Na agenda do Fórum Econômico Mundial 2021, a
consolidação do 1984, de George Orwell
Da conspiração a realidade, WEF 2021 discute nova ordem mundial!
Por Emanuel Steffen | 17/08/2020 08
Artigo original intitulado: Começamos com os lockdowns. E estamos indo para “O Grande Reset”. Publicado em Mises.org.br por Antony Mueller. Doutor pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, Alemanha (FAU) e, desde 2008, professor de economia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde ele atua também no Centro de Economia Aplicada. Antony Mueller é fundador do The Continental Economics Institute (CEI) e mantém em português os blogs Economia Nova e Sociologia econômica.
O confinamento (lockdown) imposta na esteira da
pandemia do novo coronavírus acelerou a implementação de antigos planos para
estabelecer a chamada “nova ordem mundial”. E isso não é teoria da
conspiração. Já se tornou um objetivo abertamente declarado. Sob os auspícios
do Fórum Econômico Mundial (WEF - World Economic Forum), os formuladores de
políticas globais estão abertamente defendendo um plano intitulado “O Grande
Reinício” (The Great Reset), com a explícita intenção de criar uma tecnocracia
global. Não é por acaso que, em 18 de outubro de 2019, na cidade de Nova York,
o WEF participou do "Evento 201", uma "conferência de alto
nível", sobre reações à pandemia, organizada pelo John Hopkins Center for
Health Security. Pelo que se depreende do manifesto, essa vindoura tecnocracia
envolverá uma estreita cooperação entre os chefes da indústria digital e os
governos. Com programas como “renda mínima garantida” e “assistência médica
para todos”, o novo tipo de governança combina um estrito controle da sociedade
com a promessa de “justiça social abrangente”.
Essa nova ordem mundial organizada por uma tirania
digital virá com um abrangente e astuto “sistema de crédito social”. A
República Popular da China é pioneira neste método de vigilância e controle de
indivíduos, corporações e entidades sociopolíticas. Para o indivíduo, sua
identidade seria reduzida a um aplicativo ou chip que registra praticamente
toda sua atividade pessoal. Para obter alguns direitos individuais, como o de
viajar para um determinado local, a pessoa terá de contrabalançar esses
privilégios aparentes com sua sujeição a uma rede de regulações que define em
detalhes o que vem a ser um “bom comportamento”, o qual deve ser considerado
benéfico para a humanidade e para o meio ambiente.
Por exemplo, durante uma pandemia, esse tipo de
controle se estenderia desde a obrigação de usar uma máscara e praticar o
distanciamento social até vacinações compulsórias para poder se candidatar a um
emprego ou viajar. Trata-se, em suma, de um tipo de engenharia social que é o
oposto de uma ordem espontânea. É a antítese daquilo que se pode considerar
'desenvolvimento'. Como o engenheiro mecânico com uma máquina, o engenheiro
social — ou tecnocrata — trata a sociedade como um objeto. Diferentemente das
brutais supressões do totalitarismo de épocas anteriores, o engenheiro social
moderno tentará fazer a máquina social funcionar por conta própria, de acordo
com o projeto original.
Para esse propósito, o engenheiro social deve
aplicar as leis da sociedade da mesma maneira que o engenheiro mecânico segue
as leis da natureza. A teoria comportamental atingiu um estágio de conhecimento
que tornou possível praticamente todos os sonhos da engenharia social. As
maquinações da engenharia social operam não pela força bruta, mas sutilmente
por meio de "cutucões", como sempre apregoou seu papa, Richard
Thaler.
Sob a ordem imaginada pelo "Grande
Reinício", o avanço da tecnologia não visa a aprimorar as condições das
pessoas, mas sim a submeter o indivíduo à tirania de um estado tecnocrático.
"Nossos especialistas sabem o que é melhor" é a justificativa.
A Agenda - O plano para uma revisão e uma reforma
geral do mundo é criação de uma elite de megaempresários, políticos e sua
comitiva intelectual que costumavam se reunir em Davos, na Suíça, em janeiro de
cada ano. Criado em 1971, o Fórum Econômico Mundial (WEF) tornou-se um evento
mega global desde então. Mais de três mil líderes de todo o mundo participaram da
reunião em 2020.
Sob a orientação do Fórum, a agenda do "Grande
Reinício" afirma que a concretização da atual transformação industrial
requer uma renovação completa da economia, da política e da sociedade. Dado que
uma transformação tão abrangente requer a alteração do comportamento humano, o
"transhumanismo" obviamente faz parte do programa. O Grande Reinício
será o tema da 51ª reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, em 2021. A
agenda proposta será o compromisso de direcionar a economia mundial para "um
futuro mais justo, mais sustentável e mais resiliente". O programa clama
por "um novo contrato social" que seja centrado na igualdade racial,
na justiça social e na proteção da natureza.
Segundo o documento, as "mudanças
climáticas" exigem que "descarbonizemos a economia" e que o
pensamento e o comportamento humano passem a estar "em harmonia com a
natureza". O objetivo é construir "economias mais iguais, inclusivas
e sustentáveis". Essa nova ordem mundial deve ser implementada
"urgentemente", pois a pandemia "deixou nua a insustentabilidade
do nosso sistema", que carece de "coesão social". Os defensores
do Reinício afirmam que a ONU falhou em estabelecer ordem no mundo e não foi
capaz de impor forçosamente sua agenda de desenvolvimento sustentável — conhecida
como Agenda 2030 — por causa de sua maneira burocrática, lenta e contraditória
de trabalho. Por outro lado, as ações do comitê organizacional do Fórum
Econômico Mundial são rápidas e inteligentes. Quando um consenso é formado, ele
pode ser rapidamente implantado pela elite global em todo o mundo. –
Engenharia social - Esse projeto do Grande
Reinício é engenharia social na mais pura definição do termo. No entanto, vale
ressaltar que a ideologia do Fórum Econômico Mundial não é nem de esquerda nem
de direita, nem progressista e nem conservadora; também não é fascista ou
comunista. Ela é tecnocrática. Como tal, inclui muitos elementos de ideologias
coletivistas anteriores. Nas últimas décadas, o consenso que surgiu nas
reuniões anuais de Davos é o de que o mundo precisa de uma revolução e que
reformas sempre demoram muito tempo. Por isso, seus membros querem uma profunda
transformação a curto prazo. O intervalo de tempo deve ser tão breve que a
maioria das pessoas dificilmente perceberá que está acontecendo uma revolução.
A mudança deve ser tão rápida e dramática que aqueles que reconhecerem que uma
revolução está acontecendo não terão tempo para se mobilizar contra ela.
A ideia básica do "Grande Reinício" é o
mesmo princípio que conduziu as transformações radicais das revoluções francesa,
russa e chinesa. É a ideia do racionalismo construtivista incorporado ao
estado. Só que projetos como o "Grande Reinício" não oferecem
resposta para a pergunta: quem governa o estado? O próprio estado não governa.
Ele é apenas um instrumento de poder. Não é o estado abstrato que decide, mas
sim os líderes de partidos políticos específicos e de certos grupos sociais.
Os antigos regimes totalitários precisavam de
execuções em massa e campos de concentração para manterem seu poder. Hoje,
acredita-se que, com a ajuda de novas tecnologias, os dissidentes poderão ser
facilmente identificados e marginalizados. Aqueles que não se ajustarem serão
silenciados; opiniões que divirjam do "consenso da maioria" serão
desqualificadas como moralmente desprezíveis (tipo como já ocorre hoje). Os
lockdowns de 2020 possivelmente oferecem uma prévia de como esse sistema
funciona. O lockdown funcionou tão perfeitamente — no sentido de condicionar a
população a adotar uma mentalidade bovina — que parece ter sido orquestrado — e
talvez tenha sido. Como se seguissem um único comando, os líderes de grandes e
pequenas nações — de diferentes estágios de desenvolvimento econômico —
implementaram medidas praticamente idênticas. -
Muitos governos
não apenas agiram em uníssono, como também aplicaram essas medidas com sem ter
qualquer consideração pelas terríveis consequências de um bloqueio econômico
global. Meses de paralisia econômica imposta pelos estados destruíram a base
econômica de milhões de famílias. Conjuntamente com o distanciamento social, os
lockdowns produziram uma massa de pessoas incapazes de cuidar de si mesmas.
Primeiro, os governos destruíram o direito ao próprio sustento; depois, os
políticos (os próprios destruidores) se ofereceram como salvadores. A demanda
por assistência social não está mais limitada a grupos específicos, mas
tornou-se uma necessidade das massas.
Antigamente, dizia-se que a guerra era o que
alimentava e dava forças ao estado. Agora, é o temor de doenças. O que temos
pela frente não é o aparente aconchego de um benevolente e abrangente estado de
bem-estar social, com uma renda mínima garantida e assistência médica e
educação para todos. O lockdown e suas consequências trouxeram um aperitivo do
que está por vir: um estado de permanente medo, de controle comportamental
rigoroso, de perda maciça de empregos e de crescente dependência da
"benevolência" de políticos.
Para concluir - Com as medidas tomadas no rastro
da pandemia de Covid-19, foi dado um grande passo para "reiniciar" a
economia global (nas palavras de seus próprios proponentes). Se não houver
resistência popular, o fim da pandemia não significará o fim dos lockdowns, das
quarentenas e das medidas de distanciamento social. No momento, porém, os
oponentes dessa nova ordem mundial organizada por uma tirania digital ainda têm
acesso à mídia e a plataformas para discordar. No entanto, o tempo está se
esgotando. Os criadores da nova ordem mundial são espertos. Declarar o
coronavírus como uma pandemia foi útil para promover a agenda de seu
"Grande Reinício". Somente uma maciça e contínua oposição pode
desacelerar e, quem sabe, interromper a ampliação do poder dessa tecnocracia tirânica
que está em ascensão.
(*) Fonte: Antony Mueller /mises.org.br.
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