quarta-feira, 5 de março de 2025

Agronegócio e china

ATÉ QUANDO VAI DURAR A BONANÇA DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL? Um mil toneladas de produção de alimentos por habitante/ano. Essa é a convenção - e toda convenção é fungível - estabelecida por especialistas em segurança alimentar nos anos 1950. A China, segundo informa a Reuters (05.02.2025), elevou a sua previsão de produção para este ano para 700 milhões de toneladas métricas e anuncia a sua meta de elevar a sua produção de 50 milhões toneladas/ano. Isso significa dobrar em QUINZE ANOS o montante da produção prevista para 2025. Caso não ocorram obstáculos climáticos ou de outra natureza, a autossuficiência alimnentar visada pela China deverá ser alcançada dentro de 15 anos, quando, então, hipoteticamente, deverá não mais depender da importação de alimentos. A China tem como meta recuperar 6,7 milhões de hectares de áreas desérticas com pastagens e florestas, até 2025. O objetivo está dentro 14º Plano Quinquenal, que começou em 2021 e termina em 2025. O país tem a maior área desertificada do mundo, com 2,5737 milhões de km2 (quase 1/3 de seu território) e 1,6878 milhão de km2 de áreas de solo arenoso, segundo dados de 2019 da Administração Nacional de Florestas e Pastagens. /// A propósito, Burkina Faso, país da África Ocidental, que acaba de se livrar de meio século sob jugo neocolonial francês, anunciou hoje (05.03.2025) o lançamento de seu novo projeto de produção irrigada de 2 mil hectares, que se incorporam a áreas já em produção de arroz e frutos como tomate (50 t/dia de massa de tomate) e a criação de peixes no sistema tanque-rede (flutuante), com previsão de produção de 300 mil toneladas/ano, ou 830 toneladas/dia. Outros países da África Ocidental, como Mali e Niger, igualmente libertos do jugo francês, propõem-se a realizar projetos semelhantes, todos eles com vistas à autossuficiência alimentar em curto prazo (cinco/dez anos). Dinheiro AGORA não falta: são países ricos em minérios estratégicos, como ouro e urânio, atualmente sob controle nacional e é de sua exportação que obtêm divisas para aquisição de tecnologia. Burkina Faso produz 150 toneladas de ouro por ano e deverá concluir em 12 meses o projeto de sua refinaria./// O neocolonalismo francês deixou como herança nos países que explorou os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Continente. Uma revolução social associada a movimentos de libertação nacional agita uma vintena de países da África, uma revolução ignorada pela imprensa corporativa ocidental. Em iniciativa pioneira no Ocidente, pelo menos DEZ países africanos proíbem a exportação de matérias-primas vegetais e minerais em estado bruto, obrigando à sua agregação de valor in loco, diferentemente do que faz o Brasil, ainda preso ao esquema colonial. Nivaldo Manzano

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