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quarta-feira, 5 de março de 2025
Porque parece dificil entender o que pensa o chinês
PORQUE PARECE DIFÍCIL ENTENDER A CABEÇA DE UM CHINÊS
Admirador do que se passa na China, meu filho, em viagem de trabalho ao país, notou com estranheza o espírito fortemente COMPETITIVO que grassa entre os chineses, especialmente entre os jovens. Deu-me, assim, a oportunidade de lhe explicar como na cabeça de um chinês cabe AO MESMO TEMPO o sentido de COMPETIÇÃO e o sentido de SOLIDARIEDADE. Nós, do Ocidente, ainda sujeitos à mentalidade ILUMINISTA (predominância absoluta da RAZÃO, como faculdade soberana sobre as demais, a saber, a intuição, os sentimentos, a ética e a estética)) valorizamos o CONCEITO (abstrações) no lidar com os afazeres humanos, em contraste com a mentalidade ORIENTAL, que valoriza espontaneamente o modo de pensar EM PROCESSO (contexto). O conceito, a que se chega por abstração lógica (e, em geral, também matemática) é de caráter DUALISTA: "é ou não é", sendo que ambas as opções excluem-se mutuamente. Na visão em processso, tem-se "é e também não é", de acordo com o contexto, que tem como referência o ser humano. Assim, ambas as opções conciliam-se mutuamente, de modo SOLIDÁRIO E CONFLITVO. O processo é de caráter MONISTA. De modo que, sem se considerar contraditório, o chinês se enxerga como "individualista" (no dizer ocidental), na defesa e afirmação do próprio interesse, ao mesmo tempo que solidário na defesa e afirmação da COMUNIDADE (solidariedade). Aqui não entra nenhuma consideração que remeta à ideia de oportunismo. Por influxo do ILUMINISMO, de base exclusivamente racional e egotista (ideologia liberal) , fomos privados do sentido constitutivo de COMUNIDADE, porém, ainda muito vivo entre os ameríndios e demais povos que não sofreram a investida da mentalidade eurocentrista. Há dois mil e quinhentos anos, Aristóteles escreveu em seu livro "Ética a Nicômaco" que o maior risco para a democracia é a acumulação de dinheiro em mãos de poucos, do que resulta o afrouxamento dos laços comunitários e daí, a sua ruína. Nivaldo Manzano
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