quarta-feira, 4 de abril de 2012

O candidato Mélenchon, o Lula francês

Jean-Luc Mélenchon (“Bairros Populares, bairros solidários”) – Há muito mérito em vocês terem vindo me encontrar. Li nos jornais, que vocês não estão aqui por ideias, mas para “assistir a um show” [vaias]. Obrigado.
Viemos todos até aqui, porque aqui é como uma fronteira, entre a zona industrial mais importante e mais rica da Europa, e a cidade mais pobre de toda a região de Île de France [1]. Esse contraste apaga os discursos pretensiosos que já ouvi sobre os centros e as periferias, os subúrbios (banlieues) e os bairros. Como aquele discurso poderia explicar que aqui, num mesmo lugar, concentrem-se imensa pobreza sempre crescente e os polos mais avançados do espírito, da pesquisa, bem ao lado do Syncotron [2], com uma estação do trem-bala TGV [3], um aeroporto?
Como se pode explicar que aqui, onde há de tudo, haja também tanta pobreza, tanta dificuldade para viver? Esse é o escândalo que vim apontar, aos que se dizem sem máscara. Ainda agora ........ queria que eu não viesse falar aqui. Como se fosse o caso de se manter à parte, preservado entre os iguais, impedir que viéssemos falar aqui, tomar a palavra, quando todos deveriam, isso sim, vir até aqui, e falar aos companheiros. É preciso que a França inteira veja o que se passa aqui [bravo!].
O que se passa aqui é essa estigmatização favorecida por um punhado de energúmenos, sempre postos em cena. É preciso que os apontemos. Temos de mostrar nossos bairros, nossas cidades, para que eles também vejam essas imagens, para que tenhamos também o direito à imagem, para que deixemos de ser pretexto da boa consciência da boa sociedade, que precisa de que haja esses bantustões, onde prendem, onde cercam uma parte da população, que eles põem a viver em círculos, presos em suas misérias e sofrimentos [bravo, bravo].
Que a França toda veja o que foi feito dessas crianças que todos discriminam. Por isso todas as descriminações que se conhecem têm de ser apontadas. Por isso, é preciso acrescentar, na lei, a discriminação pelo endereço, que é a mais infame, talvez, que temos a suportar, pois propõe um princípio de culpabilização coletiva inaceitável.
Aqui se vê, vocês que me ouvem de longe, a infinita paciência dos suburbanos (banlieues).
O que mais queremos é mostrar a força e a potência de nossa vontade de estar reunidos, numa França unida e indivisível [Viva a França!], na qual recusamos a guerra entre nós, pela cor da pele e pela religião [Resistência! Resistência!].
Meus amigos, antes de tudo, expulsem do coração de vocês o veneno do autodesprezo e do ódio ao outro, que essa é a pior das cadeias às quais poderiam prender vocês. 
Claro que vocês verão gente que têm as soluções já prontas, pequenos grupos ou grandes partidos, que se apresentarão como se soubessem, melhor que os que se encontram aqui, o que seria preciso fazer. Sempre há listas de medidas prontas. Mas nunca serão melhores listas as que sejam feitas pelas pessoas que se organizam. Vocês ouvirão muitas ideias prontas, da boca de uns e outros que só porque são candidatos apresentam-se como se soubessem melhor que vocês o que seria preciso fazer.
Nós somos sempre mais fortes quando nos amparamos na nossa inteligência coletiva, do que quando ouvimos propostas de um ou outro que se apresenta como se soubesse melhor que nós, o que é preciso fazer.
No fundo, o problema é um só. Só há um problema: é o problema da distribuição, da partilha da riqueza.
O mais absolutamente necessário de tudo é que a imensa riqueza acumulada no nosso país, seja partilhada. Que deixe de acumular-se só num polo da sociedade, enquanto o outro nada tem. Como se vê nesse mapa inverossímil segundo o qual ao longo da linha do trem transeuropeu, se se parte de Luxemburgo até o fim da linha, vê-se que tudo se vai degradando, ao longo do percurso: o que se tem, o número de médicos por metro quadrado, o número de professores sem os quais os nossos jovens não podem fazer o progresso humano do qual nossa sociedade carece para crescer e encontrar o equilíbrio. 
Não acreditem nos que dirão a vocês que há soluções locais. Não estamos numa eleição municipal ou cantonal. Estamos numa eleição que diz respeito a todo o país, no coração da Europa.
Nosso objetivo, apesar de tudo que dirão contra nós, é quebrar essa cadeia que, em toda a Europa, procura manter o povo na austeridade e na dependência do grande capital que decidiu aumentar, a favor da dívida, a predação sobre toda a sociedade. Temos de consagrar a isso toda a nossa energia, toda nossa inteligência, toda nossa mobilização. Esse é o problema que temos de vencer.
Partilhar as riquezas. Imponham a partilha! O problema e as soluções andam juntos. Nada há aqui de diferente do que se vê por toda a parte. Faltam professores, falta saúde, transporte, segurança, esses não são problemas locais, são problemas gerais. Ataquem o coração do sistema! Ataquem onde se acumula a riqueza. Partilhem, imponham a partilha [Resistência! Resistência!] Sim, resistência! Resistência!
Agora, no caminho, antes de chegar aqui para encontrar vocês, encontrei uma senhora, uma mulher honesta, que vive de seu trabalho e luta para manter sua família, virou-se para mim e disse: “O senhor sabe, Senhor Mélenchon, essas coisas sempre andam muito depressa. Pensamos sempre que só acontece com os outros, até que, um dia, cortam a eletricidade da nossa casa. E então, como fazer, para cuidar das crianças, da família?” E outra me disse: “Na minha casa, cortaram a água”. 
Qual é a primeira coisa que temos de dizer entre nós, uns aos outros? Que só contamos conosco. Nada se deve esperar dos que chegam com boas palavras. Comece cada um dando a mão a quem esteja próximo. Seja cada um fraterno, todos vocês fraternos entre vocês mesmos. Ajudem o companheiro que vacila, que cai. Lembrem-se sempre que, em todas as circunstâncias, a fraternidade, a solidariedade que une vocês, sempre será mais forte que qualquer adversidade. Lembrem sempre que, sim, nós podemos tomar as medidas que tenham de ser tomadas. Não é verdade, não, de modo algum, que estamos condenados ao fracasso.
É o que digo, não só no meu programa, mas sempre e imediatamente. É o que mostraram nossos camaradas da ....., que religam a energia elétrica dos que tenham tido a energia cortada. Glória ao Robin Hood! [aplausos]. Como eles fizeram, amigos e camaradas, que o primeiro faça o que tiver de ser feito.
Quero dizer: as coisas sem as quais a vida não é possível, o primeiro metro cúbico de água, o primeiro Kw/h, deve custar o mesmo preço que o último. Mas o primeiro metro cúbico de água, o primeiro Kw/h sem os quais não se pode viver com dignidade, esses têm de ser mais baratos. E que se aumentem os preços dos metros cúbicos de água usados para encher piscinas e para outras finalidades desse tipo.
Criar tarifas sociais para os bens essenciais, essa é a primeira medida que terá de tomar a nova República que queremos construir, a República social, a 6ª República.
Meus amigos, quantas vezes, quando se ouve falar dos subúrbios (banlieues) e dos bairros, vê-se que quem fala esquece a imensa riqueza humana que vive aqui. E quando se fala da humanidade, as reclamações pesam contra nós, e nada se diz contra os que creem que o principal valor da existência é o lucro, o dinheiro.
O primeiro valor da humanidade é o amor e a fraternidade. Por isso digo a esses jovens que estão aqui, lembrando dos meus pais: jamais desprezem ou se envergonhem de seu pai e de sua mãe imigrantes, que tiveram a coragem de partir para oferecer a vocês um futuro melhor. Pensem nos filhos de vocês que nascerão e crescerão aqui, bem vindos.
Nós somos todos um povo só, a nova França, somos a vanguarda desse país que construímos juntos. Somos todos parecidos, somos todos iguais na França republicana, cada vez que renovamos o juramento inicial “Liberdade, igualdade, fraternidade”.
Não escutem os que dizem a vocês que é preciso manter submissos os que hoje não têm os documentos legais exigidos pelo Estado! Porque, se não dermos a eles o direito de viver livres, de se organizar em sindicatos, se lhes negamos o direito à resistência, nós os estaremos condenando ao sofrimento do medo cotidiano, eles e seus filhos. E assim, a iniquidade se instala entre nós, surgem trabalhadores que lutam uns contra os outros. E nos condenamos, nós, não eles, a combater entre nós mesmos, uns contra os outros.
Por isso digo, olhando nos olhos a quem me pergunta e me acusa:
“Sim, nós daremos todos os documentos legais necessários a todos os trabalhadores indocumentados (sans-papiers)! Daremos a eles esses documentos, porque não podemos esperar pelos professores de Direito Comparado, que nos digam qual seria a fórmula perfeita de prestação social. As coisas não se passam assim. O inimigo é a miséria. A miséria é madrasta. É preciso combater a miséria.
Que fazem vocês, poderosos, que reclamam que nós, que partimos pela trilha do imigrante [4], sempre o rumo sul, com risco de nossa própria vida, se vocês destruíram toda a agricultura nos nossos países de origem? Prestem contas! Por que desperdiçam, por que vendem a preço vil o produto da agricultura intensiva que a Europa subvenciona, e que destruiu toda a agricultura de subsistência nos nossos países? Vocês são culpados de toda aquela miséria! Por isso queremos acabar com a miséria, mudando as políticas que geram o que vivemos hoje!”
Jamais diremos outra coisa. O problema central é sempre organizar a distribuição da riqueza, seja no plano nacional ou internacional.
Assim também, não aceitarei jamais o discurso que aponta o dedo para algumas áreas da França ou a alguns bairros das cidades, e voltam sempre à conversa fiada da segurança, como se fosse o mal dos males e fosse assim por responsabilidade ou consentimento nosso, dos pobres. Como se houvesse uma única casa, uma única família, onde o pai e a mãe não se desesperem se o filho se atrasa na volta para casa, onde o pai e a mãe não sofram se o filho não vai bem na escola. Mas há também os que fazem tudo certo, que vão bem na escola, mas, mesmo assim, são condenados pelo endereço, ou, ainda pior, porque são desempregados e discriminados! Os pais e mães que vivem aqui são iguais aos pais e mães de qualquer lugar. Todos os pais e mães amam seus filhos e querem o sucesso deles. A todos horroriza o sofrimento que vêm à sua volta.
Mas... a televisão mostra sempre os nossos bairros, sempre para mostrar cenas “de tráfico” – que, sim, acontece pela cidade inteira, inclusive nos bairros ricos. Onde estão os grandes traficantes de armas? Porque é claro que o armamento pesado não é comprado na esquina. Quando veremos na televisão os grandes traficantes de droga, de armas? Esse tráfico é organizado! Quando os veremos? Eles zombam de nós!
Zombam também de nós, quando tentam fazer crer que praga abominável do tráfico de drogas brota aqui, nos nossos bairros. Não. Ela brota longe daqui, poderosos da terra! Será que não veem que essa praga brota, sobretudo, nos países onde não há assistência social, nem salário mínimo, onde o Estado é “mínimo”, em resumo, onde reina o paraíso de vocês e seu mercado livre, onde a violência é mais extrema, com seus bandos que fazem a lei e seus exércitos privados?
Não permitimos isso, aqui. Por isso queremos construir essa 6ª República, na qual todas as questões, inclusive a questão da segurança, será questão a ser discutida e encaminhada também pelo povo, para que o povo possa cuidar, ele, dele mesmo.
A solução de todos os problemas de vocês é política! Ela depende de poder político! Da orientação política que vocês darão a nosso país. 
Em poucas semanas, vocês terão a possibilidade de abrir uma brecha, não só na França, não só num partido onde tudo estava arranjado para se passar como sempre, entre os mesmos. Vocês poderão quebrar esse círculo infernal.
Depois de vocês abrirem uma brecha aqui, pela mesma brecha passarão outros, depois de vocês, em eleições que haverá na Grécia, na Alemanha, na Bélgica, numa grande revolta de toda a Europa, para nos libertar todos.
Se agirem como ovelhas, vocês serão degolados. Se se entregarem aos que lhes dizem, em todos os tons, que vocês têm de curvar-se à austeridade, vocês, que já têm quase nada, terão nada e, depois, terão menos que nada.
Se vocês não se ocuparem da política, a política se ocupará de vocês! Disso, podem ter certeza.
Mas temos uma dificuldade imediata [5]. Vivemos hoje um momento em que, por nossos esforços, pelo trabalho de muitos, não de um só homem, o movimento que lançamos e que se verifica mais uma vez hoje pela presença de vocês, já não é movimento de campanha eleitoral, já não é só movimento da Frente da Esquerda, e já se converte em Frente do Povo, do qual ninguém se livrará, seja qual for o resultado das eleições, mesmo que se livrem de mim. [Resistência! Resistência!] A maior força desse movimento da Frente do Povo que vocês estão construindo vem de vocês, de cada um e cada uma.
É o resultado que já conseguimos pela potência de nossa manifestação na Bastilha, em nosso comício de Lille, em breve, com suas bandeiras vermelhas, lenços vermelhos, camisas vermelhas, sapatos vermelhos qualquer coisa, desde que vermelha, as próximas manifestações em Toulouse, em Marselha, que estamos organizando. Tudo isso é, sim, movimento revolucionário! Sim, Mme. Parisot [6], é movimento revolucionário! É a revolução cidadã que avança!
Pois aquela senhora disse, que eu represento o terror... À carteira de dinheiro dela, talvez seja, concordo, dessa gente de cérebro pequeno, cujo coração limita-se à carteira de dinheiro. Para nós, é o contrário. Que nos derrotem, que nos arrasem, é normal, é a democracia. Que digam o que queiram. Eles dizem, nós dizemos. Somos livres: eles, das nossas suas opiniões; nós, das deles.
Mesmo assim, não é possível errar tanto, tão completamente.
Digo-lhes que é pena, grande pena, enorme pena, que, no momento dessa formidável mobilização de vocês todos, quando vocês estão conseguindo levar a candidatura comum da Frente de Esquerda que eu encarno à frente da candidatura da Sra. LePen; no momento em que, pelos esforços pacientes de vocês, quando souberam resistir às caricaturas, às críticas que fizeram e fazem, de mim, e também de vocês mesmos; quando por efeito do trabalho de vocês, que souberam todos levar suas opiniões aos amigos, aos vizinhos, argumentando, respeitando a palavra do outro, exigindo argumentos, para poder responder, contra-argumentar, no momento em que chegamos até aqui...
É pena que, nesse momento, vejo armar-se contra mim um infernal fogo de barragem, “fogo amigo”, inacreditável.
Mas, afinal o que significa isso, esse ataque contra mim, dos que se dizem de esquerda? Prestem atenção à direita! Preocupem-se com Sarkozy, não conosco! [Resistência! Resistência!]. 
Ah, mas nem precisam se explicar! Basta ver a propaganda no caminhão! Lá dentro, eles levam o grande cão de guarda, que gira em torno do próprio rabo, para fazer medo a todo mundo. E assim a democracia se agacha, se encolhe, se acanalha, reduzida a uma espécie de Pnud (?). Só sabem calcular probabilidades, quem tem mais chances, quem não tem chances... Para nunca dizer o que tem de ser dito, para nunca se comprometer, para nunca tomar qualquer posição séria, madura, numa decisão em que se joga o futuro da França por cinco anos! 
Ah, mas nós fizemos o trabalho das ruas! Nos livramos do cão de guarda e estamos agora dedicados a libertar a palavra política na França. Isso, graças ao nosso trabalho político!
Dizem que... Até acho engraçado. Um jornal financeiro pagou alguém – e há quem pague por isso! – para fazer um estudo de imagem. Depois do estudo, concluíram que o Sr. Bayrou controla-se muito bem, porque não mostrou os tiques; e que o Sr. Sarkozy é homem muito sincero, porque não esconde a agitação. E de mim, disseram que agito demais os braços, não porque venho do Mediterrâneo, mas porque pareço um macaco. [Risos. Vaias.].
Meus amigos... Eu não poderia ter recebido mais belo elogio!
A verdade é que nem isso é invenção deles. Já li sobre isso. Também chamaram Ivo Morales, de macaco. Logo depois de eleito, porque Ivo Morales é índio. Também chamaram Obama, de macaco, porque é negro. Também chamaram Hugo Chávez de macaco, porque é moreno. Pois muito me alegra ser incluído nesse clube de macacos! [Aplausos].
Preparem-se. De agora até as eleições, vocês não serão poupados de nenhuma ofensa, de nenhuma provocação. Mesmo agora, estão por aí, aqui mesmo. Ah, não duvidem! Conhecemos bem tudo isso. Eles não se deixam derrotar assim tão facilmente. E nós somos a força, o grande número, a inteligência! Sob o cabelo de macaco, há cérebro!
Enquanto a direita me compara a um macaco, há esse pobre Sr. Gérard Collomb, prefeito de Lyon, [7] que diz que o que lhes proponho é o que já fracassou no Camboja. Muitos talvez não saibam do que se trata. Explico: no Camboja, houve um massacre de dois milhões de pessoas. Eis como me fala gente que posa como socialista! Acusa-me de propor à minha pátria um plano de extermínio de dois milhões de pessoas. Vejam a que ponto chega o discurso que só ofende, agride, separa, segrega. E, em seguida, aparecem os mesmos, com sua pose arrogante. Para dizer que o problema dessa eleição seríamos nós?!
Mas quem leva com coragem a palavra da esquerda, se não nós? Quem reúne outra vez a esquerda nas ruas, em grandes números, se não nós? Mas a palavra da esquerda afinal tem nome! Partilhar! Partilhar! Partilhem!
Aumentar o salário mínimo, salário mínimo a 1.700 euros! Reembolso da saúde, 100%! Porque não é normal que, conforme o endereço, na linha do trem, se morra mais num ponto, que noutro, por falta de assistência médica! Mais professores! Tudo é questão de partilhar.
E me dirijo a vocês, aqui reunidos. Não permitam que nosso subúrbio (banlieue) seja capturado por mercenários que oferecem financiamento aqui ou ali, para calar vocês. Não admitam que o gueto se estabeleça no próprio coração de vocês. Não admitam que nossos bairros, nosso subúrbio (banlieue), o interior do país sejam o mais triste deserto político que os bon vivants esperam ver e ao qual querem condenar vocês. Porque se fizerem o que eles pregam, vocês estarão renunciando àquele momento de grandeza, de dignidade, que o poeta Victor Hugo descreve tão bem, dizendo que, ali, somos todos reis: à boca da urna.
Seja qual for a decisão que cada um tome, com seu voto, o mais miserável é igual ao mais poderoso. Jamais renunciem a essa dignidade, porque vocês são muitos, portanto são a força, e a decisão está nas mãos de vocês. Não acreditem nos que lhes pedem que digam só o que acham melhor para o seu bairro. Pensem no que desejam para toda a pátria.
Constituiremos Comitês da Frente do Povo nos bairros, para fazer o levantamento global dos pontos fortes e dos pontos fracos. E com essa lista assim estabelecida, a ação política será dirigida a partir de instruções que virão de baixo.
É preciso governar por Indicadores de Desenvolvimento Humano. Temos de ter a coragem de aplicar aos nossos bairros, ao interior da França, os mesmos instrumentos de medida que se aplicam pelo mundo e que aqui se desprezam, sob o pretexto de que a França seria “país desenvolvido”. Quero que todos saibamos qual é o nível de mortalidade infantil em cada bairro, em cada vila. O nível de alfabetização, de acesso à cultura, bairro a bairro, para que todos se vejam e para que se estime com clareza o que falta fazer. Erradicar o analfabetismo, melhor cultura para todos, porque esse é o caminho para que o ser humano melhore. E com melhor coração, o ser humano é melhor para a sociedade inteira.
Assumam o lugar de vocês mesmos no grande movimento que estamos construindo. Deem-me a chance, não a mim, porque nada quero para mim, que, eu, já tive tudo, mas para muitos tenham acesso a todos os benefícios que tive a sorte de ter.
Não apliquem a moral do egoísmo, do “aproveite-se você mesmo”. Olhem à volta e vejam toda a inteligência que é preciso liberar, toda a inteligência que está aqui sufocada.
Só tenho mais uma palavra a dizer, que, do resto, vocês sabem tudo.
Aconteça o que acontecer, o movimento continuará, sim, mas temos o dever de derrotar Sarkozy. Que seja derrota completa, grande, ampla derrota, a de Sarkozy. Não por ira pessoal, que não somos gente de ódio. Mas temos de derrotar uma política que arrasta com ela a infelicidade de muitos.
Mas vejam o que está acontecendo na Grécia de Papandreou que se rendeu imediatamente. E os gregos foram esmagados por sete planos de austeridade.
Nós podemos afinal, dar a toda a Europa um sinal de é possível uma nova organização política da sociedade, que partilha a riqueza, protege o mundo natural e parte da ideia de que o valor principal é o valor humano.
Aos mais jovens, quero dizer que não duvidem, que não se deixem arrancar de vocês mesmos, que não se rendam à caricatura de vocês que lhes queiram impor nem ao folclore que lhes sugerem. A França é nossa. Esse país é nosso. Não importa de onde vieram vocês, os pais de vocês, seja qual for a cor da pele, seja qual for a religião. A França é grande, porque vocês são grandes.
Viva a França, viva a República, viva a Internacional!

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