terça-feira, 17 de junho de 2025

apresentação cle 19 06

ÚLTIMA CLE JUNHO 17.06.25 O objetivo desta apresentação é contribuir para a elucidação da diferença entre sistema e processo como instrumentos heurísticos, assumindo-se como critério de validação a intensidade de sua aderência à realidade que pretendem representar. Considera-se a proposta como oportuna ante a constatação informal, pelo autor, da ocorrência no ambiente acadêmico, e para além dele, de postulação inadequada da diferença entre uma noção e outra. Mesmo grande parte da literatura que se propõe a uma abordagem integral dos fenômenos sob a noção de totalidade orgânica, em oposição à abordagem analítica, não vai além do que se entende como processo no senso comum. Processo, como noção intuitiva, somente se deixa acercar indiretamente, por meio de metáforas, analogias, figurações e alegorias. No vocabulário da linguística assume-se a diferença entre processo e sistema no signo, que é de caráter ambivalente. No signo estão compreendidas a denotação e a conotação. Separa-se uma da outra mediante abstração; junta-se uma à outra, como processo, conformando uma unidade conflitiva e solidária, na sua expressão adverbial. Associadas uma à outra de modo solidário e conflitivo ao mesmo tempo, tem-se uma locução adverbial. A locução adverbial consiste na junção de uma ou mais palavras, flexionando-se na sentença o significado dicionarizado do verbo, do adjetivo ou do advérbio, tendo-se como referência o seu sentido. E o sentido, à difernça do significado, muda de acordo com o contexto, que é a sua referência. Assim é que na Ilíada de Homero (circa 800 a.C.) - autor da primeira obra declamada ou escrita no Ocidente - nos seus 15.693 versos todas ações por ele descritas o são na forma de locução adverbial. A locução adverbial, como expressão da ação, ou comportamento, responde à indagação "como", à diferença da indagação "o que é"."Como", como conotação, pois a ação, ou comportamento, muda em sincronia com a realidade, assumida como um estado de mudança, na acepção da visão em processo. Assim, por exemplo, não existe em Homero um verbo científico para o ver denotativo, propriedade de sua fisiologia, como a visão no seu sentido fisiológico A visão em processo corresponde à Pracom o que se pretentedá-se de modo sin interessa mais o modo como o ser humano se comporta e como se comporta também o mundo, do que saber em que consistem, ou o que são. Ou seja, o alvo da atenção é a ação, o comportamento, em cuja base assenta a experiência, que se privilegia em desfavor das especulações de caráter abstrato. Isso faz com que o Oriente privilegie uma visão compreensiva do todo, em detrimento da desmontagem do todo em partes. Se se assumir como referência o Ocidente tendo como epicentro a Europa e na Europa a Grécia - referência sobre a qual inexiste consenso entre os historiadores - é na Grécia Clássica (século VIII ao VI a.C), que sucede à Grécia Arcaica (VIII ao 500 a.C.) que a atenção se volta para o enfoque analítico, período que coincide com a ocorrência de grandes transformações sociais, polítidas e culturais, com destaque para o surgimento das cidades-Estado e o desenvolvimento da escrita e das artes. É nesse período que se introduz, trazida do Egito, o que em solo grego vem a chamar-se geometria, já na sua formulação abstrata, em contraste com o caráter empírico, como era praticado nos arredores dos rios Tigre e Eufrates,de grandes extensões de terras férteis e favoáveis à agricultura irrigada. Ali teria ocorrido a passagem do Periodo Arcaico para o Período Neolítico. Aqui assume-se a diferença entre proceso e sistema como um conflito inclusivo expresso na palavra como signo, de caráter denotativo e conotativo ao mesmo tempo, ambíguo, portanto. Assim, o signo pode significar a ação do verbo ver como função fisiológica do órgão da visão, e pode significar o olhar que caracteriza o enxegar no contexto de uma ocorrência eventual, singular, irrepetível, única. Está aí, grosso modo, o sumo da diferença entre sistema e processo (ou contexto). Há discordância quanto a isso, mas vou discuti-las mais à frente. Contexto, que é a integração entre processos, trabalha somente com locuções adverbiais, consideradas como adequadas para descrever a ação, ou comportamento, que são polissêmicos. Sistema limita-se à função unívoca do ver, própria às suas aplicações nas questões de caráter abstrato, como conceitos, que são, por definição, monossêmicos, em atenção à exigência do princípio de identidade e não contradição, da lógica formal de Aristóteles. Em sua filosofia pragmática, Aristóteles observa que o princípio não tem aplicação universal, geral indistinta, permanecendo, pois, fora da pragmática. A explicação aristotélica é que dão-se situações em que não há por que convocar a certeza absoluta, pois nem tudo é objeto de demonstração, o que é de lei na lógica e na matemática. diz o filósofo. Observe-se que Aristóteles tem o seu pé filosófico preso ao chão, ao cotidiano, como o revelam as analogias de que se serve em seus escritos, de caráter pedestre, o mesmo de que faz uso a dona de casa. Sistema corresponde a uma sintaxe, de regras fixas e imutáveis, uma estrutura que opera com funções, que são de caráter unívoco, paralelo, de contato e não de contágio, prestando-se a estabelecer relações, ligações, conexões ou acoplamentos, termos emprestados da mecânica. Processo corresponde à semântica, de regras cuja axiomática muda de acordo com o contexto em que se opera, motivo por que opera com interações, que vêm a ser transformaões recíprocas, ou mutações,entre os termos em que se dão. Assim, por exemplo, o sal de cozinha, para os profissionais da Química é um composto químico, que resulta da reação entre uma base e um ácido; na cozinha, o sal é amargo para o paladar, cristal para o tato e branco para a visão. Da mesma forma, o sinal igual (=), na aritmética tem o sentido de identidade; na álgebra, de equivalência e na geometria, de proporcionalidade.Vai observar-se nesta apresentação que o sistema pressupõe metodologicamente a realidade como inorgânica (abordagem analítica), em contraste com a visão em processo, que contempla o enfoque orgânico (abordagem da realidade como um todo não divisível metodologicamente em partes). É nesses termos que proponnho discutir a diferença entre processo e sistema. A metodologia consiste na coleta de evidências nos resultados científicos do aumento na tendência do tratamento contextual (processo), ao inverso do recuo no tratamento analítico fragmentário, que ainda prevalece como hegemônico na cultura do Ocidente. Uma ocorrência de grande impacto em favor da abordagem contextual (processo) é o reconhecimento em laboratório de que o gene, anteriormente considerado como de caráter funcional, passa a ser reconhecido como de carater contextual. Esse feito obriga à reformulação dos fundamentos epistemológicos da genética molecular. E pode considerar-se essa mudança como de caráter paradigmático para o conjunto da pesquisa científica. Outra impacto, de grande magnitude é o que tem provocado na engenharia de desenhos e processos, ao elevar a eficiência e a produtividade na gestão pública e privada a coeficientes exponeciais, reduzindo a zero o custo da manutenção de software, que representa 80% do custo anual do investimento em computação. É certo que o modelo de sistema leva em conta o contexto em seu objeto de estudo. Mas a visão em processo vai além, ao enxergar a mudança do contexto como mudança do contexto enquanto o contexto muda. Isso corresponde na ginática artística a um salto duplo carpado; ou na fenomenologia da consciência, corresponde a uma volta da consciência do sujeito como objeto de si mesmo, ao mesmo tempo que objeto como apreendido na percepção. No plano do conhecimento, discutem-se as implicações, de caráter metodológico, em seu significado convencional como empilhamento linear, paralelo e contíguo, como estoque, em oposição à visão em processo, que assume o saber como interações dos componentes do contexto, de caráter exponencial. No desenvolvimento do argumento, a atenção volta-se para o reconhecimento da superioridade eurística do processo sobre o sistema, ao propiciar uma abertura ilimitada para a visão da realidade, em suas dimensões epistemológica, axiológica e cultural. Como resultado tem-se o enriquecimento da atividade da pesquisa e mais robustez na prática social. Entre outros motivos atribui-se o fato de que o processo (contexto), não sendo uma coisa, torna possível a integração espontânea dos processos, assim como ocorre naturalmente na mente humana.

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