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domingo, 2 de outubro de 2022
william James sobre Bases do Pensamento Fenomenológico e Existencial em William James
https://www.scielo.br/j/pcp/a/HqhKSMHmFwpH48rXwRCrP8t/?lang=pt&format=pdf Bases do
Pensamento
Fenomenológico
e Existencial em
William James
Resumo: Neste artigo, temos por objetivo investigar os fundamentos e as bases do pensamento
fenomenológico e existencial advindos da Psicologia de William James no que diz respeito à noção de
consciência, método e prática clínica. Para tanto, analisamos algumas obras de James e dividimos as suas
propostas em três momentos distintos: pragmatismo, funcionalismo e empirismo. Por meio das elaborações
em cada um desses momentos, tentamos esclarecer os pontos de encontro e os pontos de desencontro
com os pensamentos fenomenológico e existencial. Concluímos que o ponto de encontro diz respeito à
tentativa de não objetivação da consciência. Quanto ao desencontro, consideramos que James ainda toma
a consciência como objeto da Psicologia e que a fenomenologia e as perspectivas existenciais se afastam
da ideia de objeto, uma vez que não consideram a consciência contraposta ao mundo. Outro desencontro
apresenta-se na acentuada divergência entre James e o pensamento fenomenológico e existencial no que
se refere ao método e à prática bem como aos objetivos da clínica.
Palavras-chave: James (William). Fenomenologia existencial. Psicologia e Filosofia. Consciência.
O título Psicologia: Fundamentos e Bases do
Pensamento Fenomenológico e Existencial
diz respeito a uma disciplina do curso
de graduação de Psicologia Clínica da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, de
cuja ementa constam conteúdos referentes
ao pensamento de William James, Henry
Bergson, Wilhem Dilthey, Franz Brentano,
Sören Kierkegaard, Edmund Husserl, Martin
Heidegger e Jean-Paul Sartre. Acreditamos que,
ao compor esse ementário, o corpo docente
original desse curso via nesses estudiosos
a espinha dorsal que sustenta a temática
principal da perspectiva fenomenológicoexistencial em Psicologia. Isso conduz hoje
à seguinte questão: por que buscar em
James, Bergson e Dilthey fundamentos da
perspectiva fenomenológica e existencial? Por
que não retroceder, iniciando por Brentano,
já que – como nos lembra Boris (2011) – é
esse pensador o precursor inquestionável das
perspectivas fenomenológicas, existenciais e
humanistas em Psicologia? Para responder a
essas questões, primeiramente, precisamos
esclarecer algo mais fundamental: o que há
em comum em todos esses estudiosos que é
de especial interesse para a Psicologia com
bases fenomenológicas e existenciais?
De forma resumida, pode-se dizer que todos
esses estudiosos, a sua maneira, estudaram
a consciência, mesmo que com diferentes
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James, e mais especificamente no seu
pragmatismo, que a orientação funcionalista
ganha força” (2010, p.77). Já Tourinho (2009),
ao abordar os fundamentos epistemológicos
da Psicologia, confirma a importância de
James, referindo-se a ele como brilhante
psicólogo da corrente da consciência e
finaliza chamando a atenção para a polêmica
provocada pelo autor, com as suas dúvidas
acerca da existência da consciência. Parece,
então, que Tourinho também identifica pelo
menos outro momento em que o psicólogo
funcionalista não mais reconhece a entidade
consciência.
Como vimos James, em seus escritos, abre
um espaço rico, intenso e disperso repertório
de discussões. E, embora não tenha sido o
precursor de nenhuma escola em Psicologia,
tais como foram Rogers e Freud, entre
outros, ainda podemos constatar um ou
outro estudioso dessa área de estudo situar
alguns fundamentos de sua perspectiva
em James (Maslow, 1968; Frankl, 1978;
Rogers, 1974). Parece que tais vinculações se
tornam facilmente reconhecidas quando nos
referimos às funções adaptativas da emoção,
da percepção, enfim, da consciência. No
entanto, como relacionar os elementos
presentes nas obras jamesianas com as
filosofias fenomenológicas e existenciais, que
tentam afastar-se do aspecto psicológico da
consciência ou que até mesmo criticam a
Psicologia em sua positividade ou negam o
psiquismo com veemência? É justamente na
busca desses elementos em comum entre o
pensamento de James e o fenomenológico
e existencial que nos deteremos a seguir.
Iniciaremos, entretanto, apresentando as
diferentes perspectivas do pensamento de
James.
As diferentes fases do
pensamento de William James
Como já dissemos, Tripicchio refere-se
a dois momentos distintos nas obras de
James: o dos escritos psicológicos e o dos
posicionamentos e denominações e até
mesmo defendendo a sua negatividade,
colocando-se a favor ou contra ao modo
como a consciência vinha até então sendo
estudada e considerada. E alguns poucos,
também, apostavam em outros métodos para
conduzir seus estudos sobre o fenômeno
da consciência. Todos, de um modo ou
de outro, mais cedo ou mais tarde, tentam
deslocar-se dos estudos epistemológicos
sobre a consciência, que pressupõem a
consciência (sujeito) apartada do mundo
(objeto), e assim tentam resolver o problema
do conhecimento, da verdade e de seu
acesso. E é contra essa tese que todos esses
autores se posicionaram.
A consciência, com as suas diferentes
denominações (eu, sujeito e subjetividade,
dentre outras), passa, graças a esses
pensadores, por sérias revisões e formulações.
Sem dúvida, na medida em que a concepção
de eu sofre modificações, toda a Psicologia,
tanto em suas teses como em suas práticas,
inclusive a clínica, também se reformula.
Para esclarecer as questões aqui anunciadas,
deter-nos-emos apenas nos possíveis legados
de William James à Psicologia com bases
fenomenológicas e existenciais. Essa tarefa,
nada fácil, exige que nos debrucemos sobre
algumas de suas obras para procurar seus
fundamentos e desdobramentos afins com
a fenomenologia e a filosofia da existência.
Alguns estudiosos desse tema posicionamse de formas totalmente divergentes ao
tentarem organizar as temáticas jamesianas.
Tripicchio (2007) identifica dois momentos
distintos e até mesmo contraditórios em
James: o filosófico e o psicológico. Já
Gutman (2008) considera que a filosofia
e a psicologia de James formam uma
unidade. Ferreira e Arruda compartilham
desse posicionamento ao afirmarem que o
pragmatismo jamesiano está intimamente
vinculado à Psicologia funcionalista. Os
autores ressaltam que “é na filosofia de
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filosóficos. Tripicchio (2007) identifica as
obras psicológicas nos temas acerca das
dicotomias: interno e externo, pensamento
e afeto, conhecimento e emoção, ideias
e sentimentos. A teoria das emoções
jamesianas, com base nas teses darwinistas,
revela a tentativa de James de transformar
a Psicologia em uma ciência natural. James
filósofo é aquele que sofre uma influência
direta do pragmatismo de Peirce. James,
pragmatista, em suas concepções sobre a
verdade, nega a verdade representacional e
defende a ideia de que a verdade se encontra
intimamente relacionada às ações humanas.
Para esse estudioso, o verdadeiro é o útil, que
facilita a vida em seu cotidiano.
Na mesma linha de Tripicchio, sustentamos
que a amplitude atingida pelos escritos
de James nos permite identificar três
vertentes presentes nas suas obras. Aliás,
assim precisamos caminhar para poder,
então, estabelecer os encontros e os
desencontros entre os estudos de James e os
da fenomenologia e da filosofia da existência.
Ao estudar as obras de William James,
identificamos três grandes ramificações do
pensamento desse estudioso. Em um desses
momentos, suas discussões em muito se
aproximam de uma postura epistemológica,
em que ele tenta encontrar uma posição
solucionadora do interminável debate entre
os racionalistas e os empiristas, com relação
ao espaço onde podemos encontrar a
verdade. Em outra ramificação, identificamos
que sua preocupação se dirige à Psicologia de
modo a estabelecer o seu status de ciência
natural e totalmente autônoma. Por fim,
James, em um texto de 1904, em que trata
do empirismo em sua máxima radicalização,
reaproxima-se da Filosofia, não mais com
preocupações acerca do espaço onde se
encontra a verdade, mas compartilhando das
discussões, muito presentes em sua época,
que questionam a existência da consciência.
O pragmatismo de James
Ao posicionarmos o pragmatismo como uma
das modalidades do pensamento de James,
utilizamo-nos das referências encontradas
em Hessen (1926/1987). Esse estudioso
denomina teoria do conhecimento ou
epistemologia aquela área de estudo que
trata do comportamento teórico, seja a
teoria do conhecimento científico, seja a
da ciência. A epistemologia interessa-se
pelo questionamento acerca da verdade do
conhecimento, expressa na concordância
entre o pensamento e o objeto bem como
na sua origem.
Hessen, em seus estudos sobre a teoria do
conhecimento, mostra, de forma sintética,
como a epistemologia aparece no cenário
da Filosofia na Idade Moderna. Segundo
ele, a discussão acerca do conhecimento
surge com John Locke, que, em Ensaio sobre
o Entendimento Humano, em 1690, trata
das questões sobre a origem, a essência e a
certeza do conhecimento humano. Leibnitz,
em Novos Ensaios sobre o Entendimento
Humano, em 1765, refuta as ideias de Locke.
Outros filósofos da teoria do conhecimento
foram George Berkeley, que publicou,
em 1710, o Tratado dos Princípios do
Conhecimento Humano, e David Hume,
que, em 1748, publicou Investigação sobre o
Entendimento Humano. Emmanuel Kant, em
1781, demarca seu lugar na epistemologia
com A Crítica da Razão Pura, no qual
tenta dar uma fundamentação crítica do
conhecimento científico da natureza.
Kant pretende buscar a validade lógica do
conhecimento, questionando se é possível
conhecer, sobre que bases se conhece e em
que pressupostos se assenta o conhecimento
(Hessen, 1926/1987).
Hessen dá prosseguimento a sua investigação
acerca das diferentes posições das teorias
do conhecimento, utilizando-se do método
fenomenológico. Esse autor destaca que
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fenomenologia é método, e não teoria, e
que a teoria do conhecimento tem como
objetivo explicar e interpretar filosoficamente
o problema do conhecimento; já a
fenomenologia descreve o fenômeno
do conhecimento. Com relação ao
conhecimento, Hessen afirma que cabe
à fenomenologia esclarecer a concepção
natural do ato de conhecer, sem jamais
decidir sobre a sua veracidade: “A descrição
fenomenológica pode e deve descobrir os
problemas que se apresentam no fenômeno
do conhecimento e fazer com que tomemos
consciência deles” (Hessen, 1926/1987, p.
34). Trata-se apenas de uma preparação que
nos conduz ao problema.
Assim, Hessen nos diz que são cinco
os problemas apontados pela descrição
fenomenológica: o primeiro refere-se à
possibilidade do conhecimento que implica
sempre uma relação sujeito e objeto, em
contato mútuo em que o sujeito apreende
o objeto. Está em jogo aí a concepção de
consciência natural, cabendo perguntar
acerca da possibilidade do conhecimento:
“Pode o sujeito apreender realmente o
objeto?” (Hessen, 1926/1987, p. 35). Hessen
coloca nesses posicionamentos as seguintes
perspectivas: dogmatismo, cepticismo,
subjetivismo e relativismo, pragmatismo e
criticismo.
O segundo problema refere-se à origem do
conhecimento. Está em jogo nessa modalidade
a posição dualista, que, considerando
a estrutura do sujeito cognoscente e o
fato de o homem ser espiritual (razão)
e sensível (experiência), pergunta pela
origem do conhecimento humano. E as
respostas aparecem nos seguintes segmentos:
racionalismo, empirismo, intelectualismo e
apriorismo.
O terceiro elemento encontrado fenomenologicamente diz respeito à essência e à
determinação do conhecimento humano
na relação sujeito e objeto, para o qual o
problema central da teoria do conhecimento
se encontra na relação sujeito e objeto, logo,
é o sujeito que determina o objeto ou é o
objeto que determina o sujeito? A quarta
perspectiva encontrada refere-se às formas do
conhecimento humano: racional e intuitiva.
Por fim, a quinta modalidade epistemológica
diz respeito ao critério da verdade, em que se
pergunta qual é o critério que estabelece se o
conhecimento é ou não verdadeiro.
Com base nessas considerações de Hessen
é que consideramos James um teórico do
conhecimento ao assumir um posicionamento
denominado pragmatismo, que diz respeito
à possibilidade de conhecer e ao critério
de verdade. Em sua segunda conferência,
intitulada O que Significa o Pragmatismo,
James (1912/1976) sugere que o método
pragmático seria aquele que põe fim à disputa
interminável entre os diferentes epistemólogos,
e assim define o método pragmático como
aquele que visa às consequências práticas.
Kinouchi (2007) refere-se a três modulações
do pragmatismo. A primeira é a de Charles
Sandero Peirce, o primeiro a utilizar-se dessa
denominação. Ele considera o pragmático
em seu caráter normativo, como um modelo
intelectualista, que conduz à prática racional.
Para William James, o pragmático é tomado em
seu sentido utilitarista, totalmente associado
ao praticalismo. John Dewey, principal figura
do pragmatismo do século XX, entrelaça as
duas modalidades de pragmatismo em uma
perspectiva antropológica. Kinouchi conclui
que nos três há uma tentativa de lidar com o
problema da verdade, tal como o faz Hessen.
Este afirma que o pragmatismo constitui
uma teoria do conhecimento que se opõe
ao ceticismo. Embora em ambas ocorra um
afastamento da concepção de verdade como
representação ou correspondência entre a
realidade e o ser, o ceticismo nega toda e
qualquer possibilidade do conhecimento e
verdade, enquanto o pragmatismo argumenta
“A descrição
fenomenológica
pode e deve
descobrir os
problemas que
se apresentam
no fenômeno do
conhecimento
e fazer com
que tomemos
consciência
deles” (Hessen,
1926/1987, p.
34).
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que verdadeiro é aquilo que tem uma
utilidade, e que o homem é eminentemente
prático. Logo, no pragmatismo, a vontade, a
ação e os motivos humanos são soberanos.
A razão e o pensamento, como um valor
derivado, são apenas elementos de orientação
do homem frente à realidade. Hessen
reconhece William James como o fundador
do pragmatismo moderno, e aponta Schiller
como seguidor dessa corrente epistemológica.
James esclarece que a palavra pragmatismo
foi encontrada por ele, pela primeira vez, em
um artigo de Charles Peirce, de 1878, no qual
este sustentava que as crenças são regras da
ação. James, por sua vez, não se preocupa
com as regras, e sim, com o caráter utilitarista
a que se destinam as ações humanas.
Kinouchi salienta que “o pragmatismo de
James às vezes parece soar como uma espécie
de existencialismo utilitarista” (2007, p. 220).
Rossi afirma que James foi o protagonista da
união do pragmatismo com o humanismo:
James fue, ante todo, un humanista que
encontró en el movimiento pragmatista
un espacio propicio para exponer sus
concepciones generales respecto de las
múltiples relaciones entre el hombre y
su entorno. Y si como pragmatista se
reconoce que James supo vislumbrar y
enfatizar la importancia de los conceptos
de acción, creencia y voluntad; como
humanista, es claro que supo cómo
privilegiar las nociones de sentimiento,
cambio e energía, entre otras (Rossi,
2008, p. 77)
Conclui Rossi que o pragmatismo de James
se destaca por criticar a dicotomia cartesiana
com ênfase no sujeito cognoscente,
passando a valorizar a dimensão prática do
conhecimento. James critica a Filosofia em
seu caráter de contemplação, e adota uma
posição que se aproxima de um empirismo,
que coloca a Filosofia como uma atividade
utilitária a serviço do homem.
A Psicologia como ciência natural
No final do século XIX, Wundt (1832-1920)
e William James (1842-1910) inauguram a
Psicologia em um viés de projeto científico,
que receberá a denominação de Psicologia
moderna, distinguindo-a de um projeto
metafísico, em que a Psicologia consistia
no estudo da alma. Para Abib (2009), a
Psicologia moderna, como projeto de
Psicologia científica, nasce de uma reflexão
epistemológica com fins a uma epistemologia
unitária. No entanto, ocorre com Wundt e
James o mesmo que acontece em toda a
história da Psicologia: seus iniciadores partem
de concepções diferentes, decorrendo daí
variadas e multifacetadas psicologias. Abib
chama a atenção para a elaboração da
ciência psicológica como conhecimento
plural; resulta daí que a Psicologia acaba por
constituir-se em meio a uma epistemologia
pluralizada.
O movimento pragmatista de James
vai receber, na Psicologia moderna, a
denominação de funcionalismo, em oposição
ao estruturalismo de Wundt. Tilquin marca
bem essa distinção ao afirmar que “...
o estruturalismo é como a anatomia do
espírito, enquanto o funcionalismo é como
a fisiologia” (1950 como citado em Tourinho,
2009, p. 31). Abib (2009) ressalta que a
psicologia de Wundt se constitui como uma
ciência empírica, e que a psicologia de James
se aproxima de uma ciência natural. Wundt
pretende fazer uma ciência psicológica,
buscando as leis da causalidade presentes
no psiquismo. O esforço de James, na
tentativa de tornar a Psicologia uma ciência
natural, consiste em estudar os fatos mentais
em relação com o ambiente físico. Nas
definições dos conceitos de pensamento,
hábito, atenção, emoção e consciência com
os quais James vai trabalhar, a preocupação
incidia sobre as funções do organismo, e não
sobre as suas propriedades. É na perspectiva
de função é que ele trata dos diferentes temas da Psicologia. Com relação ao pensamento,
James afirmava que esse era fluxo contínuo,
e as referências de tempo e espaço eram
constituídas em função das ações para as
quais o pensamento se destinava. Sobre os
hábitos, ele dizia que eram aprendidos pela
força adaptativa do organismo. Ao estudar as
emoções, inverte a tese que sustentava que um
estímulo emotivo suscitava toda uma reação
orgânica. Esse psicólogo funcionalista explica
que ocorre o contrário: primeiro há a reação
do organismo, e é esta que desencadeia a
emoção (Ferreira & Gutman, 2008).
Em 1890, James escreve seu livro clássico
acerca da Psicologia, intitulado Principles
of Psychology, adotando uma perspectiva
totalmente funcionalista com a seguinte
tese: “os mecanismos psicológicos existem
porque são úteis e auxiliam os indivíduos a
sobreviver e a realizar atividades importantes
para a adaptação às exigências do meio”
(James, 1890 como citado em Tourinho,
2009, p. 30). Nesse sentido, o funcionalismo
encontra-se presente, uma vez que o
psiquismo humano se constitui por um
mecanismo que visa sempre a consequências
práticas; logo, a determinação psíquica
se dá teleologicamente. Importa, então,
ao investigador do fenômeno psíquico,
as operações das atividades mentais ao
buscar as metas futuras e a escolha dos
meios para alcançá-las em circunstâncias
reais. O pensar, o sentir e os motivos vão
paulatinamente modelando-se para atender
às exigências utilitárias advindas do mundo,
até se adaptarem ao meio e se tornarem
autônomos. Com o conhecimento, por parte
dos psicólogos modernos, dessas funções do
psiquismo, poderiam eles prever e controlar as
ações humanas e, assim, ensinar aos homens
como deveriam agir de modo a resolver
seus problemas. Esse caráter naturalista do
funcionalismo parece aproximar-se em muito
da perspectiva empírica, que, na Psicologia,
é radicalmente assumida pelo behaviorismo.
Mas o que diz James acerca disso?
James (1912/1976) afirma que, embora
o pragmatismo se aproxime da proposta
empirista, ambas apresentam uma acentuada
diferença. O pragmatismo encontra-se
totalmente apartado da preocupação
empirista de estabelecer abstrações e
princípios, alcançando, assim, o elemento
mais original e a verdade absoluta. A
perspectiva pragmática é apenas um método,
uma orientação que pretende alcançar o
valor do prático na experiência com a qual
se encontram os caminhos passíveis para
modificação das realidades. Trata-se muito
mais de instrumentos do que de teorias. Os
instrumentos são ferramentas, meios para
atingir fins determinados.
O pragmatismo consiste, em um sentido
amplo, em uma teoria da verdade na medida
em que desenvolve procedimentos que
visam a conduzir as experiências de modo
satisfatório, simplificando e economizando
trabalho. Trata-se da verdade como
instrumental, e não como teoria. É nesse
aspecto que, no pragmatismo jamesiano,
encontramos as bases para o que, em
Psicologia, se denominou funcionalismo.
Nessa ênfase, destacam-se alguns escritos
de James, como Principles of Psychology
(1890/1952), um verdadeiro tratado de
Psicologia com cerca de 800 páginas.
Com o funcionalismo dos Principles of
Psychology, temos o que consideramos o
segundo momento do pensamento jamesiano,
em que James pretende que a Psicologia se
torne uma ciência natural, conquistando total
independência da metafísica. A Psicologia,
como ciência da natureza, aproximar-seia muito mais da Biologia. Assim, ele tece
consideráveis críticas à concepção de eu
com sentidos e determinações dados em
si mesmo e, portanto, substancializado, tal
como foram tomados pelas filosofias da
subjetividade, desde Descartes, passando
por Kant até Hegel. Por outro lado, também
rejeita a ideia que defende a inexistência do
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eu, ficando esse, então, reduzido a um feixe
de sensações. Segundo Abib: “Tem-se então
que Wundt e James lançam os fundamentos
da Psicologia moderna com base em uma
teoria do sujeito concebido como devir, e
não como ser” (2009, p. 203). James (1890
como citado em Abib, 2009, p. 203) diz
ainda que “a consciência é um órgão, uma
perfeição superadicionada pela evolução,
com a função de adaptar as pessoas aos
ambientes, com a função, portanto, de ajudálas a sobreviver”. Logo, nessa perspectiva,
à Psicologia funcionalista, caberia o estudo
das funções cerebrais e dos fenômenos
cognitivos, volitivos e perceptivos, para
oferecer resultados práticos por meio de suas
ações terapêuticas.
Ainda em Principles of Psychology, James
propõe-se a estudar a mente a partir dela
mesma, e não como vinha acontecendo
na Psicologia, que a estudava a partir das
sensações. Para James, o pensamento
significa toda a forma de consciência, e o
autor lista cinco características que apontam
o modo como o pensamento acontece
em uma consciência pessoal: é sempre
parte da consciência, está em constante
mudança, é sensivelmente contínua, lida
sempre com objetos independentes, focase em partes dos objetos e exclui outras
partes. No entanto, a ideia de consciência
como algo que se encontra em um dos
polos vai paulatinamente desaparecendo no
funcionalismo de James. Segundo Heidbreder
(1933/1981), James, após a publicação dos
princípios em Psicologia, foi desinteressandose pela Psicologia e acreditando que as
respostas para as suas indagações só pudessem
ser encontradas na Filosofia, até que, em
1904, ele escreve o primeiro capítulo em seu
livro Essays in Radical Empiricism, que tem
o seguinte título: Does Consciousness Exist?
A filosofia empírica em James
Temos, então, o que denominamos de
terceiro momento jamesiano, em que ele se
reaproxima da Filosofia; agora encontrandose em uma posição que ele mesmo considera
empírica, chega a afirmar que concebe a
consciência como função de conhecer da
própria experiência, e nada mais. Heidbreder
(1933/1981, p. 139) observa que “a psicologia
de James é a transição: mostra os sinais da
metafísica, porém é um movimento orientado
para a ciência”. Apostaríamos então dizer
que, em James, encontramos outra radical
e imprescindível transição, que é de uma
Psicologia como ciência natural, que se
dedica ao estudo do estado da consciência,
de seus fenômenos e seus fundamentos
biológicos (condições) a uma Psicologia
que prescinde de um psiquismo. Assim, ao
questionar a existência da consciência, ele
refere-se, em seu texto A Consciência Existe?
(James, 1904), a diferentes estudiosos que já
tinham abandonado tal noção, e apresenta
os argumentos a favor de sua inexistência.
Em 1904, James decide, então, defender
publicamente a ideia de que a consciência
deveria ser descartada, restando apenas a sua
função, que é a de conhecer. Ele substitui a
noção de consciência pelo seu equivalente
pragmático: realidades da experiência,
que sempre se dão em uma exterioridade,
e, com isso, tenta romper a dicotomia
consciência e mundo, afirmando que, ao
considerar a experiência absoluta, acaba por
prescindir totalmente de dita polaridade.
James acrescenta que a relação desses dois
termos é a própria experiência, e que um dos
seus termos é o “sujeito que conhece”, e que
o outro é o “objeto conhecido”; “Ela tem dois
papéis diferentes, sendo gedanke e gedachtes,
o pensamento-de-um-objeto e o objetopensado, ambos em um” (James, 1904, p.108).
Os legados de James à
fenomenologia e à filosofia da
existência
Ao retomarmos as três modalidades presentes
nos estudos de James (a epistemológica, a
James (1890 como
citado em Abib, 2009,
p. 203) diz ainda que
“a consciência é um
órgão, uma perfeição
superadicionada
pela evolução,
com a função de
adaptar as pessoas
aos ambientes, com
a função, portanto,
de ajudá-las a
sobreviver”. Logo,
nessa perspectiva, à
Psicologia funcionalista,
caberia o estudo das
funções cerebrais
e dos fenômenos
cognitivos, volitivos
e perceptivos, para
oferecer resultados
práticos por meio
de suas ações
terapêuticas.
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psicológica e a filosófica), poderemos então
estabelecer os encontros e os desencontros
no que diz respeito à posição epistemológica,
à elaboração acerca da consciência e à
valorização da experiência em detrimento
do aspecto lógico do pensamento.
Iniciaremos por buscar as aproximações
entre James e Husserl por dois motivos. Sendo
ambos contemporâneos, provavelmente
encontravam-se imersos no mesmo âmbito
de discussão das problemáticas acerca do
conhecimento; em segundo lugar, em ambos
existe uma preocupação em demarcar o
espaço onde a consciência aparece.
Epistemologia refere-se a um segmento da
Filosofia moderna que mantém um diálogo
afinado com o projeto científico. Como
Filosofia do conhecimento, pretende discutir
a origem do conhecimento, o lugar da
verdade e o seu acesso (método). Para tanto,
a epistemologia precisa manter a dicotomia
sujeito e objeto e assim estabelecer em qual
deles se encontra a verdade, essência de tudo
que há. Para alcançar a verdade, é preciso
saber como acessá-la. Essa questão gerou
intermináveis discussões entre os empiristas
e os idealistas. Os primeiros diziam que a
verdade se encontrava no real, empírico, e
que daí nós poderíamos estabelecer todas as
leis de tudo o que há. O acesso a essa verdade
e às suas leis dar-se-ia pela experimentação,
comprovação e corroboração das hipóteses.
Já os segundos afirmavam que a verdade
se encontrava na razão, no pensamento, e
que, pelas leis do pensar e suas faculdades,
poderíamos acessar toda a verdade sobre
as coisas. Acessá-la seria um exercício do
pensamento.
Tanto James quanto a fenomenologia
husserliana e a filosofia da existência de
Kierkegaard, Heidegger e Sartre opõemse às teorias do conhecimento, embora
por caminhos diferentes. James propõe
que abandonemos essas discussões de
ordem teórica e busquemos a verdade
na vida prática, na ação. Nisso consiste
sua perspectiva pragmática. Para Hessen
(1926/1987), essa tese jamesiana ainda é
epistemológica, pois guarda na sua essência
uma dicotomia com relação ao fato de que a
ação ainda deriva da vontade do homem. A
vontade ainda é uma faculdade, e, como tal,
encontra-se no polo da subjetividade. Husserl
(1901/2007a), com sua fenomenologia,
também pretende deslocar-se das discussões
epistemológicas, que precisam partir da
dicotomia homem e mundo, para então
posicionar a verdade. Husserl propõe a ideia
de que o acesso à verdade não é alcançado
desprezando ou minimizando a importância
de um dos polos, pois a verdade encontrase no espaço cooriginário ao sujeito e ao
objeto: a intencionalidade. Por isso, afirma
que todo o objeto é para a consciência como
a consciência é para o objeto. Sem dúvida,
Husserl mantém-se em uma filosofia que
pressupõe a subjetividade, mesmo que não
lhe confira o lugar de posicionadora. Vemos,
assim, que a discussão acerca da verdade,
tanto com relação à tentativa de afastar-se
das vertentes epistemológicas como no que
diz respeito à relação que ainda mantém com
essa vertente filosófica, parece ser um ponto
de encontro entre esses dois pensadores.
Holanda defende a aproximação da noção
de consciência entre James e Husserl da
seguinte forma: “mesmo negando o caráter
substancial da consciência, James – ao afirmála como função – finda por posicioná-la como
um ente, como uma realidade, na acepção
fenomenológica, sendo, portanto, um objeto
suscetível de investigação” (2012). Campos
(1945 como citado em Holanda, 2012)
também argumenta a favor dessa proximidade,
ao dizer que James, ao opor-se ao atomismo,
adota uma “atitude fenomenológica, o que
o torna precursor das ideias de Husserl”
(Campos, 1945, p. 37, como citado em
Holanda, 2012). Concluindo, atentemos ao
que nos lembra Holanda: “Ademais, o próprio
Husserl afirmara a importância do valor do Principles of Psychology para o campo da
Psicologia descritiva”(2012). Mas, e o ponto
de discórdia, qual seria?
Husserl (1910/2007b) é um crítico fervoroso
das psicologias que se estabeleceram até
o início do século XX, e ponderava, em
A Filosofia como Ciência Rigorosa, que a
Psicologia clássica se preocupava com os
estudos sobre a alma, suas disposições
e seus afetos. Partindo desse a priori,
postulava que a Psicologia havia acabado
por desconsiderar totalmente a natureza
intencional dos fenômenos psíquicos.
Já a Psicologia moderna, mesmo que
com um projeto de ciência natural,
havia desconsiderado completamente a
natureza dos fenômenos psíquicos em
suas investigações e formulações, apenas
substituindo a denominação alma por
conceitos tais como subjetividade, atividade
subjetiva, eu, self e personalidade, dentre
outros. Mantendo-se no naturalismo, ela
toma o psiquismo como fenômeno natural,
e, como tal, busca encontrar sempre um
por que de seu acontecer (Feijoo, 2011).
Essa consideração de Husserl revela uma
crítica ao projeto de Psicologia presente em
James. Vamos agora buscar o que compõe
a noção de consciência em James e assim
tentar apontar os elementos de consciência
comuns nesses dois pensadores.
Para James, a consciência é ação, fluxo e
pensamento. Para Husserl, a consciência
é intencionalidade; logo, também é fluxo
temporal, sínteses de vivências intencionais.
Husserl afirma veementemente que a
intencionalidade deveria ser considerada
o fenômeno psíquico por excelência.
Por intencionalidade, Husserl entende o
fato de toda consciência já ser sempre
consciência de..., assim, os fenômenos
psíquicos são estruturados de modo não
posicionadores. Nossa consciência já está
sempre aberta, e é esse caráter de abertura
que a marca. Em consequência, uma
psicologia que se pretenda fenomenológica
deve considerar a intencionalidade um
fenômeno psíquico, e, como tal, afastar-se
de qualquer perspectiva causal, mesmo que
teleológica. Assim, Husserl não compartilha
os pressupostos funcionalistas, cuja ação
sempre está destinada a um fim posicionado
pela consciência.
Em uma Psicologia clínica com bases
funcionalistas, o que está em questão é
de que modo podemos alcançar a ação
correta para atingir os fins que conduzam ao
bem viver. Nas clínicas fenomenológicas, a
pretensão é desfazer as aglomerações, que
estão presentes na síntese do fluxo incessante
que constitui a consciência, para que, dessa
forma, as recordações, as expectativas e
as percepções não formem um bloco de
aglomerados, de modo que aquilo que é
questão acabe por desaparecer.
A disciplina Psicologia: Fundamentos e Bases
do Pensamento Fenomenológico e Existencial
em sua denominação e em sua ementa aponta
ainda, em James, a base das psicologias da
existência. Para pensarmos acerca dessas
psicologias, primeiramente, cabe trazer à
discussão as filosofias que as fundamentam.
As filosofias da existência caracterizam-se
por resgatar aquilo que nas filosofias da
subjetividade havia sido abandonado, ou seja,
o caráter sensível da existência, sem recair na
empiria, que posiciona o sensível como mera
experiência. Assim, também essas filosofias
pretendem ser críticas tanto com relação ao
empirismo quanto ao idealismo; assumem
a posição da existência como espaço do
acontecimento, saindo assim da ideia de
subjetividade tal como foi incorporado pelas
psicologias do eu. Como se sabe, o conceito
heideggeriano de existência, ao contrário
do que pode parecer, nada tem a ver com
o ato de ser, de estar fativelmente presente.
A existência, como existir, significa ek-sistir,
ser-arremessado-para-fora-de-si, jogado em
direção ao horizonte histórico-mundano de
Bases do Pensamento Fenomenológico e Existencial em William James
PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO,
2013, 33 (4), 840-851 Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo
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realização de si. A clínica existencial consiste
em um espaço compartilhado no qual se
pretende proporcionar possivelmente, e não
necessariamente, transformações existenciais.
O clínico não intervém; acompanha. Ele
não provoca; participa; enfim, compartilha
do espaço que se abre para uma possível
transformação.
Ao buscar as aproximações de James com
a perspectiva existencial em Psicologia,
deparamo-nos com o texto de James (1904)
que questiona se realmente a consciência
existe. Nesses questionamentos, embora
James assuma uma posição empírica,
encontramos uma aproximação com a
máxima das filosofias existenciais que
defendem a indeterminação e o caráter
de negatividade da existência. Ambos, ao
extinguir a consciência, pretendem eliminar
definitivamente todas as formas de dualismo.
Considerações finais
Podemos pensar, em um primeiro momento,
que, com as considerações de James
acerca da consciência, do método e de
prática psicológica em seus diferentes
posicionamentos, encontraríamos a gênese
das fundamentações da fenomenologia e
das filosofias da existência; porém, em uma
análise mais detalhada, concluímos que há
muito mais aspectos divergentes do que
convergências entre James, em seus três
momentos aqui postulados, a fenomenologia
de Husserl e a filosofia existencial.
James, em seu posicionamento acerca da
consciência, apresenta um deslocamento
tanto do idealismo quanto do empirismo,
do mesmo modo que Husserl, pela
fenomenologia, pretende suspender as
hipostasias idealistas e realistas. Mesmo a
consciência em James sendo fluida, ele ainda
mantém a ideia de que é a ação do homem
que posiciona o mundo. Em Husserl, a
consciência é uma síntese incessante também
em fluxo vivencial; no entanto, mundo e
homem são cooriginários.
Com relação ao método empregado em suas
análises, afirmam Bertoni e Pinto (2007) que
James pretende imprimir à sua investigação
um tratamento empírico com ênfase na
experiência concreta, por entender como
fenômeno psicológico aquilo que pode ser
descrito sem nenhuma especulação metafísica.
No projeto fenomenológico de Husserl, a
atitude fenomenológica frente ao fenômeno
consiste em uma atitude antinatural com a qual
Husserl nos convida a irmos ao fenômeno tal
como ele se mostra à consciência, portanto,
não empiricamente. E ainda ressaltamos a
questão da intencionalidade como espaço
de realização das vivências, que a noção
de experiência em James não contempla.
Em James, o funcionalismo diz respeito ao
pressuposto de que a experiência serve a
uma função que é adaptativa, logo, tem bases
em uma causalidade teleológica. Husserl, ao
considerar a cooriginalidade consciência e
objeto, suprime qualquer intervalo espaçotemporal e, em consequência, a relação de
causalidade.
Mesmo a conclusão de James acerca da
inexistência da consciência é insuficiente para
abarcar o caráter de negatividade do existir
demarcado pelas filosofias da existência e do
qual emergem a angústia, o desespero e o
tédio como marcas dessa própria negatividade
e anúncio da abertura às possibilidades.
Ainda com relação à clínica psicológica –
que em James conduziria ao bem-estar, à
adaptação e à superação –, na perspectiva
existencial, a clínica não levaria a nenhuma
positividade, ao contrário, abre espaço, ou,
pelo menos, não impede tal abertura, para
que o negativo se anuncie como tal para
que transformações possíveis se apresentem
como tais.
Bases do Pensamento Fenomenológico e Existencial em William James
PSICOLOGIA:
CIÊNCIA E PROFISSÃO,
2013, 33 (4), 840-851 Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo
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Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo
Doutora em Psicoterapias Atuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e docente da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ – Brasil.
E-mail: ana.maria.feijoo@gmail.com
Endereço para envio de correspondência:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de Psicologia Clínica, Instituto de Psicologia. Rua São
Francisco Xavier, 524, Maracanã. CEP: 20550-013. Rio de Janeiro, RJ.
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Recuperado em 06 jan., 2012, de http://www.redepsi.com.
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