretor geral da ANP detalha o plano para VENDER as refinarias da Petrobras, quer dizer, por voz oficial autorizada, confirma o programa de “privatização branca” para ESQUARTEJAR a Petrobras, já em pleno andamento, sem autorização do Congresso. As refinarias são o coração da Petrobras, elas estão entre a extração e a distribuição, sem as refinarias a Petrobras passa a ser mera produtora de óleo cru, cuja exportação, segundo o diretor geral da ANP, passou em 2013 de 381 mil barris dia para 1 milhão de barris dia em 2018 enquanto ao mesmo tempo aumentou muito a importação de diesel, quer dizer, é a confirmação oficial de um plano contra toda a lógica, invés de agregar valor ao petróleo extraído no Brasil a Petrobras exporta em bruto e compra o refinado caro, quando a lógica seria refinar o máximo no Brasil e aumentar a capacidade das refinarias para processar o óleo mais pesado produzido aqui, estão fazendo o inverso, enquanto as estatais de petróleo do Oriento Médio como a Aramco estão fazendo o lógico, investindo em refinarias para exportar óleo processado mais valioso e não petróleo cru.
A Saudi Aramco já construiu enorme parque de refino em para processar 2,6 milhões de barris/dia e está aumentando sua capacidade em mais 400 mil barris/dia com nova refinaria em Jazan, com o que a Saudi Aramco passará os Estados Unidos como maior exportadora de produtos refinados de petróleo em 2019, a Petrobras está fazendo exatamente o contrário, quer vender refinarias e exportar óleo cru de menor valor e chamam Pedro Parente de gênio.
A VISÃO ANTINACIONAL DA CUPULA DO PETROLEO
A colocação na cúpula que comanda a energia no Brasil de personalidades anti-nacionais conhecidas só foi possível como resultado da cruzada moralista, aliás esse foi um dos objetivos dessa cruzada, derrotar as forças que mesmo com seus defeitos defendiam um projeto nacional e entregar a poder em áreas vitais do Pais para notórios neoliberais tidos como honestos no varejo do dia a dia mas no atacado comprometidos com soluções a serviço de multinacionais, do mercado financeiro e dos planos geopolíticos dos Estados Unidos..
Para retomar as obras do COMPERJ, o complexo de refinarias e polo petroquímico no Estado do Rio de Janeiro, Pedro Parente cadastro SEIS firmas para tocar as obras, TODAS ESTRANGEIRAS. Não tem explicação. O Brasil tem onze refinarias e três polos petroquímicos construídos nos últimos 50 anos, firmas nacionais foram as responsáveis pelas obras.
No Estaleiro Desenvix, na cidade de Rio Grande, um navio sonda estava 85% pronto e havia mais sete encomendados. Pedro Parente mandou abandonar o que estava pronto e transferiu toda a encomenda para a Ásia, nem terminar o primeiro quis. A cobertura para essa decisão é que a empresa dona do estaleiro estava envolvida na Lava Jato, desculpa para destruição de vasta área da engenharia nacional e de todos os estaleiros do País. Com isso ficaram desempregados 22.000 operários navios na cidade do Rio Grande.
Enquanto isso, nos EUA, o Presidente Trump autorizou a construção do oleoduto KEYSTONE XL, de 2.500 quilômetros, com a condição de que seja construído com por empreiteira americana, aço americano e trabalhadores americanos. Na mesma decisão autorizou estudos para mais quatro oleodutos com a condição que sejam construídos exclusivamente com engenharia americana, aço americano e trabalhadores americanos.
Enquanto isso a PETROBRAS de Pedro Parente lutou e conseguiu ganhar a batalha contra o conteúdo nacional nas suas compras para NÃO comprar nada no Brasil, a preferencia pelo estrangeiro é absoluta, em tudo, de navios sondas a empreiteiras para as obras do COMPRERJ.
Mas que tipo de politica é essa? Onde entra o interesse do Brasil nessa politica? A que interesses serve? Ao interesse do povo brasileiro é que não é, precisamos de empregos aqui e não na China ou em Singapura, mas a Petrobras Nova York não tem nada a ver com o Brasil, visão elogiada por equívocados com espaço na mídia como Samuel Pessoal e Paulo Leme, notórios ideólogos e operadores de um Brasil colonizado e sem projeto de Pais.
A questão da politica de preços envolve muito mais que preços, diz respeito a toda uma nova estratégia que visa a alterar substancialmente TODA A POLITICA DE PETROLEO DO PAIS, mudança baseada centralmente no DESMONTE DA PETROBRAS. Essa mudança foi alguma vez discutida com o País, com os eleitores através do Congresso? Evidentemente não.
Os eleitores que votaram em 2014 NÃO votaram a favor de uma politica desse tipo.
Mas é uma mudança contra o espirito da Lei que criou a PETROBRAS em 1953 cuja objetivo era assegurar a autossuficiência em petróleo para o Brasil e para atingir esse objetivo 14 Governos investiram 300 bilhões de dólares em recursos nacionais para erguer a 7ª petroleira do mundo que teve o mérito de descobrir uma das novas fronteiras petrolíferas do planeta.
Como agora se admite uma politica reversa que está já em processo de preparar a provável liquidação da PETROBRAS, cuja etapa final será a venda do pre-sal em leilão?
Tudo isso acontece no mesmo momento em que as petroleiras estatais, 13 entre as 20 maiores companhias de petróleo do planeta, estão se FORTALECENDO, expandindo suas atividades, a única que está se auto desmontando é a PETROBRAS, na contramão do mundo.
O modelo Pedro Parente de estipulação de preços de combustíveis não é técnico, é EXTREMAMENTE POLITICO PORQUE SERVE A UMA POLITICA qual seja, a de transformar a Petróleo Brasileiro S.A. em PETROBRAS NEW YORK, portanto não é um modelo neutro como quer fazer crer Miriam Leitão e seu coro de mídia, não tem nada de técnico, é um modelo planejado para se chegar a um objetivo que só interessa ao mercado financeiro.
O modelo de preços para os combustíveis não se explica como formula racional e técnica, MAS faz todo o sentido como etapa preparatória para privatização de nossa maior empresa e é disso que se trata, é um modelo para tornar a empresa atraente para grupos estrangeiros que se disponham a comprar o controle da Petrobras, ai o modelo faz sentido, nem a eleição de 2014 e nem recentes pesquisas de opinião indicam ser essa a vontade do povo brasileiro, fica então a pergunta, quem delegou a tais pessoas mudar a politica de petróleo do País?
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